Se o Brasil passar bem por essa crise financeira internacional, o posto de ministro da Fazenda poderá ser sumariamente extinto. Guido Mantega passará à história como o homem que provou a obsolescência do cargo.
Mantega declarou que, em outros tempos, o Brasil já estaria “de quatro” na crise deflagrada pela quebra do Lehman Brothers. Em outros tempos, se o Brasil tivesse um ministro como Mantega, não teria sobrado país para contar a história.
No momento em que o furacão americano devasta as bolsas do mundo inteiro e deixa os brasileiros de cabelo em pé, a maior autoridade econômica nacional tranqüiliza o país da seguinte forma: a crise vai encarecer o crédito no Brasil, vai desacelerar a nossa economia e vai minguar a entrada de dinheiro externo. Mas vai ficar tudo bem.
Em outras palavras: o monstro existe, é horripilante, sanguinário e está ali atrás da porta, mas eu vou cantar uma bonita canção de ninar para vocês. Durmam tranqüilos.
Nunca se viu tamanho grau de autismo de um homem forte (sic) da economia brasileira. Lula deve ter se arrepiado todo. Tanto que veio a público dizer que a crise será praticamente imperceptível para o Brasil. E teve o cuidado de dizer que tinha acabado de conversar com o ministro Mantega.
Os movimentos do mercado são guiados basicamente pela sinfonia das expectativas. O presidente fez o óbvio: se há razões para se confiar na solidez da economia, ele afirma que a economia está sólida. E ponto.
Se tudo ruir, a conversa será outra. Mas nunca se viu uma autoridade econômica discorrer sobre as ameaças de ruína para explicar que vai ficar tudo bem. Para o mercado, é mais ou menos como explicar que o bicho papão é bonzinho.
O Brasil poderia estar de quatro. E se não ficar, será graças à desimportância do que diz o seu ministro da Fazenda.
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