Pedro Arthur respira por aparelhos e precisa de um marca-passo no diafragma. Minas se recusa: cirurgia não está na lista do SUS
Foto: Divulgação
Pedro Arthur se encontra com Aécio, em 2009
O único local habilitado para operá-lo é o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. O médico Rodrigo Sardenberg foi recentemente a Belo Horizonte avaliar a criança. O médico explica que pacientes como o garoto geralmente morrem de infecção generalizada causada por pneumonia. Ele explicou ao iG que a cirurgia não é experimental e que 3.000 pessoas em todo mundo já passaram por este procedimento.
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“A ideia do marcapasso é fazer com que o diafragma dele funcione. Com
isso, ele melhora demais a qualidade de vida, a mobilidade e diminui a
chance de contrair pneumonia. Esse procedimento começou a ser feito em
1982 e é muito comum nos Estados Unidos e na Europa. Não está na tabela
do SUS porque é um procedimento recente no Brasil. Mas é preciso que as
pessoas saibam. Infelizmente, neste começo, as coisas vão funcionar
assim, na força. De cada 100 pacientes que fazem essa cirurgia, 95 não
têm problema algum”, disse o médico ao iG.
Não
está na tabela do SUS porque é um procedimento recente no Brasil. Mas é
preciso que as pessoas saibam. Infelizmente, neste começo, as coisas vão
funcionar assim, na força"
Em nota, a secretaria de saúde mineira diz que, por não estar entre os procedimentos previstos pela tabela do SUS, “irá aguardar e acatar a decisão judicial”. O mandado de segurança foi protocolado nesta terça no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e já está em fase de conclusão para despacho do relator, desembargador Dárcio Lopardi Mendes.
“O pai do Pedro é militante e foi responsável pela inclusão da meningite no calendário nacional de vacinas. A luta dele é a luta de muitos. O direito à saúde e à vida é amplo e irrestrito de acordo com a Constituição. O rol de procedimentos do SUS não pode valer mais que a Constituição Federal. Além disso, a Constituição do Estado de Minas Gerais ainda fala que o direito à saúde e à vida é irrestrito para criança e portador de deficiência”, explica o advogado Frederico Damato. O pai criou o Instituto Pedro Arthur para ajudar vítimas da doença.
Pedro Arthur
Foto: Arquivo pessoal
O sorriso de Pedro Arthur
Sua luta e sua história impressionaram o então governador Aécio Neves (PSDB) que o chamou para assistir a um jogo do Cruzeiro no Mineirão, estádio de Belo Horizonte. Pedro não respira naturalmente e não anda, mas fala e adora conversar sobre seu time do coração, o Cruzeiro, apesar da fase ruim no Campeonato Brasileiro. O garoto e o hoje senador Aécio Neves se encontraram pela última vez em novembro de 2009, quando foi anunciado o calendário de vacinação contra a meningite.
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“Ele (Pedro Arthur) nos surpreende a cada dia. O dia a dia dele é
cansativo, tem fisioterapia, uma correria. Ele corre o risco de morrer
nesta condição porque a pneumonia é sempre constante e em qualquer
internação vai direto para o CTI (Centro de Tratamento Intensivo). Sei
que a luta é árdua, mas vamos conquistar a vitória”, diz o pai da
criança que adaptou em seu carro um sistema para recarregar a bateria do
aparelho respiratório do filho, cuja duração é de seis horas. “Em caso
de blecaute temos que correr para o carro ou procurar um lugar com
energia”.
Ele corre o risco de morrer nesta condição porque a pneumonia é constante e em qualquer internação vai direto para o CTI "
Ansioso, o médico Rodrigo Sardenberg conta ainda que a luta constante pela sobrevivência muda a sua rotina. “Eu vejo a cada dia as famílias ansiosas, o paciente ansioso e eu também fico desta forma. O médico que convive com isso vive essa angústia, pois o paciente vive um caso triste na vida por um episódio acidental. E nós podemos mudar isso”.
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