07 de outubro de 2011 • 09h54
• atualizado às 09h56
Mark Stanley, diretor-geral da Playstation na América Latina
Foto: Divulgação
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Não há data, tampouco previsão, mas já é praticamente um fato: a exemplo do que a Microsoft anunciou na semana passada, a Sony instalará uma fábrica no Brasil para produzir os consoles da Playstation. Ao menos foi o que o diretor-geral e gerente da marca na América Latina, Mark Stanley, disse em entrevista ao Terra na tarde de quinta-feira (6).
"Temos discutido isso com o Governo do País já há alguns meses", afirmou em evento realizado na Cidade do México pela gigante japonesa dos games, a poucas horas do MTV Game Awards, primeira premiação do gênero no continente.
Mark, no entanto, evitou falar sobre algum anúncio oficial ou algo do gênero, já que há ainda um empecilho para a fabricante, os impostos para se instalar no País. "Eu acho importante que, não só a Playstation, como as outras companhias da Indústria, façam parte desse diálogo, dessa comunicação que é de grande benefício para o consumidor. Nós, da Sony, continuaremos fazendo força para os preços caírem cada vez mais".
Confira a entrevista na íntegra a seguir:
Terra - A Microsoft anunciou na semana passada que passará a fabricar seus produtos no Brasil, incluindo o Xbox 360, e, na ocasião, foi falado que há negociações em andamento para a Sony fazer o mesmo. Isso realmente vai acontecer? Você tem alguma novidade em relação ao tema?
Mark Stanley - Isso não é exatamente uma novidade para nós, pois temos discutido com o Governo brasileiro já há alguns meses sobre formas de abaixarmos os impostos, porque, no fim, esse é realmente o principal ponto mercadológico a ser definido. Estamos realmente vendo quais são as opções para termos uma manufatura local, analisando como fazer dessa possibilidade algo real há muitos e muitos meses. Não há nenhum anúncio oficial, mas nossos objetivos finais são abaixar cada vez mais os preços do Playstation, bem como o de todos os produtos da marca.
Terra - Você falou de impostos mais baixos, mas no anúncio da Microsoft foi dito que o Governo brasileiro não daria qualquer isenção para por em prática essa novidade. Você acredita que poderia ser diferente com a Sony?
Mark - Sim, porque, pelas leis brasileiras, você precisa fazer a manufatura local para ter essas taxas diminuídas, então, qualquer produto que não seja feito por essa forma, terá que pagar altíssimas taxas de importação - não só os consoles, como os acessórios também. É ótimo para nós que já temos uma manufatura local de softwares em funcionamento no País e com ela conseguimos abaixar o preço de que consegue abaixar o preço de R$ 2,99 para R$1,99 e continuaremos fazendo força para fazer esse preço cair ainda mais. Quanto ao Governo, eu acho importante que não só a Playstation, como as outras companhias na Indústria, façam parte desse diálogo, dessa comunicação que tem como benefício o consumidor. Quando o Governo perceber isso, haverá uma chance cada vez maior de reduzir e até eliminar essas taxas de importação. Nós temos a tecnologia, nós temos os produtos, agora só precisamos colocar as mãos em mais essa região tão apaixonada por games.
Terra - A Microsoft anunciou que uma das vantagens de se fabricar o Xbox 360 no Brasil, por exemplo, seria o preço, que cairia 40% para o consumidor. Ainda assim, seria muito mais caro do que o aparelho comprado diretamente nos EUA. Por que os custos finais acabam sendo tão altos?
Mark - Eu não posso falar pela Microsoft, mas, quando se discute manufatura, é preciso saber que há muitos custos envolvidos. Obviamente, nós, da Sony, faremos de tudo para que a manufatura local deixe nossos preços os mais baixos possíveis. Claro, num mundo perfeito, com uma política perfeita, gostaríamos que os preços fossem iguais globalmente. Mas isso ainda não é possível.
Terra - Quando você acha que poderemos ter notícias concretas sobre esse projeto de fabricar em território brasileiro?
Mark - Eu não tenho nenhuma previsão para dizer a você.
Terra - Quais as expectativas em relação ao PS Vita, com lançamente previsto para 2012? Você vê como uma vantagem para a Sony lançar um portátil num momento em que o concorrente direto da Nintendo, o 3DS, tem se revelado um fracasso de vendas?
Mark - Bem, nós não tomamos decisões baseados nos competidores. A Playstation tem uma visão muito clara do futuro. Veja pelo Playstation 3, há seis anos consolidado no mercado e, ainda assim, com muito potencial para crescer, tanto em termos de potência quanto de desenvolvimento de jogos. O Playstation Vita, que é a próxima geração para nós, é mais do que um game portátil que você tira do bolso e joga onde estiver: há integração para todos os acessos de comunicação, geo-location gaming, acesso para a rede do Playstation 3...então, para nós, o Playstation Vita é muito mais do que um simples lançamento. Se você teve a oportunidade de vê-lo, os recursos disponíveis, como a possibilidade de desenvolver seu próprio game, é algo sem paralelo. Para nós, é o momento melhor para lançá-lo, porque a tecnologia está aqui, está pronto e é uma realidade. Não havia por que esperar pelo futuro, afinal o futuro está aqui, integrado, portátil e poderoso. Estamos muito orgulhosos dele. Basta olhar à tela para ver que você tem algo incrível nas mãos.
Terra - Mantendo a conversa em torno do mais recente produto da Nintendo, a Sony tem a intenção de lançar um portátil com 3D? Qual é a sua opinião sobre o 3DS?
Mark - Bem, como você sabe, a tecnologia 3D é de grande importância para nós. Fomos uma das primeiras e, até hoje, a única companhia a possuir 3D em todas as plataformas: nos consoles, nos games, na TV que você assiste e nos filmes exibidos nos cinemas. Então, estamos trabalhando dia e noite para levar o 3D pára o próximo nivel. Claro, em relação aos games, ainda é algo muito inconstante, ainda é uma tecnologia que não atingiu as massas. Sabe, nem todo mundo tem um aparelho televisor com 3D, mas algumas pessoas já tiveram essa experiência no cinema. Então, nós, obviamente, continuaremos a desenvolver essa tecnologia para fornecer ao consumidor a melhor experiência de jogo possível.
Terra - No Brasil, especificamente, o PS2 sofreu muito com a pirataria - de fato, é difícil encontrar alguém no País que tenha o console e não possua cópias falsificadas dos games. O PS3, no entanto, parece ter resolvido esse problema, impossibilitando as cópias dos games...
Mark - Bem, nós temos pirataria em vários setores fora o dos games, como na indústria cinematográfica, na fonográfica. Especificamente no que concerne ao Playstation, parte da dinâmica que mudou essa realidade foi a de oferecer mais benefícios aos usuários que consomem produtos originais. O Playstation 3, que bom, não é um game fácil de ser pirateado, pois sua tecnologia nos permite proteger isso de acontecer. Com o Playstation 2 nós tivemos essa enorme experiência com a pirataria, mas isso se deve também ao fato de termos produzido ele globalmente. Então, é também uma mensagem como, "você está prejudicando a sua população local?". Não é mais uma empresa distante que está fazendo um produto por meio de uma atividade ilegal, você está afetando brasileiros locais. Sabe, nós investimos muito no mercado brasileiro local, nós temos equipes por lá, temos manufaturas de games. Quando o consumidor fica satisfeito com games piratas, precisamos tornar os produtos originais melhores e mais atraentes, pois ele sabe que apoiar atividade ilegal é pirataria. É um grande problema no mundo inteiro e nosso objetivo é continuar educando o consumidor.
Terra - Recentemente a Sony teve problemas com hackers invadindo o seu sistema e roubando informações de usuários, o que a levou inclusive a suspender por algum tempo o serviço online. Como vocês estão lidando com esse problema?
Mark - Para nós, a grande notícia em relação à rede do Playstation é que algo em torno de 95% dos usuários estão ativamente de volta a ela. Esse é um verdadeiro testamento da experiência de nossa rede e da forma como nossos leais seguidores perceberam que fomos vítimas de um crime. Obviamente, construímos a rede do zero, ela está melhor do que nunca e os consumidores sabem disso. Muitos deles foram afetados - prova disso é que ficamos fora do ar por semanas -, mas fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para trazê-los de volta com um belo pacote. Nós continuaremos a trabalhar na rede do Playstation para construir uma experiência massiva de entretenimento, dando aos consumidores mais e mais opções de divertimento, e eles claramente apreciam e reconhecem isso.
Para finalizar, gostaria de saber qual é a conexão entre o MTV Game Awards e a Sony?
Mark - Bem, essa foi uma oportunidade que discutimos com a MTV, e para nós foi uma grande chance de apresentar o prêmio de gamer mais inusitado, que não só estabelece uma conexão ainda maior entre a Sony e o consumidor, como dá a este a chance de ser visto. Os usuários enviaram seu vídeos com a avó, a mãe e o cachorro jogando, ou seja lá mais quem, participando do primeiro evento da indústria dos videogames em toda a América Latina. Para nós, é parte da nossa estratégia de fazer essa indústria crescer no continente como um todo. E não digo apenas de uma forma egoísta para o Playstation, mas para todos os fabricantes, dando ao consumidor a oportunidade de ter acesso ao que é o videogame hoje. Vinte anos atrás, nós jogávamos Frogger, mas atualmente é uma experiência completamente diferente, e fazer parte de um evento como o que a MTV apresentará hoje (quinta-feira, 6) é uma vitória para todos nós.
A Sony investiu algum dinheiro no Game Awards?
Mark - Nós estamos patrocinando justamente esse prêmio que citei, o do gamer mais inusitado. Mas, obviamente, nós trabalhamos com a MTV assim como as outras empresas que oferecem a ela os games que são indicados. Claro, estamos muito ansiosos para ver quantos de nossos jogos irão vencer e para acompanhar essa premiação do jogador mais inusitado, um reconhecimento do Playstation aos seus usuários.
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