[Valid Atom 1.0]

domingo, 8 de maio de 2011

As histórias do hotel onde Eça escrevia cartas de amor


por FRANCISCO

As histórias do hotel onde eça escrevia cartas de amor

Grande Hotel de Paris, o mais antigo do Porto, renovado e com um livro das suas muitas memórias.

O Porto de final de Oitocentos tinha, enfim, um hotel com "colchões fofos", serviço de mesa "magnífico com duas refeições de garfo variadas e abundantes". No centro da cidade, o Grande Hotel de Paris abria as portas. Guerra Junqueiro, Eça de Queirós e Rafael Bordalo Pinheiro são alguns dos hóspedes ilustres da casa. Camilo, de passagem fugaz, também entra no rol.

É num palacete na Rua da Fábrica, construído vinte anos antes como casa da Filarmónica Portuense, que irrompe o "magnífico hotel". Pelo anúncio da inauguração, publicado na imprensa em Novembro de 1877, além do conforto da cama, do requinte da cozinha e "da maior limpeza", fica-se a saber: "Os quartos, as salas e demais dependências estão ligadas por comunicações eléctricas, para os criados acudirem prontos ao chamamento" dos hóspedes. "Os viajantes" que pernoitem no Paris encontram "banhos a todas as horas" e, na Sala de Leitura, jornais portugueses "de Lisboa, Porto e das províncias, jornais ingleses, franceses e espanhóis".

Um francês, Gabriel Dupuy e Ernesto Chardron, fundador da Livraria Lello, aparecem na primeira sociedade gestora do Paris. Hotel de longa história, com muitas histórias amorosas, políticas e outras. Foi no seu restaurante que, cinco meses antes da Implantação da República, membros do Partido Republicano jantaram e Guerra Junqueiro interveio.

Algumas das memórias são reveladas ou recontadas no livro Grande Hotel de Paris - Uma História no Porto, de Octávio M. Félix, Edições Afrontamento. No hotel da Rua da Fábrica, Eça de Queirós revê Os Maias e escreve cartas de amor, pouco antes de se casar com Emília de Castro. "No meu quarto há ribeirinhos de água, correndo bucolicamente e regando as flores do tapete... with love and - and love again, yours José".

Em dois meses, conta Octávio M. Félix, o Eça escreve "catorze curtos bilhetes, enviados por mão de mensageiro". Emília respondia com a mesma ironia: "Querido José, quando se cansar da paisagem bucólica do seu quarto, venha para a sala do fogão."


















LAST

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Nenhum comentário: