Para profissional do hospital onde trigêmeas nasceram, em Curitiba, pais não têm ''saúde mental''
Uma psicóloga que faz parte do corpo clínico da maternidade de Curitiba onde nasceram as trigêmeas que estão sob tutela do Conselho Tutelar afirmou à Justiça que os pais não têm "saúde mental" para cuidar das crianças. O depoimento baseou a decisão do desembargador Ruy Muggiati de negar que os pais recuperassem a guarda das bebês.
As trigêmeas nasceram em 24 de janeiro, após reprodução assistida. Os pais saíram sem as filhas do hospital depois que funcionários acionaram o Conselho Tutelar alegando que eles queriam levar apenas duas meninas e colocar a outra para adoção. Um documento com a disposição do casal teria sido firmado ainda na gravidez, período em que os pais teriam também buscado meios para fazer um aborto fora do Brasil.
O depoimento da psicóloga foi publicado no Diário Eletrônico do Tribunal de Justiça do Paraná em 14 de março.
A advogada do casal, Margareth Zanardini, disse ontem, por meio da secretária, que "até segunda ordem" não estava autorizada pela família a falar. Durante a semana, ela insinuou que a rejeição seria um "equívoco" em razão do "estado puerperal da mãe". No processo, o desembargador disse que ela alegou que "o pai induziu a genitora a dar uma das meninas para adoção e, apesar de o caso ser inédito, os pais ficaram incertos em qual criança entregar". O "arrependimento" teria ocorrido em 22 de fevereiro, mas quatro dias antes a Justiça já havia determinado que as meninas ficassem no abrigo.
Segundo o diretor clínico do Centro de Fertilidade de Curitiba, Karam Abou Saab, responsável pela transferência dos embriões, os pais sabiam que teriam trigêmeas.
A família. O pai é nutricionista e a mãe, economista. São jovens e com situação financeira estável, diz o processo. Segundo a psicóloga, eles teriam orientado outros membros da família, que estariam acreditando que o casal teria tido apenas duas meninas, a não visitá-las na maternidade. O hospital tomou a decisão de procurar o Conselho Tutelar para receber orientação. "Acreditamos que esses pais não possuem saúde mental para criar as meninas, e elas não merecem ser separadas", afirmou a profissional.
Segundo descrição feita por Muggiati, o Ministério Público fez o pedido de proteção para as crianças e, no estudo social, "os pais mantiveram-se irredutíveis em relação à desvinculação afetiva com relação a uma das filhas trigêmeas".
De acordo com ele, a criança foi declarada em "situação de risco" quando foi homologada, em 18 de fevereiro, a manifestação de que umas das meninas - desta vez nominada - fosse entregue para a família substituta.
Legislação
JIMENA ARANDA
PROFESSORA DE DIREITO DE FAMÍLIA DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PR
"A Constituição é intransigente nessa questão, o que importa é o que é melhor para as crianças."
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