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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A caixa-preta do caixa dois


Autor(es): Vinícius Segalla
Veja - 30/08/2010

A caixa-preta do caixa dois - A Justiça Eleitoral vai julgar se a candidatura do peemedebista Hélio Costa em Minas usou recursos ilegais para pagar viagens aéreas


A cada eleição, a Justiça Eleitoral aprimora as leis e os mecanismos de controle ao financiamento ilegal das campanhas. Mas a prática resiste, como pôde ser verificado agora em Minas Gerais. O peemedebista Hélio Costa, candidato a governador, cruzou o estado em aviões e helicópteros da Helimarte Táxi Aéreo. Até agora, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas Gerais não sabe quem pagou esses deslocamentos nem quanto eles custaram. Por isso, a corte decidiu averiguar se a campanha de Hélio Costa recebeu recursos de caixa dois. O peemedebista diz que a despesa não consta em sua prestação de contas porque foi paga pelo PMDB. É uma boa explicação. O problema é que o gasto também não foi relacionado na documentação fornecida pelo partido ao TRE. Os advogados de Costa dizem que a omissão se deve ao fato de o pagamento ter sido feito sete dias depois da entrega dos papéis. Esse argumento não é válido. VEJA teve acesso à nota fiscal das viagens aéreas. Ela foi emitida pela Helimarte oito dias antes de o PMDB protocolar seus documentos no TRE e sete dias depois de o candidato do PSDB, o governador Antonio Anastásia, questionar na Justiça a origem dos recursos pagos à empresa aérea.

O imbróglio talvez acabe por ser esclarecido, mas ele pode ser interpretado como um mau presságio. A campanha de Hélio Costa ressuscitou políticos sobre os quais pesam suspeitas - e certezas - de uso de caixa dois e outras malfeitorias. Seu coordenador de campanha é Anderson Adauto atual prefeito de Uberaba. Adauto foi ministro dos Transportes do governo Lula e é personagem do mensalão. O operador carequinha Marcos Valério disse que lhe repassou 1 milhão de reais. Adauto responde a processo por corrupção e lavagem de dinheiro. Há mais um integrante da campanha de Costa relacionado ao mensalão: Ivan Guimarães, braço direito do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. Foi Guimarães quem articulou a aliança entre o PMDB e o PT mineiros. O ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe, por seu turno, é suspeito de envolvimento na máfia dos sanguessugas, que desviava dinheiro de ambulâncias. Já outro expoente do partido de Costa. Newton Cardoso. afirmou, com a cara limpa, ter amealhado uma fortuna de 2.5 bilhões de reais enquanto exercia cargos públicos.

Em 2003, esses políticos foram parar no ostracismo, graças à gestão exemplar do tucano Aécio Neves. que assumiu um estado falido. Na ocasião, o governo de Minas tinha dívidas de 5 bilhões de reais com fornecedores e um buraco orçamentário de 2.3 bilhões. Dois anos depois. as dívidas estavam renegociadas e as contas estaduais, sanadas. O estado seguiu uma rígida disciplina fiscal, recuperou a capacidade de investimento e instaurou a meritocracia na administração pública, premiando os servidores mais eficientes. Receitas semelhantes foram aplicadas com sucesso, em outras unidades da federação. por gestores dos mais diversos matizes ideológicos e partidos. E os eleitores os reconhecem. O petista Marcelo Déda obteve bons resultados em Sergipe. Correligionário de Hélio Costa, o capixaba Paulo Hartung moralizou e desenvolveu seu estado. Déda e o candidato de Hartung devem ser eleitos. O socialista Eduardo Campos. que atraiu investimentos para Pernambuco, provavelmente ganhará um segundo mandato em primeiro turno. A exceção é a tucana Yeda Crusius, governadora do Rio Grande do Sul, cuja boa gestão foi obscurecida pela crise política. Qualquer que seja o resultado da eleição estadual em Minas, é fundamental assegurar que os ganhos de moralidade e gestão não sejam corroídos pelos vícios da velha política. Se for o vencedor. Hélio Costa fará um bem a Minas Gerais e a si mesmo livrando-se das companhias suspeitas.



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