-
Convidada do programa "Provocações" da TV Cultura, Eva Wilma fala sobre modelos que conseguem logo de cara papéis principais em novelas
"De repente, modelos resolvem ser atrizes. E não conseguem”. Acostumada a grandes papeis no teatro, TV e cinema, Eva Wilma, 56 anos de carreira e 76 de idade, não economiza o verbo quando o assunto é sobre modelos que encaram logo no inicio da carreira papéis principais em novelas. Em entrevista a Antônio Abujamra no programa "Provocações", da TV Cultura --que vai ao ar nesta sexta-feira (23), às 22h--, a atriz afirma que entende a necessidade de renovação constante das atrações televisivas. No entanto, ela acha difícil que alguém sem a devida preparação consiga atuar bem logo de cara. “Acho que é uma armadilha inevitável da televisão em si; não do cinema. Inevitavelmente, [a TV] tem que colocar novos talentos, novos valores, e aí começa a confusão”.
A atriz, que retorna em setembro à televisão na novela global "Araguaia", casou-se duas vezes. Primeiro com John Herbert e depois com Carlos Zara, ambos atores, com os quais conviveu por mais de quatro décadas. A carreira começou aos 14 anos já nos palcos, como bailarina, e logo foi convidada a fazer teatro, em 1952. Já no final dos anos 1960, Alfred Hitchcock convocou Eva para fazer um teste para o filme "Topázio". Ao observar a forma como Abujamra conduz a entrevista, ela resgata o caso: “Você está me lembrando o Hitchcock”, diz, aos risos. “A terceira parte do teste com Hitchcock era justamente isso. Ele aí, onde você está, câmera ao lado, no close, me provocando”. Ela revela durante a atração que ficou frustrada por não ter sido selecionada, mas lança uma farpa: “Eu tive um grande consolo. É que este não foi um dos bons filmes do diretor”.
Abujamra toca ainda num assunto que magoou a atriz no passado: o fato de não ter ganhado nenhum prêmio pela personagem cega da peça "Black-Out", de 1967. “Chorei debaixo do chuveiro. Mas foi muito compreensível. O espetáculo era bonito, mas era de um autor norte-americano, e nós estávamos vivendo a época das patrulhas ideológicas [referindo-se aos anos de 1968 e 1969, marcados pela truculência da Ditadura Militar]”.
Eva fala também sobre a atuação da censura na peça de teor homossexual "Os Rapazes da Banda", de 1972. “Precisei conversar muito com os censores e explicar que não era um pecado mortal falar de homossexualismo”. Ao final do "Provocações", questionada por Abujamra, Eva Wilma revela que Clint Eastwood é o seu símbolo sexual. “Pena que ele é casado e mora tão longe. Estou emocionada só de pensar nele”.
"PROVOCAÇÕES" - EVA WILMA
Onde: TV Cultura
Quando: sexta-feira (23), às 22h