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sexta-feira, 9 de julho de 2010

#casobruno, Goleiro aparece com uniforme de presidiário mas sustenta olhar desafiador

Crime

Vão-se as luvas, vêm as algemas

Goleiro aparece com uniforme de presidiário mas sustenta olhar desafiador

João Marcello Erthal e Rafael Lemos

Chegada do goleiro Bruno do Flamengo com roupa de  presidiário ao Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à  Pessoa (DHPP) de Minas Gerais

Chegada do goleiro Bruno do Flamengo com roupa de presidiário ao Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Minas Gerais (Domingos Peixoto/Agência o Globo)

Apesar da pose, Bruno chorou copiosamente quando passou pelo Instituto Médico-Legal

Sai o uniforme de goleiro, entra o macacão vermelho do sistema penitenciário de Minas Gerais. Vão-se as luvas coloridas, vêm as algemas. Mas Bruno Fernandes, até duas semanas atrás ídolo do maior clube do Brasil, não perde o andar empinado e o olhar desafiador. “Talvez esteja demonstrando uma força que nunca teve”, opina o delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigações e, no momento, inimigo número um do ex-atleta.

Moreira está certo. Na noite de sexta-feira, quando foi levado para o exame no Instituto Médio-Legal da capital mineira, momentos antes de ser conduzido a um presídio, Bruno desabou. Policiais que conduziam o jogador contam que ele chorou copiosamente. Pela manhã, as lágrimas haviam secado. E Bruno, na condição de suspeito de tramar a morte da ex-amante, réu por seqüestro na Justiça do Rio, sustentou a pose.

A postura, por mais que seja artificial, não deixa de ser um sinal do que está por vir na fase de depoimentos. Os principais suspeitos do desaparecimento de Eliza não dão sinais de que vão colaborar com as investigações, como gostariam os policiais. Na manhã desta sexta-feira, Bruno, seu amigo e funcionário Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos recusaram-se a fornecer amostras de saliva para um teste de DNA.

Bruno e Macarrão foram orientados pelo advogado Ércio Quaresma, que defende todos os demais suspeitos – a exceção é Marcos Aparecido, que é representado por Zanone Júnior. No Rio de Janeiro, o goleiro negou ter conhecimento do que foi apresentado pelo adolescente de 17 anos que confessou participação no crime. Macarrão não quis depor. Quaresma afirmou, pela manhã, que conversou com Bruno e ele voltou a afirmar que não tem conhecimento dos fatos.

A descrição do adolescente é de que Bruno, ao longo de toda a temporada de Eliza no sítio em Esmeraldas, manteve a frieza. Ele chegou a organizar uma festa no sítio no dia 8, enquanto Eliza estava em um cômodo do sítio, com a “cabeça estourada”, como descreveu outro primo, Sérgio Rosa Sales. No dia 9, quando voltaram da casa em Vespasiano onde, de acordo com Edson Moreira, Eliza foi assassinada, o goleiro “tomou uma cervejinha”.

Mas o homem apontado como mentor da morte da Eliza – como afirma a polícia mineira – não parece conseguir garantir tranqüilidade aos amigos. Macarrão surgiu na manhã desta sexta-feira, também de uniforme vermelho, demonstrando abatimento. Diferentemente do patrão, ele passou curvado, com olhos voltados para o chão.

Se há um elemento que pode ser quebrado na barreira de silencia montada pelos advogados de defesa, ela é o ex-policial Marcos Aparecido. Durante a entrevista coletiva da manhã, o delegado Edson Moreira se disse preocupado com a instabilidade emocional que Marcos tem manifestado após a prisão. “É algo que a gente precisa acompanhar de perto. É até perigoso um preso nesse estado”, afirmou o delegado, sugerindo o risco de um eventual suicídio.



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