O pescador de 50 anos que afirma ter visto o carro da advogada Mércia Nakashima, 28, ser jogado na represa de Nazaré Paulista (64 km de São Paulo) no dia em que ela desapareceu --23 de maio-- foi colocado pela polícia no programa de proteção a testemunhas.
André Vicente - 10.jun.10/Folhapress |
Carro da advogada Mércia Mikie Nakashima que retirado de represa em Nazaré Paulista, em SP |
Segundo o delegado Antonio de Olim, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), o pescador estava com medo de prestar depoimento e só foi até a delegacia após a insistência da família de Mércia. Ele prestou depoimento durante toda a tarde desta segunda-feira e confirmou que viu o Honda Fit prata da advogada entrando na represa por volta das 19h30 do dia 23 de maio.
A testemunha afirmou, em depoimento, que viu um homem de estatura de média a alta sair pela porta do lado do motorista do carro de Mércia e dar uma volta no veículo. Em seguida, ele ouviu dois gritos que, inicialmente, pensou ser de uma criança.
Segundo Olim, a volta no carro --que o pescador diz ter visto-- serviu para o homem empurrar o veículo para dentro da represa. A testemunha disse que o carro boiou por dois ou três minutos e, depois, afundou.
O pescador afirmou que após presenciar a cena ficou sem saber o que fazer. Ele é comerciante em Guarulhos --cidade onde Mércia morava-- e estava pescando na represa, onde ficou até as 21h, para comemorar o seu aniversário.
No dia 29 de maio, segundo Olim, o homem foi até o barbeiro --que mora no bairro da família de Mércia-- e contou o que viu. O barbeiro teria incentivado o comerciante a ligar para o Disque-Denúncia, onde foi informado apenas que o caso estava no DHPP.
Dias depois, esse barbeiro contou o que ouviu do comerciante para familiares da advogada. A família e a testemunha foram até a represa, mas não encontraram nada. Só então, a polícia foi avisada sobre a informação de uma testemunha.
O comerciante afirmou à polícia que não havia outro carro no local e que o homem foi embora pelo lado contrário de onde entrou. O delegado afirmou de que a tese de que Mércia ficou em um cativeiro antes de ser morta caiu, mas que ainda investiga a participação de uma outra pessoa que teria ajudado na fuga do homem visto pela testemunha.
Desaparecimento
A advogada foi vista pela última vez no dia 23 de maio, quando deixava a casa da avó, em Guarulhos (Grande SP). O ex-namorado dela, Mizael Bispo de Souza, 40, já prestou depoimento duas vezes à Polícia Civil e negou qualquer envolvimento no sumiço da jovem, mas, para a polícia, ele continua como principal suspeito.
André Vicente/Folhapress |
Cartaz com a foto de Mércia divulgado pela família após desaparecimento no dia 23 de maio |
O relatório das ligações dos três celulares de Mércia apontou que a última ligação recebida por ela no dia do seu desaparecimento foi de Souza, às 14h30 do dia 23. Segundo o delegado, essa foi a chamada que os familiares de Mércia viram que ela recebeu e não atendeu.
O rastreamento do carro de Souza apontou que ele passou pela região próxima a casa da avó de Mércia --onde ela foi vista pela última vez-- na tarde de domingo (23). Em depoimento, o advogado afirmou que passou na casa de um amigo que mora por lá, mas ele não estava e que passou a tarde com uma garota de programa.
O advogado de Mizael, Samir Haddad Júnior, afirmou nesta segunda-feira que a localização do corpo de Mércia fez com surgissem novas evidências que apontam para outras possibilidades, além da de crime passional e que "afastam as investigações" de Mizael.
"Desde quando crime passional inclui mais de uma pessoa? Isso é improvável. E porque ele a mataria depois de dias, quando já era apontado pela polícia como suspeito. Meu cliente não é burro", afirmou o advogado.