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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Perícia analisa mancha no banco do carro de advogada morta


Perito diz ao G1 que marca pode ser de esperma ou rastro de peixe.
Para peritos, cena do crime acabou prejudicada por não ter sido preservada.

Kleber Tomaz Do G1 SP


Mesmo considerando que a cena do crime no caso Mércia Nakashima foi prejudicada, a perícia técnica do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo já conseguiu retirar materiais importantes no carro da advogada para montar o quebra-cabeça que poderá responder como ela morreu. De acordo com o perito Renato Pattoli, um dos “achados” é uma mancha que se assemelha a esperma ou resquício de peixe, encontrada do lado direito do banco do motorista do Honda Fit prata, e que passará por exames no Instituto de Criminalística (IC) para saber se ela é humana. Caso seja, poderia pertencer a alguém suspeito de matar a mulher.

O veículo, que estava submerso na represa de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, foi resgatado pelos bombeiros na sexta-feira (11). Para o especialista, o automóvel não poderia ter sido retirado da água sem a presença dos peritos. “O local foi prejudicado”, afirmou Pattoli nesta segunda-feira (14) ao G1.

Ainda segundo o perito, um pedaço do banco do carro onde estava a mancha foi extraído e será levado ao laboratório de química do IC. Outros elementos são apontados como determinantes para se estabelecer como Mércia morreu e quando isso ocorreu. Ela estava sumida desde 23 de maio.

Para a investigação policial, o advogado Mizael Bispo, de 40 anos, é ainda o principal suspeito pelo desaparecimento e morte da ex-namorada de 28 anos. O delegado Antônio Olim, do DHPP, trata o caso como assassinato. A polícia cumpriu mandado de busca e apreensão de roupas e objetos na casa e no escritório do suspeito. Ele nega o crime.



Suspeito e terceira pessoa
Além da mancha no banco, a perícia vai analisar o módulo do carro para saber quando foi que o veículo ficou submerso, comparar amostras de lama do fundo da margem da represa com terra encontrada em calçados de Bispo e vistoriar o veículo interna e externamente para saber se há indícios da presença de outras pessoas na morte da mulher. Para Olim, quem matou Mércia teve a ajuda de alguém.

“O carro foi encontrado a 6 metros de profundidade na represa e a 25 metros distante da margem onde teria entrado na água”, disse Pattoli.

Um pescador afirmou ter visto o Honda Fit entrar na água no dia 30 de maio, o que sugere que ela poderia estar num cativeiro desde o dia 23, quando desapareceu. Se o módulo do carro de Mércia puder determinar a que horas o sistema eletrônico do veículo parou de funcionar por causa da água, então será possível saber o horário exato que isso ocorreu.

A perícia busca pistas para saber como isso ocorreu: se o veículo entrou engatado ou desengatado. Nas duas hipóteses, Mércia poderia ter estado no volante. A diferença é a seguinte: se o carro entrou engatado, então alguém estaria ao lado dela dentro do automóvel ; se o carro entrou desengatado, então a vítima poderia estar sozinha no veículo e alguém o empurrou.

Local prejudicado
De qualquer modo, o perito criticou a preservação feita no local onde Mércia e seu carro foram achados. “O carro não deveria ter sido retirado pelos bombeiros sem a presença da perícia. Precisávamos, por exemplo, conseguir um ponto de impacto do carro na água, saber se o carro estava engatado ou desengatado. O inimigo número 1 da perícia é o local mexido”, disse Pattoli.

Dentre os itens que foram comprometidos para o trabalho da perícia, estão a coleta das impressões digitais no veículo. Como muitas pessoas, bombeiros, familiares e até jornalistas, segundo peritos, encostaram e se aproximaram do Honda Fit, a análise desse material fica prejudicada. Há também queixas em relação a terem aberto a porta do automóvel antes da chegada da perícia, que ocorreu por volta das 16h30 de sexta (11).

A polícia pediu quatro laudos ao Instituto Médico-Legal para descobrir a causa da morte de Mércia, dos quais, exames toxicológico, de violência sexual. O corpo dela apresenta um ferimento no queixo. Segundo médicos legistas, ela sofreu uma fratura no maxilar. A investigação quer saber se ela foi ferida no carro ou agredida. As análises devem ficar prontas em 30 dias.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, a perícia no carro de Mércia será feita nesta segunda-feira (14) em horário e local não divulgados. Também não será permitida a presença da imprensa durante os trabalhos.

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