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domingo, 13 de junho de 2010

Ato marca dois anos do desaparecimento de engenheira no Rio







Cerca de cem parentes e amigos da engenheira Patrícia Amieiro Franco, desaparecida no Rio de Janeiro desde 14 de junho de 2008, promoveram neste sábado um ato na Barra da Tijuca (zona oeste) para registrar os dois anos do sumiço dela. O público foi estimado por participantes da manifestação.

O caso ainda é discutido na Justiça. Policiais militares são acusados de matar e ocultar o cadáver da engenheira, que tinha 24 anos.

Já os PMs afirmam que Patrícia sofreu um acidente na saída do túnel do Joá, na Barra. Os PMs dizem que o veículo de Patrícia saiu da pista, caiu numa ribanceira e capotou. O corpo, disseram, caiu na lagoa de Marapendi.



17/06/2009

O que aconteceu com ela?

Reconstituição reforça tese de envolvimento de PMs no desaparecimento da engenheira Patrícia Franco

Sofia Cerqueira

Álbum de família
Patrícia tinha 24 anos quando sofreu um acidente de carro na Barra da Tijuca, em 14 de junho de 2008. Seu corpo nunca foi encontrado. Esta é uma de suas últimas fotos

Era um dia que prometia ser de festa. O analista de sistemas Antônio Celso de Franco comemoraria seus 54 anos com um grande churrasco na casa da família, no Recreio dos Bandeirantes. Às 7 e meia da manhã de 14 de junho de 2008, ele e a mulher, a dona de casa Tânia Márcia, foram acordados por um telefonema que mudaria para sempre a vida deles: a filha caçula do casal, a engenheira Patrícia Amieiro Branco de Franco, de 24 anos, sofrera um acidente de carro no início da Barra da Tijuca e o corpo teria desaparecido no Canal de Marapendi. Só no último dia 4, às vésperas de seu sumiço completar um ano, foi feita a reconstituição do caso, comprovando a tese que a família defende há meses: não foi um acidente. O laudo oficial só deve ser divulgado nesta semana. Peritos que participaram da simulação informaram, no entanto, que, na velocidade em que estava o veículo (um Palio 2007), a jovem não teria sido jogada para fora do carro e caído no canal. "Há um ano lutamos para provar que policiais militares estão envolvidos no seu desaparecimento", afirma Franco. A principal suspeita é que dois PMs que faziam blitz na saída do Túnel do Joá tenham tentado parar o carro de Patrícia quando ela voltava de uma festa no Morro da Urca. Como não foram atendidos, teriam atirado no veículo e provocado o acidente. A investigação policial já concluiu que outros policiais estiveram no local logo após o desastre. O que aconteceu com ela a partir daí é um mistério.

Guilherme Pinto/Extra/Ag. O Globo
A reconstituição: na velocidade em que dirigia, ela não seria lançada no canal

"Nossa vida parou com aquele telefonema", diz Tânia Márcia. "Não consigo dormir mais de uma hora por noite." Na casa, o quarto de Patrícia permanece intacto, com uma vela acesa. No início, a família achou que tivesse sido mesmo um acidente. Duas semanas depois, no entanto, quando Adriano, de 26 anos, irmão de Patrícia, viu o veículo numa oficina, descobriu marcas de tiros no motor. As perfurações haviam passado despercebidas na primeira perícia. Uma nova análise, após alguns dias, encontrou fragmentos de projéteis no carro. "Do desespero inicial passamos a uma batalha por justiça", conta Franco. "Foram meses e meses lutando contra o corporativismo da PM, pedindo perícias, exames de DNA, análises de GPS de viaturas..." O pai de Patrícia, funcionário do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), só voltou a trabalhar regularmente há um mês. Duas vezes por semana ele vai à Delegacia de Homicídios, no Centro, para acompanhar o andamento do caso. As investigações apontam o envolvimento de oito PMs, que podem ser indiciados por homicídio doloso (com intenção de matar) e por ocultação de cadáver.

Os pais, Tânia e Antônio Franco: "Enquanto não provarem
o contrário, acredito que ela esteja viva", diz a mãe

Desde o desaparecimento, a família de Patrícia vem distribuindo panfletos com o seu rosto e o telefone do disque-denúncia em vários bairros e favelas da Zona Oeste. Também espalhou outdoors pela cidade, criou um site com o intuito de buscar informações (www.cadepatricia.com.br) e promoveu manifestações cobrando uma solução para o caso, como a passeata do domingo (7), na orla da Barra. Várias versões para o misterioso sumiço são investigadas. Uma delas seria a de que, depois de atirarem no carro, os PMs teriam recorrido a policiais amigos, integrantes de uma milícia, que teriam levado o corpo para uma favela em Campo Grande e o queimado. "Já ouvimos falar até que um policial que foi morto na Rua Sacopã (na Fonte da Saudade) saberia demais sobre essa história e por isso teria sido eliminado", diz Franco. "Mas até agora não se conseguiu provar nada." Outra hipótese é a de o corpo ter sido enterrado no município de São Gonçalo. Por seis ocasiões, ao longo de um ano, a família viveu a expectativa de a polícia ter encontrado o corpo de Patrícia. "Cada vez é um baque no coração, um sofrimento enorme", afirma Franco. "Enquanto não provarem o contrário, acredito que ela esteja viva", completa a mãe.


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