Publicada em 30/04/2010 às 22h55m
Leila SuwwanSÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado de sua pré-candidata à Presidência, Dilma Rousseff, participa neste sábado, pela primeira vez em oito anos de governo, das três festas do 1º de Maio das centrais sindicais em São Paulo. Os eventos serão patrocinados com R$ 1,72 milhão de verba pública. Com os adversários distantes neste feriado, os atos planejados por CUT, Força Sindical, CGTB, CTB, UGT e Nova Força têm tudo para virar showmícios - as entidades planejam declarar apoio conjunto inédito a Dilma na assembléia geral de junho. Dilma e Lula terminam o dia na celebração do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, da qual Lula tradicionalmente participa e que não tem patrocínio externo.
Nesta sexta-feira, no seminário de abertura do "1º de Maio Latino-Americano", da CUT, o ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu (PT) usou o palanque para promover a campanha petista e difamar o pré-candidato José Serra (PSDB), numa prévia do tom do evento.
Segundo os organizadores, o orçamento é R$ 1,3 milhão. Desse total, R$ 950 mil (73%) são bancados por patrocínios de Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica (R$ 300 mil), BNDES, Eletrobrás e Infraero. O único patrocinador privado é a Braskem (grupo Odebrecht).
" A palavra de ordem dos tucanos é que o maior problema do Brasil é o aumento de salário e a queda do desemprego, porque isso vai trazer inflação "
Ao contrário de 2009, quando a CUT reduziu seu "1º de Maio" e não recebeu patrocínio, neste ano o festejo inclui shows, mostra fotográfica e feira gastronômica. Os pré-candidatos petistas ao governo de São Paulo e ao Senado, Aloizio Mercadante e Marta Suplicy, também subirão ao palco, onde receberão com Dilma a "Plataforma da CUT para as Eleições 2010".
- A disputa do pré-sal também nos divide entre a direita e a esquerda: Serra de um lado e nós de outro. Ele já se colocou. Não é só contra o BNDES. É contra o Mercosul e contra o pré-sal - disse Dirceu, em palestra sobre a América Latina. Adiante, voltou a citar as eleições. - A palavra de ordem dos tucanos é que o maior problema do Brasil é o aumento de salário e a queda do desemprego, porque isso vai trazer inflação. Isso é que temos de dizer para o povo na eleição. O discurso deles é: menos aumento salarial, menos emprego e menos crescimento. O nosso é: o Brasil é capaz de crescer, superar gargalos e evitar a inflação.
Segundo o coordenador do "1º de Maio" e presidente da CUT-SP, Adi da Silva, a entidade tem uma política específica de patrocínios:
- Em 2009 foi uma festa menor, não só pela crise, mas pela decisão de evitar patrocínio de empresas privadas.
A festa da Força Sindical, em conjunto com a CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), contará com o tradicional sorteio de carros e apartamento, e mais de 30 shows. O evento da Força sempre reúne mais de um milhão de trabalhadores na Praça Campo de Bagatelle, Zona Norte.
O orçamento da Força-CGTB é de R$ 2,5 milhões, dizem os organizadores. Desse valor, R$ 200 mil são da Caixa; R$ 350 mil, de Petrobras e Banco do Brasil. O resto é de empresas privadas como Bradesco, Brahma, General Motors, Casas Bahia e Nestlé.
Além do prefeito Gilberto Kassab (DEM), que também teria confirmado presença na CUT, a Força anunciou presença do pré-candidato tucano ao governo, Geraldo Alckmin. Para o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalvez, não haverá constrangimento políticos:
- Não haverá problema algum.
A terceira festa das centrais a ser visitada por Lula e Dilma é o "1º de Maio Unificado", da UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e Nova Força. O material promocional prevê bandeiras como redução da jornada semanal e fim do fator previdenciário. Do R$ 1,5 milhão para os shows e atos de hoje, R$ 260 mil foram pagos por Petrobras, Banco do Brasil e Caixa. Outras 15 empresas privadas deram patrocínio. Há menção ao apoio institucional do governo de São Paulo.
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) informou os valores dos patrocínios avaliados pelo Comitê de Patrocínios e disse que a eventual politização "extrapola" suas competências. "São eventos recorrentes, consolidados dentro do calendário nacional e patrocinados há mais de dez anos pelas empresas públicas. Contam com público expressivo, o que garante ampla visibilidade", disse a Secom, em nota ao GLOBO.