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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Triste fim das vilãs nas novelas



As 10 punições mais esperadas pelo público

Odete Roitman - Vale Tudo - 1988

Odete Roitman, interpretada por Beatriz Segall, foi uma vilã que marcou a história da teledramaturgia. O mistério que envolveu a morte da personagem na trama da novela Vale Tudo, no ar em 1988, em horário nobre (''das oito''), pela Globo, mobilizou o país. A pergunta ''quem matou Odete Roitman?'' ainda é forte na memória de quem viveu aquela época. Fez parte até de campanha publicitária de uma indústria alimentícia. A personagem era uma grande empresária, inescrupulosa, mãe de dois filhos: Afonso (Cássio Gabus Mendes) e Heleninha (Renata Sorrah). Afonso trabalhava na empresa da mãe, a Companhia Aérea TCA, e Heleninha, uma artista plástica, de personalidade frágil, que sofria de alcoolismo. Os dois eram manipulados por Odete, mulher claramente autoritária. Sem limites, além das falcatruas no mundo dos negócios, frequentemente assessoradas pelo ex-genro Marco Aurélio (Reginaldo Faria), a vilã ainda fazia acordos escusos para, no plano pessoal, também conseguir o que queria. Conseguiu, unindo-se à Maria Fátima (Glória Pires) - outra grande vilã da novela -, separar Afonso de sua namorada (Lídia Brondi), para casá-lo com a aliada, e separar Raquel (Regina Duarte), mãe de Fátima, do namorado Ivan (Antônio Fagundes), para casá-lo com Heleninha. A personagem foi alvo de ódio nacional. Talvez por isso sua morte não tenha sido responsabilidade de um dos personagens interessados em dela se vingar. Mas, curiosamente, de um personagem que a matou inadvertidamente, realizando, sem querer, a vontade de muitos. Odete Roitman, atrás de uma porta, foi morta por engano, com três tiros à queima-roupa, por Leila (Cássia Kiss), que imaginava estar atirando na amante do marido Marco Aurélio (a outra vilã, Maria de Fátima, que a esta altura da trama, deixou de ser aliada de Odete).

Raquel - Mulheres de Areia - 1993

Glória Pires viveu duas personagens, gêmeas, na novela Mulheres de Areia, exibida às 18h, pela Rede Globo, no ano de 1993. Uma era a mocinha (Ruth) e a outra irmã era a vilã (Raquel). Mulheres de Areia de 1993 foi uma nova versão baseada em duas novelas da mesma autora Ivani Ribeiro: a própria Mulheres de Areia, veiculada 20 anos antes (1973), pela TV Tupi, e O Espantalho, veiculada em 1977, pela TV Record. Ruth, de personalidade doce, calma e de bom coração, depois de algum tempo longe de casa, dando aulas em uma fazenda distante, voltou a morar com a família numa cidade litorânea, e reencontra Raquel, egoísta, agressiva e má, que, passa a se valer da semelhança física com Ruth, para logo planejar trapaças e roubar o namorado da irmã, o empresário bem-sucedido Marcos Assunção (Guilherme Fontes). Interessada somente na fortuna de Marcos, Raquel consegue conquistá-lo mas, mesmo depois de casada, mantém seu antigo relacionamento com o mau-caráter Wanderlei (Paulo Betti). A certa altura da história, Tonho da Lua (Marcos Frota), um rapaz portador de deficiência mental, que faz esculturas de areia, platonicamente apaixonado por Ruth, e que faz de tudo para vê-la feliz, descobre a traição de Raquel com Wanderlei. Mas, não foi dessa vez que Raquel se viu desmascarada, pois a vilã ainda conseguiu convencer o marido de que Tonho não dizia a verdade. Ruth continuou a sofrer, vendo seu grande amor nos braços da irmã. Porém, a história sofre uma primeira reviravolta: Raquel sofre um acidente no mar, é dada como morta, e Ruth se passa por ela para ficar ao lado de Marcos. No entanto, como Raquel não morreu realmente, a vilã ainda volta com a promessa de se vingar. Depois de mais um golpe, tentando, com sucesso, separar Marcos de Ruth, Raquel sofre um acidente de carro e morre. Ruth descobre a armação da irmã, reata com Marcos e volta a viver feliz com seu amor.

Violante - Xica da Silva - 1996

Violante Cabral, uma das personagens mais marcantes da carreira de Drica Moraes, foi a grande vilã da novela Xica da Silva, exibida pela Rede Manchete, no horário das 21h e 30min, em 1996. A novela de Walcyr Carrasco (sob o pseudônimo de Adamo Rangel) foi escrita com base no romance Xica que Manda, de Agripa Vasconcellos. A novela narrava a surpreendente trajetória de uma escrava do século XVIII, Xica (Taís Araújo), audaciosa e inteligente, que consegue conquistar um marido rico e passa a ser tratada como uma rainha, escandalizando a sociedade escravocrata brasileira da época. Violante, que fora prometida em casamento ao Contratador do Arraial do Tijuco João Fernandes (interpretado por Victor Wagner), vê sua promessa de casamento ir por água a baixo, quando João Fernandes se apaixona por Xica. A moça pertencia ao antigo contratador da região que, depois de sofrer um golpe dado por ela e por Quiloa, outro escravo, apaixonado por ela, e perder toda sua fortuna, foge com a esposa do arraial. Xica e Quiloa deixam a fortuna escondida para não levantar suspeitas. Xica então é vendida para o Sargento-mor, pai de Violante. E é na casa do novo dono que Xica conhece João Fernandes. Encantado pela escrava, João propõe comprá-la. Para não desagradar ao seu superior, o sargento a vende. A convivência entre João e Xica deixa o contratador ainda mais apaixonado e, após muitos conflitos com Violante, ele decide desmanchar o noivado, e assume publicamente sua paixão pela escrava. Violante se sente ainda mais humilhada, ao ver o luxo em que a escrava passa a viver. Xica é do tipo ''exibida'', faz questão de esnobar a nobreza que antes a maltratava. Violante passa a infernizar a vida de Xica, recorrendo inclusive à bruxaria. Mas é ela quem acusa a escrava de usar feitiço e a entrega para a Igreja, que condena Xica à fogueira. Para libertar a amada, João se une finalmente à ex-noiva, em troca de que ela retire as acusações que condenam Xica. Os dois viajam para Portugal e se casam, mas, logo após a cerimônia, o contratador volta ao Brasil para rever Xica, abandonando Violante, que fica enlouquecida e só, no castelo onde morariam.

Altiva - A Indomada - 1997

A Indomada foi exibida pela Globo, em horário nobre (''das oito''), no ano de 1997. A novela se passava numa cidade fictícia chamada Greenville, antes colonizada pelos ingleses. Apesar de livres, os moradores da cidade mantinham muitos dos hábitos típicos da Inglaterra. Maria Altiva, vivida por Eva Wilma, foi uma personagem que, apesar de vilã, conseguiu provocar muitas gargalhadas nos espectadores. Seus bordões, expressões com mistura de inglês e português, passaram a ser repetidos pelo público na época. ''Well'', antes de começar uma frase, ''Oxente, my God'' e ''Tudo all right'' foram falas que deram humor e certa leveza à personagem. A vilã fazia parte de uma família nobre, porém falida, antiga proprietária da usina de açúcar Monguaba, que pegou fogo e parou de funcionar. Apesar do acidente com a usina, a princípio, Altiva e o marido Pedro Afonso (Cláudio Marzo) conseguiram se salvar da pobreza, cuidando da fortuna deixada pelo pai da sobrinha Lúcia Helena (a esta altura, interpretada por Leandra Leal) e enviando a menina para estudar no exterior. Eulália (Adriana Esteves) e Zé Leandro (Carlos Alberto Riccelli), pais de Lúcia Helena, morreram após um naufrágio. Ainda assim, novamente a pobreza passou a ameaçar a família. Pedro Afonso perde tudo numa aposta na casa de jogos British Club. O ganhador da fortuna, Teobaldo Faruk (José Mayer), que fora apaixonado pela falecida Eulália, promete devolver toda a fortuna à Lúcia Helena, quando ela voltar, já maior de idade. Como a família de Lúcia Helena ficou nas mãos de Teobaldo, a jovem, pressionada pela família, aceita se comprometer com ele e fica prometida em casamento ao desconhecido. Já crescida, madura, e bem instruída, a menina, que passa a usar somente Helena, como nome, volta à cidade, muito parecida com a mãe (nesta fase, interpretada por Adriana Esteves, que havia feito o papel de sua mãe no início da novela) e se apaixona verdadeiramente por Teobaldo. Porém, Altiva não perdoa Teobaldo por ter ficado com a fortuna e muito menos por querer devolvê-la a sua verdadeira dona. Sendo assim, aliada a Pitágoras, político corrupto da cidade, arma as maiores baixezas para separar Helena de Teobaldo, assim como comanda as religiosas da cidade, com o pretexto de manter a moral e os bons costumes do local, mas com o real objetivo de conseguir realizar seus próprios planos. Depois de muitas maldades, o fim de Altiva acontece na cabana de Artêmio (Marcos Frota), um enjeitado da família, que vivia nos destroços da usina Monguaba, e tinha a esperança (depois concretizada por Helena) de que um dia reabrir a usina. Após ser encontrada por Helena no local, Altiva reage dando uma paulada na moça, que cai desmaiada, e a vilã ateia fogo à palhoça. Artêmio chega, salva Helena, e ainda tenta retirar Altiva, que estranhamente se nega a sair. Numa cena de realismo fantástico, típica do autor Aguinaldo Silva, Altiva vira fumaça e seu rosto toma conta do céu de Greenville, mostrando cenicamente toda a sua maldade. Como uma bruxa, a personagem grita raivosa, jurando voltar para se vingar um dia. A cena do fim de Altiva representa, de certo modo, a sua condenação, como é esperado para uma vilã, mas, ao mesmo tempo, é a prova da empatia causada por ela, que divertiu por muito tempo as noites dos telespectadores.

Ângela Vidal - Torre de Babel - 1998

Diferentemente do que os telespectadores estão, de certo modo, acostumados a supor, a grande vilã da trama de Sílvio de Abreu (sua segunda novela de suspense na Globo, no ar em 1998, em horário nobre - a primeira foi A Próxima Vítima) não foi a responsável pelo crime mais misterioso da novela, revelado no último capítulo. Ângela Vidal, vivida por Cláudia Raia, foi sim culpada por muitas maldades, mas não foi quem explodiu o shopping Tropical Tower, o centro da trama. Ângela nutria uma paixão enrustida por um dos filhos do casal dono do shopping, o mulherengo Henrique Toledo (Edson Celulari). Mas ela era vista por ele como mais um colega de trabalho - os dois eram executivos da empresa da família Toledo -, e não como uma mulher, possível alvo de seu interesse. Aos poucos, a paixão de Ângela foi se mostrando doentia e, para conseguir o que queria, tanto no âmbito afetivo, quanto no setor profissional, acaba se tornando uma assassina implacável e fria, chegando a comemorar as mortes de suas vítimas. Ângela apenas foi a responsável por instalar os explosivos no prédio, em acordo com um antigo funcionário e ex-presidiário, Clementino (Tony Ramos), que queria se vingar da família Toledo. Mas, quem detonou a explosão foi Sandrinha (Adriana Esteves) que queria se vingar de Clementino, seu pai, incriminando-o pela tragédia. O fim de Ângela, terrível, como esperado para uma vilã, foi passional. Ao saber que seu amado casaria com outra mulher, Celeste (Letícia Sabatella), ela se joga do alto do shopping, que após a explosão, estava recém-reconstruído. Antes disso, o público pôde curtir por muito tempo o sofrimento da vilã, que amargou durante vários capítulos na prisão. As cenas eram tão fortes, tão tensas, que Cláudia Raia chegou a adquirir uma gastrite durante a novela.

Bárbara - Da Cor do Pecado - 2003

Bárbara foi a primeira vilã vivida por Giovanna Antonelli. E, para o papel, teve seu visual bastante modificado. Cabelos curtos e louros, destoando de todos os seus outros personagens. O contraste também se fazia diante da protagonista, negra, vivida por Taís Araújo, interpretando Preta. Da Cor do Pecado foi exibida em 2003, no horário das 19h, pela Rede Globo e tinha como um dos temas principais a discriminação racial. Bárbara foi preterida por Paco (Reynaldo Gianecchini), quando este se apaixonou por Preta e, para completar, descobriu que a namorada tinha um caso com Kaíke (Tuca Andrada). Mas, grávida, e se aproveitando do preconceito racial nutrido pelo pai do namorado, o poderoso empresário Afonso Lambertini (Lima Duarte), a vilã, interessada em casar-se apenas por dinheiro, passa a usar de todos os artifícios para manter sua relação com o herdeiro do império Lambertini. Bárbara conta com dois comparsas ao longo da história: Kaíke, que mais tarde será descoberto como verdadeiro pai de seu filho e Tony (Guilherme Weber), com o objetivo de vingar a morte do pai, que se suicidara após ser deixado na ruína por Afonso Lambertini. O primeiro grande acontecimento da novela é o acidente de Paco.O personagem é dado como morto, indo, na verdade, viver no lugar de seu irmão gêmeo, desaparecido por um outro acidente, e até então desconhecido da família Lambertini. Preta estava grávida de Paco. Os dois irmãos nasceram da traição de Afonso com uma antiga empregada, Edilásia (Rosi Campos), que, escondendo ter parido filhos gêmeos, deu somente um deles para o pai e a esposa, que não podia ter filhos, criarem. Passados 8 anos do acidente, Preta, que nunca quis receber nenhuma ajuda financeira da família de Paco, resolve satisfazer o desejo de seu filho, que insistia em conhecer a família do pai, e procura Afonso. Em paralelo, Bárbara recebia pensão de Afonso para seu filho, como se este fosse também filho de Paco. Com a aproximação de Preta, Bárbara teme perder sua privilegiada posição e faz de tudo para impedir essa aproximação. Com o tempo, seu comparsa Tony passa a conquistar a amizade e a confiança de Afonso e é contratado como vice-presidente do grupo Lambertini. Com isso, Tony passa a ter mais poder que Bárbara, e ela acaba ficando em suas mãos. Depois de muitas armações e trapaças, mas também depois de muita humilhação sofrida, vítima do sadismo de Tony, Bárbara mata seu algoz e, logo após declarar seu amor por Paco, se atira de um precipício e morre. Detalhe até então inusitado no fim de uma vilã de novela: os próprios pais, Edu e Verinha, vividos por Ney Latorraca e Maitê Proença, respectivamente, amaldiçoam a própria filha no cemitério.

Laura - Celebridade - 2003

Gilberto Braga tentou repetir em Celebridade a fórmula utilizada em Vale Tudo, onde foi co-autor. Na primeira novela, a pergunta: ''quem matou Odete Roitman?'' teve impacto nacional. Mas, nesse caso, a morte era da principal vilã da trama. O que não ocorreu em Celebridade, onde o mistério de ''quem matou Lineu Vasconcelos?'' não se referia ao vilão principal, que, no caso, era Laura, vivida por Cláudia Abreu. Talvez por isso a pergunta não tenha soado tão forte. Celebridade foi exibida pela Globo, em horário nobre, no ano de 2003 e, como o próprio nome sugere, abordava temas como o jornalismo pautado em famosos, o alpinismo social e a busca pelo estrelato. Laura faz parte do rol de vilãs da ficção que justificam suas maldades em função de injúrias sofridas no passado. Seu alvo de vingança era Maria Clara Diniz (Malu Mader), uma ex-modelo e empresária bem-sucedida que iniciou sua fortuna a partir de um sucesso musical (''Musa do Verão''), supostamente composto por seu antigo namorado para ela. Mas, a música, na verdade, foi composta por outra pessoa, Ubaldo (Gracindo Jr), ex-padrasto de Laura, e para outra mulher: a mãe dela, Marília (Alessandra Negrini). Contrariamente do destino de Maria Clara, Laura e sua mãe viveram na miséria. Para desbancar o sucesso de Maria Clara, Laura passou a agir dissimuladamente, como uma fã, e sorrateiramente se aproximou da empresária. Para isso, contava com a ajuda de Marcos (Márcio Garcia), seu amante e cúmplice. A dupla fazia um estilo ''amor bandido'', e tinha diálogos quase cômicos (ousados pelo uso estereotipado dos apelidos): se chamavam de ''michê'' e ''cachorra''. Os apelidos sim viraram sucesso nacional. O auge da novela, a cena mais aguardada, não foi a morte da vilã, mas a cena em que Maria Clara, já ciente das armações de Laura, a estapeia dentro de um banheiro. Além dessa humilhação, tipo de cena onde o espectador pode expurgar sua raiva pela vilã, ainda antes de morrer, Laura passou por maus bocados nas mãos de outro personagem do mal, o invejoso, vaidoso e ambicioso Renato Mendes (Fábio Assunção), também inimigo de Maria Clara, sobrinho e executivo da empresa de comunicação de Lineu Vasconcelos, com quem se casou. Ao final, depois da confissão de que matara Lineu por conta de ele ter roubado as provas de que a música era de Ubaldo para sua mãe, e de sequestrar a filha de Maria Clara, Laura é encurralada pela polícia e morta, juntamente com seu comparsa Marcos, por Renato Mendes que é preso pelo assassinato e por todas as suas falcatruas, tendo, ironicamente (já que trabalhava numa empresa de comunicação), a imagem de sua prisão estampada em revistas e jornais.

Nazaré - senhora do Destino - 2005

Nazaré Tedesco, vivida por Renata Sorrah, é um exemplo de vilã que consegue destronar o protagonismo da ''mocinha'' numa novela. Apesar de suas maldades, o público foi, aos poucos, sendo conquistado por ela e chegava a se divertir com o comportamento debochado e sem limites, quase ''surreal'' da vilã. Senhora do Destino, exibida pela Globo, em horário nobre, no ano de 2005, tinha como fio condutor a busca da retirante nordestina Maria do Carmo Ferreira da Silva (Susana Vieira), por sua filha Lindalva (Carolina Dieckmann) que fora roubada, ainda bebê, por Nazaré. O roubo ocorreu num encontro casual entre as duas, mas o encontro trouxe a peça que faltava aos planos de Nazaré para segurar o relacionamento com seu amante. Nazaré era estéril e, vestida de enfermeira, usava uma barriga falsa, simulando uma gravidez. Encontrando oportunamente Maria do Carmo com 5 crianças, dentre elas, uma menina ainda bebê, conseguiu pegar a menina e fugir. A criança, registrada como Isabel Tedesco, cresceu acreditando ser filha de Nazaré com Luís Carlos (Tarcísio Meira). Maria do Carmo é presa por engano e, na prisão, conhece Dirceu de Castro (José Mayer), jornalista que tornar-se-á seu namorado e a ajudará na busca pela filha. A certa altura, o crime de Nazaré vem à tona. Um amigo de Dirceu, fotógrafo do jornal onde trabalhavam, encontra uma foto tirada na época do roubo do bebê, de uma enfermeira grávida com uma criança no colo. Maria do Carmo e Leandro, um de seus filhos, reconhecem a falsa enfermeira como a mulher que roubou Lindalva. Maria do Carmo leva a foto a um programa de TV e apresenta outra foto que simula o envelhecimento da criminosa. Luís Carlos, que casou-se com Nazaré pressionado pela falsa gravidez, a reconhece na foto e passa mal ao lado da vilã. Mas ela não o ajuda e o deixa morrer, agonizante. Seu segundo crime. Ao longo da trama, inúmeras maldades são cometidas por Nazaré. A escada da casa onde morava, de onde vários personagens despencaram, e uma tesoura, que usava e cometia crimes, viraram símbolos de sua personalidade doentia. Além disso, os termos que usava conquistaram a atenção do telespectador. ''Anta nordestina'', quando se referia à Maria do Carmo, ''songa monga'', como chamava sua enteada Claúdia (Leandra Leal), e frequentemente se auto-elogiava diante do espelho com ''Gostosa! Impressionante como o tempo só se valoriza!'', ''Eu nasci linda e loira. Uma alemanzona!'', ''Louraça, gostosa, gostosona, bocão!'', ''Ah, se eu te pego (a ela mesma)!'', ''Você é má... maravilhosa!'', entre muitos outros. Um dos capítulos mais esperados foi aquele onde Maria do Carmo, já ciente de quem era a ladra de sua filha, espanca Nazaré. (Receita semelhante à cena de Celebridade, onde Maria Clara surra Laura). Mas o fim da vilã ocorreu somente após todo o cerco feito, ao longo da trama, por vários amigos de Maria do Carmo unidos a outras vítimas da vilã. Num ato desesperado, Nazaré rouba mais uma criança, a filha de Isabel e foge. Acuada à beira de um penhasco, a criminosa se redime e devolve a criança à Isabel, mas, como mais um ato tresloucado, se lança ao vazio e morre.

Cristina - Alma Gêmea - 2005

Alma Gêmea foi exibida pela Globo, como novela ''das seis'' (18 horas), no ano de 2005. E está sendo reprisada à tarde, pela emissora, como é de costume fazer com os grandes sucessos de audiência, no Vale a Pena Ver de Novo. A novela tinha como tema central o amor eterno entre Rafael, um rico botânico, vivido por Eduardo Moscovis, e Luna (Liliana Castro), moça meiga e sensível, bailarina. Os dois foram tragicamente separados pela morte da moça, e voltam a se reencontrar vinte anos depois, quando ela, reencarnada em um novo corpo, volta à cidade em busca de entender um sonho recorrente. Nascida numa tribo indígena, no exato momento do desencarne de Luna, a moça cresceu sonhando com uma rosa branca e desenhando casas, inexistentes na sua região. A rosa com que sonhava era igual à rosa que Rafael havia criado e a ela atribuído seu nome (Luna). A história é recheada de fenômenos sobrenaturais, baseados na crença espírita. A certa altura, descobre-se que Cristina, a grande vilã da trama, e prima da falecida, é a responsável pelo assassinato. Ela, que trabalhava como governanta do casal, sempre invejou a felicidade dos dois, além de se ressentir de não ter ficado com nenhuma das joias doadas pela avó à Luna. Querendo tomar as joias para si, Cristina trama um assalto ao casal, e seu comparsa Guto (Alexandre Barillari), motorista da casa, executa o crime. Rafael reage e Luna se atira na frente para proteger o amado, morrendo em seu lugar. Com a morte da esposa, Rafael sofre demais e torna-se indiferente à dedicação da governanta que, junto à mãe e outros cúmplices, faz de tudo para casar-se com ele. O tempo passa e, atrapalhando ainda mais os planos de Cristina, Serena (Priscila Fantin), a jovem indígena, que é a reencarnação do espírito de Luna, chega à cidade. Logo vai trabalhar como doméstica na casa de Rafael, que se encanta por ela. Aos poucos, as semelhanças de comportamento e fenômenos — só explicáveis pela Doutrina Espírita — levam a crer que Serena seria mesmo a reencarnação de Luna. A constatação solidifica ainda mais o amor de Rafael pela moça. Cristina, ameaçada, faz de tudo, outra vez, para evitar esse amor. Cria intrigas e cenas falsas, apela para feitiços e poções mágicas, convence Rafael de que Serena o traía com Guto, simula uma gravidez e consegue, finalmente, casar-se com ele. Mas, continua rejeitada pelo marido. Guto que era apaixonado por Cristina, resolve contar tudo sobre a morte de Luna, mas é envenenado pela mãe de Cristina e morre. Seu espírito passa a atormentar Cristina que começa a ser vista como louca. Não suportando mais o desprezo de Rafael, a vilã põe fogo no estúdio que era de Luna. E provoca um acidente. Rafael fica entre a vida e a morte. Cristina aproveita para maltratá-lo e dificulta a sua recuperação. Inadvertidamente, certa de que o marido não poderia ouvi-la, confessa seu envolvimento na morte de Luna ao novo motorista da casa. Ao final, Cristina mata Rafael e Serena, que passam a viver juntos eternamente, e, após o assassinato, em meio ao fogo surgido de forma sobrenatural no casarão, é atraída para dentro de um espelho onde só há trevas, representando toda a malignidade que envolve a vilã.

Flora - A Favorita - 2008

A vilã de A Favorita, vivida por Patrícia Pillar na novela exibida em horário nobre pela Globo, em 2008, resgatou o maniqueísmo há tempos abandonado pelos autores. Flora era a maldade em pessoa. Suas manifestações de bondade eram pura dissimulação. Flora mentia, roubava, matava e odiava, inclusive, a própria filha, a quem chamava de ''purgante'' e ''vaquinha'', por ter sido adotada por Donatela (Cláudia Raia), alvo maior de seu ódio e a quem chamava de ''vaca''. A história girava em torno de Flora e Donatela, ex-parceiras de uma dupla sertaneja de grande sucesso, que se separaram após casarem-se respectivamente com Dódi (Murilo Benício) e Marcelo Fontini (Marcelo Tolezani). A certa altura, Flora tem um caso com Marcelo Fontini, que é assassinado. Flora é considerada culpada, passando 18 anos na cadeia. O grande diferencial da trama foi a incerteza inicial, lançada ao público, sobre quem seria realmente a responsável pela morte, quem seria a verdadeira vilã. Flora sai da cadeia obstinada a provar sua inocência e a culpa de Donatela pelo crime. Durante boa parte da novela, a dúvida permaneceu no ar. O conflito, na verdade, tivera seu início já na infância das duas. Flora e Donatela cresceram como irmãs. Donatela havia perdido os pais num acidente e fora adotada pela família de Flora. Como as duas tinham vocação para a música, logo foram descobertas por Silveirinha (Ary Fontoura), um empresário que se tornou uma espécie de pai e carrasco das meninas, protegendo-as, mas ficando com a maior parte dos cachês dos shows que elas faziam. Já pelo final da trama, ficou evidente que Flora era uma psicopata, culpada pela morte de Marcelo e por muitos outros crimes e que, desde a infância, já era má e, por isso, constantemente desaprovada pelo pai Pedro (Genézio de Barros) que a preteria diante de Donatela. Durante muito tempo, somente o público e Donatela - mais nenhum personagem - tinham a confissão da culpa de Flora. O que fazia com que o telespectador torcesse para que a vilã fosse desmascarada. Sobretudo por Irene, mãe do falecido Marcelo, que passou a maior parte da trama acreditando na inocência da assassina e impedindo a punição para a criminosa. A revelação final da culpa de Flora só pôde mesmo acontecer quando Irene, a última iludida pelos golpes de Flora, perdeu toda a sua fortuna para a psicopata. Durante toda a história, o objetivo maior de Flora era tomar o lugar de Donatela. E, para isso, não tinha limites, quaisquer escrúpulos. Depois de muito custo, inclusive o de ser presa injustamente, Donatela e seus amigos conseguem provar a culpa da verdadeira assassina. Flora é presa, passa a ser maltratada, é obrigada a fazer serviços pesados e, como prova de sua obsessão e inveja, se apresenta às prisioneiras novatas como Donatela.






LAST





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