Caso Isabella Nardoni: defesa pedirá que julgamento seja transmitido pela TV

Camilo Coelho, Fernando Torres e Marcia Abos - Extra

A partir das 13h desta segunda, as atenções do Brasil estarão voltadas para o Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo. Neste horário, começará uma maratona judicial que envolverá 77 espectadores, 69 funcionários do Tribunal de Justiça, 23 testemunhas e mais de 15 advogados. Mais de seis mil pessoas se inscreveram para participar do julgamento, mas apenas sete vão decidir o destino do casal Alexandre Alves Nardoni, de 31 anos, e Anna Carolina Trotta Jatobá, de 26, acusados de matar Isabella Nardoni, de 5 anos, no dia 29 de março de 2008.

A defesa do casal pedirá ao juiz Maurício Fossen que o julgamento seja transmitido pela TV, em rede nacional. Segundo o advogado Roberto Podval, a repercussão da morte da menina e das investigações que levaram a madrasta e o pai ao banco dos réus fez com que a população condenasse o casal antes da Justiça e sem conhecer todas as provas. Com a apresentação do julgamento na TV, a opinião pública, acredita, pode mudar sua visão.

O promotor Francisco Cembranelli tentará provar que a madrasta estrangulou Isabella e Alexandre jogou a menina do sexto andar do Edifício London. Entre as ferramentas da acusação, está uma maquete do prédio e do apartamento. Do outro lado, a defesa usará nabo, cenoura, banana e até alho para apontar supostas falhas no trabalho da perícia.

Às vésperas do júri, o advogado Ricardo Martins afirmou que não estava descartada a possibilidade de pedir o adiamento do julgamento, já que o pedreiro Gabriel Santos Neto não havia sido localizado por oficiais de Justiça.

Dias depois da morte de Isabella, ele disse que a obra na qual trabalhava, ao lado do Edifício London, havia sido invadida na mesma noite da morte da menina. Na polícia, Gabriel negou as declarações.

Apoio e solidariedade

A escritora Glória Perez vai acompanhar o julgamento em São Paulo. Ela quer prestar solidariedade a Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella. Há 13 anos, Glória viveu #drama semelhante#, quando participou do julgamento de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, condenados pela morte de sua filha, Daniella Perez.

- O julgamento é complicado porque as lembranças ganham vida, novamente. Estarei em São Paulo e como amiga da família - disse.

Julgamento pode se estender por cinco dias. Na defesa

Dos 40 jurados, 23 são mulheres e 17, homens. Apenas sete irão compor o Conselho de Sentença. O sorteio ocorrerá hoje. A defesa e a acusação terão o direito de, cada uma, recusar três jurados.

Cardápio

Os jurados, que permanecem incomunicáveis no Fórum, comerão arroz, feijão, salada e um tipo de carne, que poderá ser de boi, frango ou peixe. No café da manhã e nos lanches, café, leite, pão, manteiga e frios variados.

Testemunhas

As testemunhas de acusação serão ouvidas. Em seguida, as de defesa. Os réus serão interrogados e será feita leitura de peças do processo. Depois, será iniciada a fase de debates, com a acusação e a defesa expondo suas teses. Depois, o Conselho de Sentença se reunirá na sala secreta para proceder a votação dos quesitos, que determinará o veredicto. Terminada a votação, o juiz lerá a sentença em plenário.

Pais de Alexandre vestem camisa em defesa do filho

A visita dos pais a Alexandre Nardoni, ontem, durou seis horas. Maria Aparecida e Antônio chegaram por volta das 9h45m à penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, a P2 de Tremembé, onde Alexandre está preso desde maio de 2008. Os dois vestiam uma camiseta com a foto do casal com as três crianças: Isabella e os dois outros netos. E os dizeres: "Casal Nardoni inocente! Justiça! A verdade prevalecerá!". Nas mãos, sacolas com mantimentos.

Funcionários do presídio afirmaram que ele conversou bastante com os outros presos. Para passar o tempo, trabalha no setor de roupas do presídio, onde é responsável por organizá-las de acordo com o tamanho. No mesmo presídio estão os Cravinhos, acusados de participar do assassinato dos pais de Suzane von Richthofen, e Lindemberg Alves, do caso Eloá Pimentel.

Já Anna Carolina, que se encontra presa num presídio feminino na mesma cidade, seguiu a mesma rotina nos últimos dias: dividida entre o trabalho na cozinha e as orações. Na cadeia, Anna se tornou evangélica e é vista com frequência em grupos de oração.

'O casal já chega condenado pela mídia' - entrevista com Roselle A. Soglio, advogada de defesa

A senhora acredita que o casal já chega ao tribunal condenado? Por quê? Quais as chances de os jurados mudarem de ideia?

O casal já chega condenado pela mídia e por tudo quanto foi veiculado em desfavor deles, de forma injusta. O casal é inocente, não temos dúvida. A chance de ser absolvido se dá na medida em que os jurados estiverem abertos para ouvir e entender o que a defesa tem a expor.

A defesa pretende explorar as contradições dos peritos que atuaram no caso?

Sim. A fralda encaminhada ao laboratório teve como resultado insatisfatório para sangue humano e também não se extraiu DNA. Isso impede a perícia de dizer se era sangue humano e se era de Isabella.

Por que o legista diz uma coisa na necrópsia e outra na certidão de óbito de Isabella Nardoni? Quais as outras contradições que vocês encontraram no processo?

Esta resposta nós, da defesa, e todo o Brasil queremos. Não sabemos o motivo da divergência. O que sabemos é que algo está errado. Só não adianta vir com explicações vagas e imprecisas, já que os próprios médicos legistas dizem, no processo, que conheciam a causa da morte de Isabella desde o primeiro instante.

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