Depois de duas separações e há três anos sem namorar sério, o ator, de 47 anos, diz que está na hora de encontrar um novo amor. Mas afirma que está mais seletivo e que ter o aval dos dois filhos em um relacionamento é fundamental
Por Clara Passi
QUEM: Você diz estar solteiro, “infelizmente”. O que, afinal, está faltando encontrar numa mulher?
MARCELLO NOVAES: Muita coisa. Estou solteiro há mais de três anos. Fui feliz assim por pouco mais de um ano, quis experimentar viver sem ter que amar, sem ter uma relação. Descobri que a felicidade não está necessariamente ligada a um relacionamento. Sinto falta, sim, de carinho, afeto, de algumas palavras, do carinho físico. Quando digo “agora está na hora” é porque me sinto mais maduro para ter uma mulher. Se pintasse agora, seria bacana. Por já ter namorado e casado duas vezes, ter filhos e morar sozinho, ficou mais difícil escolher alguém para ser minha amante, minha mulher. Estou mais seletivo. Não posso achar uma mulher bacana e logo casar. O aval dos filhos é primordial. Não gostou do meu filho, meu filho não gostou, acabou. Mas eles são muito fáceis de ser amados.
QUEM: Fani Pacheco alega que namorou você por um ano e acabou porque você não quis assumi-la publicamente. É verdade?
MN: Nunca escondi de ninguém que fiquei e que saí com a Fani. Tive um caso com ela, um relacionamento, mas nunca tivemos nenhum tipo de rótulo. Digo, com muita certeza, que nunca a namorei.
QUEM: Você lava, passa, cozinha. Isso é uma estratégia de sobrevivência para conseguir ficar tanto tempo solteiro?
MN: Estou pronto para casar (risos). Sim, foi uma necessidade. Quando saí da casa dos meus pais para morar sozinho numa quitinete no Leblon, minha mãe emprestava a empregada uma vez por semana para fazer uma faxina geral e cozinhar arroz, feijão e um frango assado. No resto dos dias, eu tinha que lavar minha roupa, passar, arrumar a cama, varrer a casa, cozinhar. Faço bem frango assado na laranja. Minha comida é muito simples. Gosto de misturar ingredientes: boto um alecrim na batata, jogo a casca com azeite no forno. Nos casamentos, era eu quem cuidava da casa, levava o carro para a revisão, cuidava das compras, do pagamento dos empregados.
QUEM: Você tem uma relação ótima com suas ex-mulheres. Depois de duas separações, o que você aprendeu sobre o gênero feminino?
MN: Vivo aprendendo. Aconselharia as mulheres a sempre avisar aos homens quando estiverem entrando na TPM, para que eles já saibam que qualquer reação anormal terá que ser relevada. Tive outras namoradas, mas fui casado e tenho filhos com elas, por isso convivo até hoje. São completamente diferentes, até na cor – uma é mulata e a outra, loira de olhos azuis. Scheila é superpé-no-chão, é uma estrutura sólida. Letícia é uma nuvem.
QUEM: Aos 47 anos, como o galã está se preparando para a chegada dos 50?
MN: Vejo umas rugas, mas ainda tenho muita disposição física. As pessoas se assustam quando digo que tenho 47, dizem que tenho cara de 37. Isso é fruto dos cuidados que tomo, sem radicalismo. Vou à churrascaria, bebo refrigerante, eventualmente saio à noite, bebo meu chope. Mas também faço esporte. Moro sozinho e tenho uma alimentação controlada. É suco todo dia e não tem fritura na minha casa. Plantei uma horta de onde colho os temperos que uso na cozinha. Receberei os 50 muito bem.
QUEM: Com uma carreira que abarca Malhação e novela das 8, o que ainda acha difícil fazer?
MN: Na Globo, o mais difícil é conseguir diversificar os personagens. Fazer drama, comédia, mocinho, vilão, e não ficar estigmatizado. Tive muita sorte de ter confiança dos autores e diretores. O diretor Jayme Monjardim me deu a chance de fazer Chiquinha Gonzaga, em que eu era um vilão. Fiz dramalhão em O Clone, em que Débora Falabella era uma viciada. Hoje, reencontro a comédia com o Bené.
QUEM: Você é da mesma turma do curso Tablado, de teatro, de Malu Mader, Drica Moraes, Maurício Mattar, Felipe Camargo. Existe algum traço que ligue essa geração?
MN: Sim e não. Bons atores se perderam por não ter tido a humildade de crescer passo a passo como eu fiz. Entrei na Globo como o André de Vale Tudo, que era o amigo do amigo, até chegar ao Raí (seu personagem na novela Quatro por Quatro, de 1994). Ser protagonista numa novela é quase escravidão. Você não tem tempo de ir a um dentista. Não faço a menor questão, não tenho essa egotrip. Se tivesse que escolher outro papel em Cama de Gato, escolheria de novo o Bené. Há muitos atores que poderiam ter se tornado protagonistas ou estar como estou hoje, mas não tiveram cabeça para se manter lá e saber se colocar como funcionários. Sou empregado da Globo, tenho que trabalhar.
QUEM: Houve convites para outras emissoras?
MN: Sim, um foi há dois anos e o outro, há uns oito meses, da Record. Tenho amigos atores que estão lá e outros como diretores-gerais, que me chamaram e disseram: “Marcello, aqui tem papel para você, negociamos o salário que você tem lá”. Mas acabei ficando na Globo. Se tivesse um contrato vitalício, assinaria.
QUEM: Em 2008, após ser agredido em uma boate, no Rio, você precisou passar por uma cirurgia plástica no rosto, além de ter que tratar uma hérnia cervical. Que outras marcas, além das físicas, o incidente deixou?
MN: Foi muito doloroso, em todos os sentidos. Machucou muito minha mãe, meu pai, meus filhos. Meu trabalho teve que ser interrompido, tiveram que mudar a história (o ator estava no ar em Três Irmãs). Treino jiu-jítsu há 23 anos, tenho aulas particulares, já treinei boxe e nunca soquei ninguém na rua. Frequentei academias, conheço grandes lutadores. Murilo Bustamante é meu amigo e é da paz. Minotauro é um doce. Esse rapaz (o agressor) é um faixa-roxa do jiu-jítsu, mas é do tipo que usa a luta de forma errada. O incidente me fez refletir sobre uma série de coisas e serviu de lição para meus filhos, que também treinam jiu-jítsu. Digo a eles: se brigar na rua, acabou.
QUEM: Que tipo de punição você espera para seu agressor?
MN: Conheço muitos lutadores. Os bons e os ruins. Todos ficaram muito indignados e vários se ofereceram para se vingar por mim – “Marcello, vou dar um jeito nesse cara, ele vai passear no porta-malas”, “vai ganhar um pau na praia, não vai nem saber o que é”. E eu sempre recusava. Será aplicada a ele a Justiça que o homem criou. O rapaz continua dizendo que não fez nada. Nem que assuma e diga que esse soco não era para mim. Que assuma que errou, que peça desculpa. Talvez isso fizesse com que o tratamento dado a ele na Justiça fosse amenizado. Como isso não está acontecendo, está nas mãos dos meus advogados. Depois, é outro assunto. Não sei o que vou fazer. Quando o caso for julgado, dependendo da sentença, verei o que vou fazer. Eliminei o rancor: tirei o problema de dentro de mim e entreguei a meu advogado.
Sulamérica Trânsito
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