ROBERTO MADUREIRA
da Agência Folha
Um estudante brasileiro de medicina foi morto na manhã desta terça-feira, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, pouco após deixar a universidade. Segundo a polícia boliviana, Jeferson Paro dos Santos, 28, foi atingido no braço por um tiro quando passava em frente a uma lanchonete, nas imediações da Ucebol (Universidade Cristiana de Bolívia).
O disparo partiu de um carro em movimento. O estudante caiu e um homem se aproximou a pé, atirando mais quatro vezes, no tórax e no rosto de Santos, que morreu no local. A irmã da vítima, também estudante de medicina, foi testemunha do crime. Vários alunos da Ucebol ouviram os disparos.
A polícia informou apenas ser um caso de vingança, pois nada foi roubado. Há duas semanas, Santos avisara a família, no Acre, que seu apartamento havia sido alvo de tiros.
"Ele disse que foi ameaçado, mas não disse o motivo. Eu sabia que ele estava com medo, mas ele não me falava", disse a mãe, Edna Paro dos Santos.
Santos era natural de Nova Andradina (MS), com família em Rio Branco (AC). Filho de comerciantes, sua mãe foi candidata a deputada federal pelo PT nas eleições de 2002. Vivia na Bolívia há seis anos, era divorciado e tinha dois filhos.
O vice-consulado do Brasil em Santa Cruz foi informado ainda pela manhã do crime. O cônsul-geral adjunto, Márcio Dorneles, disse que cobrou respostas da polícia local. "Pelo que me foi passado, foi um acerto de contas. Mas é preciso esclarecer o motivo, pois há muitos outros brasileiros aqui", afirmou Dorneles.
Violência
Alan Floriano, 23, também estudante de medicina em Santa Cruz de La Sierra e amigo de Santos, disse que a violência contra estudantes brasileiros é grande na cidade. Ele disse acreditar que a morte tenha sido motivada por uma briga, dias antes, em uma festa.
"Eles o ameaçaram, mas jamais achei que pudesse acontecer algo mais sério", disse. Na comunidade do site Orkut "Medicina na Bolívia", com 1.500 membros, estudantes criticavam hoje as condições de segurança em Santa Cruz de La Sierra.
O diretor jurídico da Ucebol, Fredy Garcia, atribuiu a violência a um suposto comportamento ostensivo dos brasileiros. Disse que houve uma "avalanche" de brasileiros na cidade nos últimos anos, que "ostentam pertences não muito comuns para a maioria dos bolivianos".
"Tentamos dar segurança a todos, mas quem deveria olhar para como os brasileiros vivem aqui são os dirigentes e diplomatas brasileiros", disse.
O governo de Santa Cruz de La Sierra reconheceu, por meio de assessoria de imprensa, que há um alto índice de crimes contra estudantes na cidade. Negou, contudo, que brasileiros sejam os únicos alvos. Informou ainda que vai lançar neste mês um programa para aumentar a vigilância na área de universidades.
Há na cidade pelo menos cinco universidades particulares de medicina, que atraem muitos estudantes brasileiros, mesmo que seus diplomas não valham no Brasil.
Segundo o consulado brasileiro em Santa Cruz, cerca de 10.000 brasileiros vivem no município, de 1,5 milhão de habitantes. Um terço desse total são estudantes e, em geral, filhos de famílias de classe média.
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