FHC cobra Lula pelas críticas contra aumento de investimento estrangeiro
Clarissa Oliveira
De acordo com o ex-presidente, seu sucessor adota exatamente a mesma estratégia. "Na Petrobrás, o que nós fizemos é o que ele está fazendo no Banco do Brasil", afirmou FHC. "Foi ele (Lula) que aumentou a venda lá fora. Então, porque é que ele reclamou da Petrobrás?", provocou o tucano.
Fernando Henrique não esperou sequer ser indagado pelos jornalistas sobre o assunto. Enquanto a imprensa o indagava sobre o plano de Lula de consolidar as leis sociais criadas durante seu governo, FHC teve a iniciativa de engatar no assunto, afirmando que o presidente havia anunciado uma decisão "mais interessante ainda".
O aval de Lula ao aumento do limite para a participação de investidores estrangeiros no Banco do Brasil foi dado por meio de decreto presidencial, publicado anteontem no Diário Oficial da União. Com a medida, o governo elevou o teto da participação estrangeira de 12,5% para 20% e autorizou o banco a emitir recibos de ações ordinárias (ON) na Bolsa de Valores de Nova York. A mudança nas regras vai permitir um reforço de R$ 7 bilhões no capital da instituição, comparável apenas à capitalização de aproximadamente R$ 8 bilhões, realizada justamente durante o governo de Fernando Henrique.
Quando era presidente, o tucano também abriu o setor do petróleo ao capital privado, tanto nacional como estrangeiro. Tradicionalmente, o PT mantém uma posição crítica em relação a mudanças no modelo de empresas estatais realizadas no governo FHC, em especial as privatizações. O assunto embalou, por exemplo, boa parte dos discursos petistas durante a campanha de reeleição do presidente Lula, em 2006.
Fernando Henrique, que na mesma eleição cobrava do PSDB uma defesa mais firme das privatizações de seu governo, disse ontem que a mudança na participação estrangeira no Banco do Brasil insere a instituição no "jogo contemporâneo". Isso não significa, de acordo com o ex-presidente, eliminar da administração federal o conceito de empresa estatal, mas sim "dar maior dinamismo" ao banco e transformá-lo "numa grande empresa".
"Foi o que eu fiz na Petrobrás, transformá-la numa grande empresa. Se ela é o que é hoje é porque tiramos as amarras que seguravam a Petrobrás, que a transformavam quase numa repartição pública", completou Fernando Henrique, que concluiu o raciocínio em tom irônico: "No Banco do Brasil, o Lula está fazendo isso. Parabéns".
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