Flávio Laginski
Divulgação |
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Um filme sobre sua vida será lançado em 2010. |
Hoje, uma importante personagem feminina da história do Brasil e da Itália completa 160 anos de sua morte. A catarinense Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais conhecida como Anita Garibaldi (1821-1849) e como a “heroína de dois mundos”, ficou famosa por se juntar ao revolucionário Giuseppe Garibaldi e por sua bravura, honra e coragem, admirada nesses dois países. O seu legado sobrevive até os dias de hoje e Anita é considerada como uma das mulheres mais valentes e fortes de sua época.
Nascida em uma família humilde no dia 30 de agosto, o local de seu nascimento gera dúvidas até hoje. Alguns historiadores acreditam que a guerreira teria nascido na cidade de Lages.
Outros defendem que Anita seria natural do município de Laguna. Porém, para o produtor de cinema e diretor artístico da Associação Giuseppe Garibaldi, Rubens Genaro, isso é o que menos importa na gloriosa história dessa heroína.
“Saber onde Anita Garibaldi nasceu, para mim, não importa. O que mais interessa na sua vida é o fato de que ela já demonstrava ter ideais republicanos, posicionamento no qual norteou sua vida”, avalia o diretor artístico.
Segundo Genaro, a posição republicana de Anita deve-se porque sua família era de tropeiros e era constantemente tributada pelo Império. “Acredito que isso fez com que seu posicionamento político tenha aflorado”, revela.
A vida de Anita foi bem árdua. Após o falecimento do pai, ela precisou ajudar no sustento de sua família. Aos 14 anos, obrigada pela mãe, Maria Antônia de Jesus, casa-se com o sapateiro Manuel Duarte de Aguiar.
O casamento dura apenas três anos, quando seu marido alista-se no exército imperial e a abandona. Nesse ínterim, ela conhece Giuseppe Garibaldi e seria de extrema importância na vida do revolucionário italiano.
“Além de ser o grande amor da vida de Garibaldi, Anita, que era uma excelente amazona, ensina-o a cavalgar. Dominando a arte de fazer guerrilha a cavalo, Giuseppe conquista expressivas vitórias tanto na América do Sul como na Europa. Afirmo que se ele não tivesse conhecido Anita, jamais seria esse importante e excepcional guerreiro”, garante.
Anita e Giuseppe se conheceram durante a Revolução Farroupilha, quando o italiano, a serviço da República Rio-Grandense, participou da tomada do controle do porto de Laguna.
A partir daí, Anita passa a seguir Giuseppe por todos os lugares onde ele lutou. Na batalha de Curitibanos, início de 1840, a catarinense fora capturada. O comandante do exército imperial permitiu que ela fosse procurar o suposto cadáver de seu marido.
Os guardas se distraíram e ela conseguiu tomar um cavalo e fugir em direção ao Rio Grande do Sul, onde veio a se encontrar com Giuseppe em Vacaria. Pouco tempo depois, nascia o primeiro filho do casal, chamado Menotti Garibaldi.
O exército do Império cercou a casa onde Anita se encontrava. Ela foge a cavalo, levando consigo o recém-nascido e se esconde em um bosque por quatro dias, até que seu marido a encontrou.
“Depois de receberem a baixa do exército rio-grandense pelo general Bento Gonçalves, Anita e Giuseppe vão para Montevidéu, no Uruguai. Eles passam sete anos nesse país e foi o período mais tranquilo da vida do casal. Nascem aí seus outros filhos Rosa, Teresa e Ricciotti Garibaldi. Após deixar o Uruguai, o casal foi fazer história na Itália”, conta Genaro.
Em solo europeu, no ano de 1847, Anita e Giuseppe participam das forças militares para a unificação da Itália. “A presença desses dois foi fundamental para que a Itália fosse unificada. As batalhas vencidas pelos dois, contra exércitos muito mais numerosos, garantiu isso. Anita era a única mulher lutando. Por causa e disso e também de sua bravura, existe uma estátua dessa heroína para mostrar o valor e os feitos dela durante essas batalhas”, informa Genaro.
Anita Garibaldi faleceu no dia 4 de agosto de 1849, na cidade italiana de Ravena. Giuseppe não pôde acompanhar o enterro da esposa, pois era perseguido por forças austríacas.
Após os dez anos em que esteve fora da Itália, Giuseppe retornou à sua terra natal e transferiu os restos mortais de Anita para Nice, na França. Em 1932, o corpo de Anita foi transferido para Roma, em um monumento construído em sua homenagem.
No Brasil, existem duas cidades com o nome de Anita: Anita Garibaldi e Anitópolis, ambas em Santa Catarina. O seu nome também está presente em diversas ruas brasileiras. “Anita foi e sempre será um exemplo para todas as mulheres. Todo o legado dessa brasileira é digno de se admirar”, encerra o diretor artístico.
Filme
Rubens Genaro está produzindo um filme que conta um pouco da história de Anita Garibaldi. Intitulado Anita y Garibaldi. O filme deve focar até o momento em que nasce o primeiro filho.
Contando com atores conhecidos nos principais papéis (Gabriel Braga Nunes como Giuseppe e Ana Paula Arósio como Anita), o filme está praticamente pronto, faltando, segundo Genaro, cerca de 22% para termina-lo. Todas as filmagens foram realizadas em São Francisco do Sul, Santa Catarina, e a previsão de estreia será para o ano que vem.
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