Publicada em 04/08/2009 às 16h43m
Fernanda BaldiotiRIO - Diante do crescente número de óbitos em decorrência da gripe suína, especialistas já defendem um novo adiamento da volta às aulas no estado do Rio para conter a disseminação da doença. O prazo da prorrogação das férias, no entanto, ainda não é consenso. Mas, fica em torno de mais uma semana ou até o fim de agosto, quando a temperatura já estaria mais amena.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), Luis Fernando Moraes, ressalta que a medida é necessária pois não há nenhum sinal de que o surto de gripe suína esteja sob controle ou em diminuição. Segundo Moraes, todas as ações para contenção do vírus devem ser reavaliadas dinamicamente:
- O tempo está frio, o que ajuda na proliferação do H1N1. No Rio, o retorno às aulas deveria ser adiado por, pelo menos, mais uma semana além do previsto, com os alunos voltando aos colégios no dia 17. O ideal é que, no dia 14, fosse reavaliada a necessidade de prorrogar ainda mais o retorno das atividades escolares.
Moraes explica que a medida é eficaz porque as crianças se contaminam no colégio e levam a doença para casa e a transmitem para os familiares:
- As crianças muito novas, além de serem parte do grupo de risco, não têm o cuidado de espirrar corretamente, de lavar as mãos. Elas brincam, se abraçam, interagem muito nos recreios e acabam levando o vírus para dentro de casa.
Além disso, as crianças mantêm o vírus por mais tempo no corpo e mesmo após curadas dos sintomas podem transmitir a doença, conforme explica o infectologista e presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio, Celso Ferreira Ramos Filho. Para ele, é difícil precisar o prazo ideal de prorrogação da volta às aulas pois as informações divulgadas pelo governo com relação à doença são basicamente referentes aos óbitos, o que dificulta uma análise sobre o estágio do ciclo do vírus:
- No Chile, a disseminação está começando a cair. Mas, acredito que no Brasil, o ciclo ainda não tenha alcançado o pico máximo. Certamente, uma semana de adiamento é pouco.
Celso pondera, no entanto, que o cancelamento do retorno às aulas em universidades é um exagero, já que nessas instituições de ensino não circulam crianças. Ele critica também o adiamento das atividades escolares em cidades e estados poucos afetados pela doença.
- O Brasil é um país enorme. O que está acontecendo no Rio não é, necessariamente, o que acontece em Campos. O Japão conseguiu controlar a epidemia no primeiro semestre e fez isso através do fechamento seletivo de escolas. As aulas só foram interrompidas naquelas que ocorreram casos. Lá, quando se tem um período de maior incidência de gripe, a autoridade na escola pode fechá-la - afirmou Celso.
Os pais, por sua vez, não devem deixar que os filhos fiquem em locais fechados e aglomerados. A presidente da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro (Soperj), Fátima Coutinho, ressalta que as atividades ao ar livre devem ser privilegiadas:
- Este adiamento exige um compromisso das famílias de que as crianças não ficarão aglomeradas em outros locais. Isso precisa ser muito trabalhado porque se ela não vai para escola, mas vai para outro local fechado e com muita gente, o risco é o mesmo. É importante adiar desde que as famílias se conscientizem que não é para substituir um aglomerado por outro.
Segundo Fátima, o que se imagina é que até o fim de agosto a contaminação e os casos de gripe suína vão se manter altos. Ela defende que as aulas sejam prorrogadas até o dia 17, como foi feito nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul e que, posteriormente se avalie se há necessidade de novo adiamento.
O chefe da pediatria da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Marcos Lago, vai além e defende que a suspensão das aulas dure até o fim de agosto:
- Essa epidemia começou agora, mais ou menos no mês de julho, ela deve ter um pico no mês de agosto, e terminar, até no máximo, no meio de setembro. As crianças são grandes disseminadoras do vírus, não que elas tenham necessariamente mais risco de adoecer ou de ter agravos importantes, isso é uma outra historia, mas elas realmente disseminam mais o vírus, passam mais tempo passando o vírus para as outras pessoas - disse Lago, em entrevista ao RJTV.
Leia Mais: Gripe Suína: especialistas e professores discutem adiamento da volta às aulas
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