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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Gripe suína: Brasil investiga 2 casos suspeitos e Anvisa pede que população evite pânico


Publicada em 26/04/2009 às 23h53m

Wagner Gomes e Jailton de Carvalho, O Globo

SÃO PAULO - Um homem que chegou recentemente do México foi internado no sábado no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, com sintomas de gripe. Ele é brasileiro e tem 30 anos. Segundo o médico Edenilson Calore, o paciente está clinicamente bem, mas permanecerá isolado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até que todas as evidências da doença da gripe suína sejam descartadas. Uma mulher que também chegou do México com sintomas da infecção passou por uma consulta neste domingo no Emílio Ribas, mas não chegou a ficar internada.

- Ela também tinha um quadro de gripe, mas os dados epidemiológicos eram muito menores e ela foi liberada. Estamos agora aguardando os resultados dos exames para confirmar se o paciente internado em isolamento é ou não portador da gripe suína - disse Calore.

Em nota oficial, o Ministério da Saúde duvida da contaminação, afirmando que os dois casos tratados inicialmente como suspeitos estão descartados. "Os dois casos estão sendo investigados para identificar a causa do quadro clínico, mas não atendem à definição de caso suspeito de influenza suína por não apresentarem sinais e sintomas compatíveis com a doença: febre acima de 39 graus Celsius, acompanhada de tosse e/ou dores de cabeça, musculares e nas articulações", diz o documento divulgado no início da noite de domingo.

Também em nota, a Secretaria de Saúde do estado de São Paulo diz que o homem foi internado no hospital com tosse e dores no corpo. De acordo com a secretaria, o quadro clínico dele, não cumpre os critérios do Ministério da Saúde para a definição de caso suspeito de gripe suína, uma vez que ele não apresenta febre.

O diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José Agenor Álvares, afirmou que as autoridades sanitárias estão em alerta para o avanço da gripe suína em alguns países, mas a população brasileira não deve deixar se levar pelo medo. Em nota oficial, o Ministério da Saúde informa que os dois passageiros desembarcados em São Paulo com suspeitas da doença não estão contaminados com a doença.

- Tem que ter cuidado para que a gente não se deixe levar pelo pânico. A OMS e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA estão emitindo alertas e até o momento não houve nenhum alerta restritivo - afirmou Agenor.

Mas o problema tem preocupado autoridades brasileiras e estrangeiras. Na tarde de domingo, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, telefonou da Turquia para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e fez um relato sobre as providências adotadas pela Anvisa e pelo ministério. Nesta segunda-feira, Temporão participa de um congresso mundial em Istambul e a expectativa é de que a mobilização internacional contra o avanço da gripe suína se torne o centro das discussões.

A gripe suína é o nome da doença causada pelo vírus H1N1, uma combinação das cepas dos vírus suíno, aviário e humano. O exame para diagnosticar a infecção é feito com a retirada de material da cavidade oral. A internação no setor de isolamento é uma medida preventiva, segundo médicos. A doença é viral e pode ser transmitida pelo ar. O médico recomenda usar máscara cirúrgica para evitar a transmissão. Segundo Calore, os sintomas da gripe suína são semelhantes ao da comum, como febre, cansaço, dores pelo corpo e tosse. Por enquanto, não há vacinas para humanos, apenas para porcos.

Para o infectologista David Uip, a não ser pelo fato de o paciente internado no Emílio Ribas ter vindo do México, ele não apresenta sintomas que possam ser atribuídos à gripe suína. Uip explicou que é natural que, numa situação como esta, com vários casos no México e nos Estados Unidos, as autoridades brasileiras tomem precauções.

- É preciso ter cautela para não criar pânico, mas a preocupação com uma epidemia existe, já que a transmissão entre seres humanos se dá pela respiração e há dificuldade para contê-la - comentou o infectologista.

Uip acrescentou que o Brasil tem hospitais com estruturas adequadas para atender pessoas com este tipo de diagnóstico, mas tudo dependerá da demanda. Em São Paulo, o Hospital Emílio Ribas e o Hospital das Clínicas possuem quartos de isolamento, com $interno de oxigênio, para impedir a contaminação do ar. Se necessário, explicou o médico, outros hospitais podem ser adaptados.

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