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domingo, 9 de novembro de 2008

Prestes a fazer 100 anos, Manoel de Oliveira teme falta de dinheiro para filmar

Manoel de Oliveira, cineasta português

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PORTO, Portugal (AFP) — O quase centenário cineasta português Manoel de Oliveira, ganhador da Palma de Ouro honorário no último festival de Cannes, receia a falta de dinheiro para fazer seus filmes, mas afirma que está disposto a voltar a filmar nas mesmas condições espartanas de sua juventude desde que possa dirigir.

"O financiamento de meu próximo filme está garantido, mas o projeto que pretendo fazer depois, ainda não sei. Receio que vou ter problemas de financiamento", declarou o diretor em entrevista à AFP no Porto, cidade onde nasceu em 12 de dezembro de 1908.

"Apesar de ter dificuldades para obter dinheiro para meu próximo filme, não quero deixar de filmar", afirma o cineasta, que já trabalhou com nomes consagrados como Marcelo Mastroianni, Catherine Deneuve e John Malkovich.

No próximo dia 23 ele começa a rodar seu novo filme, "Singularidades de uma rapariga loira", adaptação de um conto do romancista português Eça de Queiroz, que Oliveira espera poder apresentar no Festival de Belim em fevereiro próximo.

Já o filme seguinte, "O estranho caso de Angélica", ele gostaria de ter pronto para apresentar em maio, no Festival de Cannes. "Não acho que terei tempo pra fazer outro para o Festival de Veneza (em setembro", diz o enérgico diretor com um largo sorriso.

A respeito de tanta energia, que parece aumentar com o avançar da idade, Manoel de Oliveira responde: "Não tenho nenhum segredo. É um capricho da natureza, que decide e rege tudo isso. Devemos respeitá-la".

Nos últimos 20 anos, o cineasta português dirigiu uma média de um filme por ano. A parte mais importante de sua obra foi feita depois de completar 60 anos, depois da revolução de 25 de abril de 1974, que acabou com a ditadura salazarista.

Ele estreou na época do cinema mudo, em 1931, com um documentário sobre sua cidade ntal intitulado "Douro, faina fluvial". Quando veio o som no cinema, ele lembra que foi contra.

"Eu não era o único", defende-se agora. "Muita gente boa também se opunha. O cinema mudo era um modo de expressão que se bastava por si só. Deixava de lado o aspecto literário e teatral para ressaltar o aspecto fotográfico. Quando o cinema ganhou som, deixou de ter esse aspecto utópico, esta dimensão de sonho - porque o sonho não tem som oou palavras - e se tornou muito mais realista".

Indagado sobre as homenagens que deve receber pelos seus cem anos de vida, Manoel de Oliveira, classificado às vezes de "cineasta de cinéfilos", responde rindo: "Certamente as pessoas conhecem mais minha idade do que meus filmes. Mas me sinto feliz quando alguém vê meu filme e entende o que eu quis dizer. Nada é mais gratificante".




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