MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Campinas
Três policiais civis de Campinas (93 km de SP) são acusados pelo Ministério Público de seqüestrar uma traficante de drogas para extorquir R$ 15 mil do chefe da suposta quadrilha. Dois dos investigadores estão presos e um, foragido.
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público denunciou os três agentes por extorsão mediante seqüestro há cerca de 20 dias. A prisão dos policiais foi decretada na semana passada e um deles foi preso na última quarta-feira.
O investigador Itamar Gomes da Silva foi preso pela Corregedoria da Polícia Civil de Campinas. O policial Márcio da Silva Passos já tinha sido preso há um mês em razão de outra acusação de extorsão. O terceiro policial investigado, Edson José Casteletti, está foragido.
A suposta extorsão ocorreu em abril. O caso começou a ser monitorado pela Promotoria após a interceptação de um telefonema feito pelos policiais ao suposto chefe da quadrilha, Alan Diego da Silva, o "Bebê", que tinha o celular monitorado em outra investigação sobre tráfico na cidade.
Segundo a denúncia, os policiais prenderam uma traficante conhecida como "Loira" e a levaram para a sede da Dise (Delegacia de Investigação Sobre Entorpecentes). Telefonaram para o celular de Silva e pediram dinheiro em troca da liberdade da mulher.
O suposto traficante enviou um representante para negociar com os policiais em um bar. Embora os promotores não tenham flagrado pagamento, "Loira" foi liberada no mesmo dia. Os policiais mantiveram a mulher na delegacia sem anuência do delegado responsável pela unidade, segundo a Promotoria.
"É uma inversão de valores. Em vez de agir como policiais e prender os traficantes, eles exigiram dinheiro para libertá-la.", disse o promotor do Gaspar Pereira da Silva.
"Loira" responde a processo por tráfico e foi incluída em um programa de proteção a testemunhas. "Bebê" foi preso após a denúncia dos promotores.
A Corregedoria da Polícia Civil em Campinas informou que abriu uma investigação disciplinar sobre o caso, que pode terminar com a exoneração dos policiais. A reportagem não localizou advogados dos policiais.
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