Publicada em 16/09/2008 às 23h38m
Patrícia Sá Rêgo - O Globo Online e O GloboRIO - O traficante Antônio José Ferreira, o Tota, pode ter sido assassinado por integrantes da quadrilha que chefiava no Complexo do Alemão , por ordem do traficante Fernandinho Beira-Mar, como apontam setores de inteligência da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança. É o que informa reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal O Globo (acesso à íntegra somente para assinantes).
Tota, primeiro na lista de procurados pela polícia do Rio, seus dois irmãos e mais cinco aliados teriam sido mortos numa emboscada na Rua Joaquim de Queiroz, acesso à Favela da Grota, em Ramos.
A execução teria sido uma represália dos principais chefes da facção criminosa de Tota, como Beira-Mar e Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP (que chegou a ser apontado como o mandante do suposto assassinato de Tota), que estão presos em penitenciárias federais em Catanduvas (PR) e Campo Grande (MS). O motivo seria o seqüestro de três operários chineses e do vice-cônsul do Vietnã, Vu Thanh Nam, ocorrido na Estrada das Paineiras, em agosto . Segundo as investigações, a quadrilha de Tota errou ao praticar o crime, pois a ordem era seqüestrar turistas estrangeiros que pudessem ser usados como moeda de troca, para exigir o retorno dos chefes da facção para presídios do Rio. Além disso, o bando teria perdido em operações policiais grande quantidade de drogas e armas.
Os serviços de inteligência das polícias Civil e Militar citam ainda como causa da morte de Tota a execução de uma mulher que era querida entre os chefes de sua facção criminosa, mas que Tota acreditaria ser uma traidora. Tota também teria, de acordo com a polícia, dado uma surra num traficante conhecido como Mike, da Vila Cruzeiro, e não estava aceitando passar o comando do tráfico no Complexo do Alemão para Luciano Pezão (acusado de ter assassinado Tota). Tal comportamento, ainda de acordo com investigações da polícia, estavam desagradando à facção criminosa, que mandou executá-lo.
Na estréia, novo caveirão enguiçaNa tarde desta terça, 80 homens do Batalhão de Operação Especiais (Bope) ocuparam parte do Alemão, mas até o início da noite nenhum corpo havia sido encontrado. Na operação, um dos novos caveirões da polícia enguiçou no alto da Favela Nova Brasília. A Secretaria de Segurança informou que o veículo tinha sido atingido por uma granada. O veículo foi rebocado, com cabos de aço, por outro blindado, mas o caveirão antigo que rebocava o novo também enguiçou. Foi preciso que os PMs pegassem água num bar em frente para pôr no radiador.
Ministério Público denuncia quadrilha do traficante Tota, que estaria mortoA 6ª Promotoria de Investigação Penal do Ministério Público do Rio de Janeiro ofereceu denúncia e pediu a prisão preventiva, nesta terça-feira, contra o traficante Antônio de Souza Ferreira, o Tota e mais sete acusados pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de drogas no Morro da Fé, Morro do Sereno, Vila Cruzeiro e Morro da Caixa D'Água, na Zona Norte. Da manhã desta terça-feira até a tarde, o serviço registrou 12 denúncias informando a possibilidade de Tota ter sido morto por criminosos da mesma facção.
O Ministério Público também denunciou Jansen Paraíba; Fabiano Anastácio da Silva, o FB; Paulo Rogério de Souza Paz, o Mica; François Soares Suassuna; Marcelo Santana Viana, o Marcelino; Ricardo Severo, o Faustão; e Adriano Lima da Silva, o Diabão. Segundo a denúncia, os acusados controlavam o tráfico e a venda de drogas nos morros, cumprindo determinação dos chefes da facção.
A polícia monitorou as transações da quadrilha utilizando, inclusive, interceptações telefônicas realizadas com autorização judicial. As investigações indicaram que Tota seria o chefe da quadrilha.
Em maio de 2007, o Disque-Denúncia aumentou a recompensa do traficante Tota de R$ 2 mil para R$ 10 mil para quem desse informações que levassem à prisão do criminoso. Nesse período foram registradas 422 denúncias sobre o traficante e outros integrantes da mesma quadrilha.
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