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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Traficante Tota teria sido morto por ordem de Beira-Mar, por erro em seqüestro


Publicada em 16/09/2008 às 23h38m

Patrícia Sá Rêgo - O Globo Online e O Globo Novo caveirão quebra em sua primeira operação no Complexo do Alemão. Foi rebocado por um modelo antigo que ferveu durante o caminho até o 16º batalhão. . Foto Marcelo Carnaval / Agência O Glob

RIO - O traficante Antônio José Ferreira, o Tota, pode ter sido assassinado por integrantes da quadrilha que chefiava no Complexo do Alemão , por ordem do traficante Fernandinho Beira-Mar, como apontam setores de inteligência da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança. É o que informa reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal O Globo (acesso à íntegra somente para assinantes).

Tota, primeiro na lista de procurados pela polícia do Rio, seus dois irmãos e mais cinco aliados teriam sido mortos numa emboscada na Rua Joaquim de Queiroz, acesso à Favela da Grota, em Ramos.

A execução teria sido uma represália dos principais chefes da facção criminosa de Tota, como Beira-Mar e Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP (que chegou a ser apontado como o mandante do suposto assassinato de Tota), que estão presos em penitenciárias federais em Catanduvas (PR) e Campo Grande (MS). O motivo seria o seqüestro de três operários chineses e do vice-cônsul do Vietnã, Vu Thanh Nam, ocorrido na Estrada das Paineiras, em agosto . Segundo as investigações, a quadrilha de Tota errou ao praticar o crime, pois a ordem era seqüestrar turistas estrangeiros que pudessem ser usados como moeda de troca, para exigir o retorno dos chefes da facção para presídios do Rio. Além disso, o bando teria perdido em operações policiais grande quantidade de drogas e armas.

A polícia investiga a suposta morte de Tota. Foto: Pablo Jacob

Os serviços de inteligência das polícias Civil e Militar citam ainda como causa da morte de Tota a execução de uma mulher que era querida entre os chefes de sua facção criminosa, mas que Tota acreditaria ser uma traidora. Tota também teria, de acordo com a polícia, dado uma surra num traficante conhecido como Mike, da Vila Cruzeiro, e não estava aceitando passar o comando do tráfico no Complexo do Alemão para Luciano Pezão (acusado de ter assassinado Tota). Tal comportamento, ainda de acordo com investigações da polícia, estavam desagradando à facção criminosa, que mandou executá-lo.

Na estréia, novo caveirão enguiça

Na tarde desta terça, 80 homens do Batalhão de Operação Especiais (Bope) ocuparam parte do Alemão, mas até o início da noite nenhum corpo havia sido encontrado. Na operação, um dos novos caveirões da polícia enguiçou no alto da Favela Nova Brasília. A Secretaria de Segurança informou que o veículo tinha sido atingido por uma granada. O veículo foi rebocado, com cabos de aço, por outro blindado, mas o caveirão antigo que rebocava o novo também enguiçou. Foi preciso que os PMs pegassem água num bar em frente para pôr no radiador.

Ministério Público denuncia quadrilha do traficante Tota, que estaria morto

A 6ª Promotoria de Investigação Penal do Ministério Público do Rio de Janeiro ofereceu denúncia e pediu a prisão preventiva, nesta terça-feira, contra o traficante Antônio de Souza Ferreira, o Tota e mais sete acusados pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de drogas no Morro da Fé, Morro do Sereno, Vila Cruzeiro e Morro da Caixa D'Água, na Zona Norte. Da manhã desta terça-feira até a tarde, o serviço registrou 12 denúncias informando a possibilidade de Tota ter sido morto por criminosos da mesma facção.

Foto: Pablo Jacob

O Ministério Público também denunciou Jansen Paraíba; Fabiano Anastácio da Silva, o FB; Paulo Rogério de Souza Paz, o Mica; François Soares Suassuna; Marcelo Santana Viana, o Marcelino; Ricardo Severo, o Faustão; e Adriano Lima da Silva, o Diabão. Segundo a denúncia, os acusados controlavam o tráfico e a venda de drogas nos morros, cumprindo determinação dos chefes da facção.

A polícia monitorou as transações da quadrilha utilizando, inclusive, interceptações telefônicas realizadas com autorização judicial. As investigações indicaram que Tota seria o chefe da quadrilha.

Foto: Luciola Vilella

Em maio de 2007, o Disque-Denúncia aumentou a recompensa do traficante Tota de R$ 2 mil para R$ 10 mil para quem desse informações que levassem à prisão do criminoso. Nesse período foram registradas 422 denúncias sobre o traficante e outros integrantes da mesma quadrilha.

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