A greve de categorias ligadas à Polícia Civil e deflagrada na terça-feira (16) deve continuar nesta quarta, segundo a coordenação do movimento. A paralisação deve durar até que o governo apresente uma nova proposta.
A ação de hoje consiste em utilizar um carro de som para visitar as delegacias de polícia que não aderiram ao movimento ontem. A finalidade é tentar convencer os agentes a também cruzarem os braços.
No primeiro dia de greve, centenas de pessoas que procuraram a polícia para registrar casos como de furto, roubo e perda de documentos foram orientadas a voltar para casa.
Nas cadeias públicas, principalmente do interior do Estado, advogados não puderam visitar os presos --que também não foram levados a audiências no fórum. Só foram cumpridos mandados de soltura.
A Folha esteve ontem em 45 dos 93 distritos policiais da capital e verificou que em 26 o atendimento estava restrito a casos de maior gravidade. Segundo o sindicato, desses 93, 62 apoiaram o movimento. No interior, diz a entidade, a adesão foi ainda maior: atingiu 49 das 52 delegacias seccionais.
A gestão José Serra (PSDB) não quis fazer um balanço da greve. Por meio de nota oficial, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que a greve é "despropositada" e que os policiais optaram pelo "risco e pela intransigência".
Os policiais estão em estado de greve desde o dia 13 de agosto, quando fizeram paralisação de apenas sete horas. Eles reivindicam aumento salarial de 15% neste ano e reajustes de 12% nos dois anos seguintes. A pauta de reivindicações inclui outros itens como a eleição direta para delegado-geral. Por sua vez, o governo ofereceu um investimento de R$ 500 milhões na folha de pagamento em 2009.
Balanço da Adpesp (associação dos delegados de polícia do Estado), aponta que, das 8h às 13h de ontem, foram registrados na capital 230 boletins de ocorrência (que dão o início à investigação policial). Na terça passada, sem greve, foram 497 no mesmo período.
Policiais de delegacias de Ribeirão Preto, Araraquara, São Carlos e Franca afirmaram que cerca de 300 pessoas deixaram de ser atendidas ontem. "Toda a greve causa um certo prejuízo à população. Mas estamos procurando fazer de tal forma que cause o menor prejuízo possível", diz o presidente da Adpesp, Sérgio Marcos Roque.
Cartilha
Para orientar como o agente deve se portar durante a paralisação, foi formulada uma cartilha com recomendações ao policial civil a respeito da greve.
A primeira parte é composta de perguntas e respostas, tais como se o agente pode ou não ser punido durante o ato e se a chefia pode impedir a adesão dos subordinados.
A segunda parte é composta por procedimentos que podem ou não ser realizados durante o ato. O que pode, por exemplo, é o registro de prisões em flagrante, capturas de procurados, homicídios e remoção de cadáveres em residências ou nas vias públicas. Trabalhos de investigação para elucidação dos crimes, por exemplo, deve ser suspenso durante a paralisação.
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