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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A nova imagem de Obama



Autor(es): Hugo Cilo
Isto é Dinheiro - 08/08/2011

Presidente faz 50 anos com a sensação de alívio após elevação do teto da dívida, mas enfrenta a agonia de administrar um país superendividado e o desafio de preservar sua reputação

Pela primeira vez na história recente dos Estados Unidos, a celebração da festa de aniversário de um presidente não teve fogos de artifício, salvas militares, nem charutos e drinques no jardim da Casa Branca. Numa festa modesta, em Chicago, em tom de evento beneficente, Barack Obama recebeu, na quinta-feira 4, líderes democratas, representantes de entidades não governamentais e alguns de seus eleitores. Não poderia ser diferente. Nas últimas semanas, Obama, que completou 50 anos, viveu um autêntico inferno astral até que a elevação do teto da dívida americana, hoje em US$ 14,3 trilhões, fosse aprovada na Câmara e no Senado.

Visivelmente desgastado pelo risco de calote da dívida, que levaria o mundo a um novo ciclo de crise de confiança, o presidente, que se diz aliviado, precisará administrar uma economia superendividada – porque a autorização para elevar o endividamento só funciona com um aumento do cheque especial, não elimina o débito – ao mesmo tempo em que tenta sua reeleição em 2012. "O encanto do eleitor americano com o presidente Obama acabou", diz Jeremy Failler, economista do banco Goldman Sachs, especialista em gestão pública.

Mais do que resgatar o encanto do eleitor, Obama precisará construir sua imagem de exímio gestor – perfil construído durante as eleições que tiraram Geoge W. Bush e os republicanos da Casa Branca – para conseguir se manter no comando da maior economia do planeta. O aumento da dívida em US$ 2,1 trilhões está condicionado a um profundo corte de custos. O acordo impõe um corte imediato de US$ 1 trilhão no déficit, e outros US$ 1,5 trilhão em dez anos. Mas a ideia de Obama de conseguir reduzir em US$ 4 trilhões a dívida nos próximos 12 anos pode ser mais um tiro no pé. "A saída encontrada pelos americanos é desastrosa", disse o economista Paul Krugman. "O corte no orçamento irá agravar a doença." Krugman chega a comparar uma técnica medieval que usava sanguessugas em pacientes com lepra.

"Isso vai debilitar ainda mais uma economia doente." O corte, inegavelmente, será sentido na pele pelos americanos. Obama propõe o congelamento das despesas não obrigatórias no orçamento federal, o que permitirá economizar US$ 770 bilhões em 12 anos. A proposta também prevê economias no orçamento da área de Defesa no valor de US$ 400 bilhões, vinculada à variação da taxa de inflação, além da eliminação dos cortes de impostos concedidos às pessoas de maior poder aquisitivo. Aparentemente, Obama aprendeu duas lições ao completar 50 anos. A de que idade traz maturidade e que, na tradição americana, geralmente os mais velhos é que pagam a conta.







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