Rossi diz que acesso de lobista foi 'descuido' de equipe
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou nesta quarta-feira que a equipe da pasta que controla o acesso de pessoas pela entrada privativa do ministério é "muito acolhedora" e que o acesso privilegiado do lobista Júlio Fróes ao ministério pode ter sido um "descuido".
"Nunca me preocupei com isso [com a triagem no acesso]. Tenho uma equipe maravilhosa de pessoas que trabalham lá. Não são pessoas voltadas para a atitude de evitar a entrada de pessoas. Eles são muito acolhedores, talvez tenha tido esse descuido. Mas eu não posso assumir a responsabilidade de controlar a portaria", disse Rossi durante audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado.
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Segundo reportagem da revista "Veja", Fróes tinha uma sala dentro do ministério e redigia pareceres e editais de licitação, sempre com o aval do então braço direito de Wagner Rossi, o secretário-executivo Milton Ortolan, que alega inocência, mas acabou pedindo demissão após a publicação da revista.
Em seu depoimento, Rossi voltou a negar que conheça Fróes e que o lobista tivesse uma sala em seu ministério.
JUCÁ
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), sentou na primeira fileira para acompanhar o depoimento. Ele é irmão de Oscar Jucá Neto, demitido por Rossi do cargo de diretor financeiro da Conab após a autorização de um pagamento irregular de R$ 8 milhões para um armazém registrado em nome de laranjas.
Na semana passada, em depoimento na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, Rossi e parlamentares da oposição e da base elegeram Jucá Neto como alvo. Rossi chegou a classificar de "absurda" as ações do irmão de Romero Jucá, indicado pelo próprio senador ao cargo.
No Senado, diminuiu o tom. Na semana passada, disse que ainda não tinha decidido se processaria Jucá Neto. Hoje, afirmou que não o processará, e citou indiretamente como motivo não expor Romero Jucá. Em entrevista à "Veja", Jucá Neto disse que Rossi ofereceu dinheiro em troca de seu silêncio.
"Não vou processar porque não tenho nenhum motivo para agregar à pena que ele já teve, que foi perder seu cargo, ainda um ônus maior", disse Wagner Rossi.
"Tenho respeito muito grande pelos vínculos familiares, e eu não quero criar novos e maiores constrangimentos às pessoas que, certamente, ao lado dele, se sentirão mais ameaçadas se outras medidas forem tomadas."
REQUERIMENTO
O líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), apresentou requerimento para ouvir Jucá Neto, Fróes e Ortolan.
Além disso, desqualificou as investigações conduzidas pelos órgãos de controle interno do governo, como a Controladoria-Geral da União, e anunciou o encaminhamento ao Ministério Público Federal de uma representação para que o órgão investigue as denúncias no Ministério da Agricultura.
"Coloca-se o cabrito para cuidar da horta", afirmou Dias.
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