Antônio de Pádua foi preso em 2009 acusados de tentar atropelar policiais rodoviários em Pernambuco
Por: Cláudia Galvão do alagoas 24 horas
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Durante a entrevista, Bandeira disse que conheceu Giovanna na faculdade, onde cursa Administração, e que a jovem, devido à amizade, resolvia ‘pequenos problemas’ para ele, como questões burocráticas relacionadas à faculdade. O empresário também alegou estar assustado com a repercussão do crime e o surgimento do seu nome e da sua mulher como ‘envolvidos’ no crime.
A existência de Toni e da mulher na vida da universitária se tornou pública por meio de amigos da jovem, que davam conta que Giovanna teria mantido um relacionamento com Toni, sem saber que o mesmo era casado e que o namoro teria chegado ao fim após uma confusão com a mulher de Toni, identificada como Mirela. A família da universitária alegou desconhecer o relacionamento, mas diante da repercussão do crime, o empresário decidiu falar com o jornalista Maurício Gonçalves.
Toni Bandeira foi preso em maio de 2009, após furar bloqueio da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Bandeira tentou fugir ao aparato policial, mas colidiu com o veículo que dirigia e foi preso, chegando a ser levado para o Presídio de Caruaru. O jovem voltou a ser preso, desta vez em Maceió, por embriaguez ao volante. De acordo com a página eletrônica do Tribunal de Justiça de Alagoas, Toni Bandeira responde a processos criminais na 2ª Vara de Maceió e na 3ª Vara de Rio Largo. Ainda segundo o TJ/AL, Bandeira respondeu por ato infracional na 1ª Vara da Infância e Juventude da Capital, ainda menor.
O empresário do ramo de supermercados herdou os negócios do pai, morto no ano passado, em frente a uma agência da Caixa Econômica em Rio Largo, onde possuía seus estabelecimentos.
A morte de Gioavanna Tenório, que foi sepultada em clima de comoção na tarde de ontem, está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios. As investigações estão sendo acompanhadas pelo promotor Luiz Vasconcelos, do Grupo de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc). A Polícia Civil de Alagoas nunca confirmou o aspecto passional do crime. O delegado Amorim Terceiro disse, apenas, que várias linhas estavam sendo investigadas.
Toni diz que soube que Giovanna estava morta antes de corpo ser encontrado
Toni e Mirela se tornaram o casal suspeito número 1 de um crime que chocou a população de Alagoas
Antônio de Pádua Bandeira, o Toni, e Mirela Granconato, dois jovens de 20 anos (ele é oito meses mais moço que ela), pai e mãe de duas crianças de 1 e 3 anos, se tornaram o casal suspeito número 1 de um crime que chocou a população de Alagoas: o rapto e assassinato, por enforcamento, da universitária Giovanna Tenório de Andrade, de 28 anos, que cursava o oitavo período de fisioterapia no Cesmac.
Toni teve um envolvimento amoroso com Giovanna. Mirela, com raiva da rival, enviou a ela mensagens de celular com xingamentos e ameaças de morte. Essas mensagens foram descobertas. Toni e Mirela viraram o alvo principal das suspeitas de crime passional.
O Tudo na Hora ouviu Toni neste sábado (11). Ele deu sua versão, relatando fatos e nomes de pessoas que ainda não tinham sido divulgados. E contou ter sido informado sobre a morte de Giovanna antes de seu corpo ser encontrado.
“Virou um inferno”
Na noite de ontem, Toni e Mirela estavam na casa do advogado criminalista Raimundo Palmeira, que atua em sua defesa. Por telefone, o Tudo na Hora conversou durante cerca de 40 minutos com Toni e Palmeira (a conversa foi tão longa que precisou ser interrompida porque a bateria do celular do advogado descarregou). Mirela não quis falar diretamente com o repórter, mas participou vivamente da entrevista. Durante todo o tempo sua voz podia ser ouvida do outro lado da linha. Ela passava suas respostas ao advogado, acrescentava ou corrigia declarações do marido.
A conversa com Toni começou com uma pergunta sobre como está sua vida depois dessa reviravolta. Ele responde com frases curtas.
“Não estou trabalhando. Estou com mais medo da situação da minha mãe, ela está com problemas. Não posso sair na rua. Está tudo muito estranho. Ainda não caiu a ficha”.
“Se isso tudo fosse só comigo, tudo bem, eu já aprontei muito mesmo. Mas atinge os outros também, a Mirela... Virou um inferno”.
O “pacto”
Nos últimos dias, surgiram especulações para todo tipo de imaginação, inclusive a de que o crime teria a participação direta dos dois. A história seria uma reedição do assassinato, em 1992, da atriz Daniella Perez, filha da novelista Glória Perez. Daniella foi morta aos 22 anos pelo também ator Guilherme de Pádua e por sua mulher, Paula Tomás, num pacto feito pelo casal para acabar com os ciúmes que Paula tinha da atriz. A versão alagoana ganhou corpo até pela coincidência do sobrenome Pádua, de Toni e Guilherme.
Indagado sobre essa hipótese, Toni reagiu assim:
“Pacto? Oxente, o que é isso? Ave Maria!”
Depois ele repete que o casal é inocente. “Tem que ter um culpado, vai aparecer”.
Ligação no aniversário
Toni completou 20 anos no dia 26 de maio, uma quinta-feira. Mirela é oito meses mais velha que ele.
Ele confirma que no dia de seu aniversário fez uma ligação para Giovanna. Sua versão:
“Recebi a notícia de que a Giovanna tinha ligado para o celular de um funcionário meu, o Leleu, que era amigo dela, para me dar os parabéns. Depois eu liguei do telefone fixo da minha casa e falei com a Giovanna. A Mirela estava em casa, começou a brigar comigo e eu desliguei.”
Ligação da irmã
Outro episódio que, na versão de Toni, contrasta com o que até então era conhecido, é o telefonema da família de Giovanna para ele depois do sumiço de Giovanna. Seu relato:
“Na quinta-feira, 2 de junho, por volta das 2 horas da tarde, Larissa [irmã mais nova de Giovanna] ligou para mim. Pela voz, devia estar nervosa. Perguntou se eu tinha combinado de sair com a Giovanna. Eu disse que não e perguntei por quê. Ela disse que a irmã tinha sumido. Pediu que se eu soubesse alguma coisa que retornasse para ela. Pediu também o número do celular do meu funcionário, o Leleu. Depois eu soube que ela ligou para ele”.
Giovanna desapareceu naquela quinta-feira, depois que saiu da faculdade por volta do meio-dia. Ela tinha passado a manhã em seu estágio no Caic do Dique Estrada, ao lado do Papódromo. Voltou para o Cesmac, disse a uma colega que iria almoçar com um amigo em um restaurante próximo e retornaria para as aulas da tarde. Ela teria dado esse mesmo aviso em casa, ao sair de manhã cedo. Então, se Toni disse a verdade, por que Larissa, às 14 horas, já estaria aflita com o sumiço da irmã? Isso foi perguntado a ele.
“Não sei, também acho estranho”, diz Toni.
O corpo da estudante foi encontrado na segunda-feira, dia 6, em um canavial da fazenda Urucum, em Rio Largo, embrulhado em um lençol e uma toalha e com a calça branca arriada. Giovanna foi morta por asfixia, enforcada com uma corda de náilon.
Ela tem ou teve namorado? “Não”
Na manhã do domingo, 5 de junho, o Tudo na Hora estampava em manchete: “Universitária está desaparecida desde quinta-feira”. A família e amigos de Giovanna espalhavam pelas redes sociais e sites de notícias as fotos de Giovanna e o apelo a quem pudesse dar informações sobre seu paradeiro.
Naquela manhã de domingo o repórter falou várias vezes com a família pelo telefone, para atualizar as informações que iam sendo postadas no Tudo na Hora. Na primeira ligação, Larissa atendeu. Uma das primeiras perguntas foi: ela tem namorado, ou teve recentemente? “Não”, foi a resposta. Ela tem perfil em redes sociais, Twitter, Orkut, Facebook? Outra resposta negativa. E o celular dela? “Só dá desligado”, respondeu Larissa, chorando. Ela disse que já haviam buscado informações no IML e no Hospital Geral, e nada.
Em outro telefonema, o marido de Larissa, cunhado de Giovanna, confirmou ter enviado por email as fotografias da estudante que o repórter havia solicitado. Depois, dona Catarina, a mãe, informou como Giovanna estava vestida ao sair de casa: calça jeans branca, blusa branca com babado de bolinhas lilás, cinto roxo, bolsa roxa, tênis branco. No início da tarde, ainda por telefone, Larissa informou que estava na Central de Polícia, fazendo o boletim de ocorrência.
Na manhã da segunda-feira, dia 6, o sumiço de Giovanna era o assunto principal de todas as conversas e do noticiário da cidade. A polícia havia iniciado as buscas. E o nome de Toni já aparecia como o “namorado casado” da jovem e bela estudante desaparecida.
No final da tarde viria a confirmação do que todos temiam: um corpo de mulher havia sido encontrado num canavial de Rio Largo. Levado para o IML, no início da noite o corpo de Giovanna foi reconhecido pelo pai.
“Eu soube antes”
Na conversa deste sábado com o Tudo na Hora, Toni faz a revelação surpreendente:
“Antes de encontrarem corpo, eu fiquei sabendo por um amigo que ela tinha sido assassinada”.
Como foi isso? Toni relata:
“Na segunda-feira, dia 6, por volta das 7h30, toca o telefone da minha casa. A Mirela atendeu. Uma voz de mulher disse: ‘Avisa pro Toni que um amigo dele faleceu’, e desligou. Não sei quem era”.
“Fui para o supermercado e, acho que por volta de 8h30, liguei para um amigo meu, o João Paulo. Perguntei se ele sabia quem era o amigo meu que tinha falecido. Ele disse: ‘É a Giovanna, não sabia? Ela apareceu com dois tiros na cabeça no domingo’. Quem tinha contado ao João Paulo tinha sido o Davi, um outro amigo, que tinha um caso com a Manuela, a menina que me apresentou à Giovanna. Manuela tinha contado ao Davi no domingo. A Manuela sabia desde o domingo!”, diz Toni.
Quem é Birinha?
João Paulo, Davi, Manuela, Leleu... Os nomes até então desconhecidos vão aparecendo no relato de Toni. E ele prossegue, revelando o apelido de mais um personagem da história que pode ser importante – Birinha, suposto namorado de Giovanna.
“Logo depois de falar com o João Paulo, liguei para o Birinha, que estava namorando a Giovanna. Ele não atendeu”, conta Toni.
Essas ligações – inclusive para o “Birinha” – teriam ocorrido entre 8h30 e 9h da manhã do dia 6. Segue seu relato:
“Então, ainda de manhã, liguei para a família dela [de Giovanna]. Quem atendeu foi o marido da Larissa. ‘Nenhuma notícia, nenhum corpo apareceu’, ele disse. Eu não entrei em detalhes, não contei o que estava sabendo. Pedi ao cunhado o telefone da dona Catarina, a mãe da Giovanna. Ele me deu o número. Liguei e atendeu a Larissa. Perguntei se tinha notícias, ela disse que não. Eu disse que tinha sabido algumas coisas, ela perguntou o que era, mas eu não disse, porque a família ainda tinha esperança, eles são muito religiosos. Pedi a ela que qualquer coisa ligasse, ela também pediu, e eu desliguei”.
As desculpas
Toni segue falando:
“Depois, fiquei sabendo que o meu nome estava na imprensa como envolvido. O corpo ainda não tinha sido achado e já tinha notícias com meu nome no meio. Liguei novamente para a família e quem atendeu foi o cunhado. Perguntei se ele tinha visto as notícias com meu nome. Ele disse que as amigas da Giovanna é que tinham falado com a imprensa, que a família não havia dado nenhuma informação sobre namorado. “Não foi a gente, desculpe, a gente vai rever isso”, ele falou. Essa conversa foi por volta das 11h da segunda-feira”. O corpo de Giovanna ainda não havia sido encontrado.
A conversa interrompida
A entrevista entra na questão mais delicada – a versão de Toni sobre seu próprio paradeiro no momento em que Giovanna foi vista pela última vez antes de sumir. Uma testemunha relatou à polícia que viu Giovanna entrar em um carro escuro perto do Cesmac. Segundo a testemunha, Giovanna ainda esboçou um recuo ao ver uma terceira pessoa no carro, mas acabou entrando, e depois disso sumiu.
O diálogo do repórter com Toni pelo telefone foi o seguinte:
- Onde você estava na quinta-feira, dia 2, por volta do meio-dia?
- Eu estava em Rio Largo, indo para o supermercado.
- Conte como foi a sua quinta-feira.
- Eu acordei tarde, por volta das 11 horas.
- E ao meio-dia você estava indo para o supermercado?
- É. Eu estava lá.
- Mas você tem...
(Toni interrompe o repórter.)
- Um momentinho.
Ele tapa o telefone e troca algumas palavras com seu advogado e a esposa. Depois passa o celular para o advogado Raimundo Palmeira, que daí em diante é o interlocutor do repórter. As perguntas passam a ser respondidas por Palmeira; algumas vezes ele consultará Toni ou Mirela para responder.
O repórter pergunta o que houve.
“Veja bem – diz Palmeira –, a defesa está trabalhando para apresentar o álibi do casal. Estamos checando cada lugar onde eles estiveram, para saber se há como provarmos que eles estiveram lá. Se nós dissermos agora quais foram esses locais, e se as nossas desconfianças forem verdade, podem destruir o álibi. Pode haver pessoas importantes nisso”.
“Estamos em um processo de investigação”, prossegue o advogado. “Temos medo de quem possa estar por trás disso. Se for gente poderosa, terá como destruir provas”.
“Uma bomba”
Raimundo Palmeira diz que a defesa de Toni e Mirela está fazendo “uma investigação paralela”.
“Estamos muito preocupados porque parece uma investigação direcionada para o casal. Falta muita coisa aparecer nesse caso. Se é o que eu estou pensando, nós vamos jogar uma bomba nesse caso”, diz o advogado. “Vão aparecer novos suspeitos. Tudo pode acontecer. Isso pode ter sido feito por gente simples ou por gente poderosa”.
Overdose
Segue o advogado, em tom meio misterioso: “Do jeito que está, parece que querem prender o Toni e a Mirela e pronto, acabou. Não estou vendo, por enquanto, a polícia falar em outras pistas. É preciso ter o perfil detalhado de todos os amigos, conhecidos, e dos últimos problemas que a Giovanna possa ter tido”. Ele cita que “alguns exames não foram feitos. Exames periciais em carros, por exemplo. Exames nas mãos, nas unhas do Toni e da Mirela. Vou oficiar ao Gecoc (grupo do Ministério Público que acompanha as investigações) sobre isso. Não sei se fizeram exame toxicológico na vítima. Ela pode ter sido drogada antes da morte. Já houve casos de overdose de drogas em que a vítima apareceu como se tivesse sido assassinada. Podem ter simulado enforcamento, tudo é possível”, insinua Palmeira.
“Da Bomba do Gonzaga não passou”
O repórter insiste: e Mirela, onde estava ao meio-dia da quinta-feira 2 de junho? Como foi a quinta-feira dela?
“Ela passou o dia cuidado de coisas da empresa”, responde o advogado.
- Onde?
- Não chegou sequer no Farol. Da Bomba do Gonzaga não passou. Estava cuidando de assuntos da empresa, foi a diversos órgãos.
Provavelmente o advogado quis dizer que naquela quinta-feira, quando Giovanna saiu do Cesmac e foi morta, Mirela saiu de Rio Largo e veio a Maceió, mas não chegou perto do Cesmac, no Farol, último local onde a estudante foi vista com vida. A Bomba do Gonzaga, um tradicional posto de gasolina, fica na Av. Durval de Góis Monteiro, já perto do posto da Polícia Rodoviária Federal.
Os torpedos: “foi raiva mesmo”
Ainda sobre Mirela, Raimundo Palmeira faz questão que fique registrado: a mulher de Toni não nega que enviou mensagens com ameaças para o celular de Giovanna.
“Mirela assume que fez as ameaças, mas isto foi em setembro de 2010, muito antes desse crime”, diz o advogado. Palmeira reclama de declarações que teriam aparecido na imprensa, atribuídas por ele ao procurador-geral de Justiça, Eduardo Tavares Mendes, de que Mirela teria “omitido” ser a autora dos torpedos ameaçadores.
“Mirela admite que fez aquilo em momentos de muita raiva mesmo, mas foi só isso”.
Mais garotas
Raimundo Palmeira diz que o ciúme (justificado) de Mirela se fez sentir mesmo depois dos torpedos de setembro.
“De lá para cá, ela teve esse tipo de problemas com outras garotas”.
- Pelo mesmo motivo?, indaga o repórter.
“O mesmo estilo”, responde Palmeira.
- Quantas garotas?
O advogado consulta Mirela e depois diz: “Foram umas duas vezes. Com a Giovanna é que não houve mais nada. O envolvimento deles foi quando o casal estava separado”.
- Quando foi a separação?
- Fim de setembro, começo de outubro. Ficaram mais ou menos um mês separados. Ela foi para a casa da mãe. Voltaram no fim de outubro – responde Palmeira, depois de ouvir Mirela.
A segunda separação
O casal voltou a se separar em janeiro deste ano. “Foi por outros motivos”, diz o advogado. Nesse período, diz ele, “Toni saiu umas duas vezes com Giovanna. E esteve pessoalmente com ela pela última vez no dia 25 de março”.
A segunda separação de Toni e Mirela durou mais tempo, segundo o advogado: cerca de três meses. “Reataram o casamento na Semana Santa”, diz ele, ou seja, na segunda quinzena de abril. “De lá para cá não houve mais problema entre eles”.
- Mirela esteve pessoalmente com Giovanna quantas vezes? – pergunta o repórter.
Palmeira conversa com Mirela. Depois responde:
- Ela está me dizendo que só viu Giovanna duas vezes na vida. E nas duas vezes houve problemas.
- Quando? Como?
- A primeira foi na boate Le Hotel, na Ponta Verde. Mirela e Toni estavam discutindo e a Giovanna interferiu. Mirela diz que pensou que fosse uma amiga do Toni. E as duas discutiram feio. A segunda vez foi num clube em Rio Largo. A Mirela diz que novamente Giovanna se meteu numa discussão do casal. Aí houve até uns empurrões, mas os amigos separaram as duas.
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