[Valid Atom 1.0]

domingo, 17 de outubro de 2010

#dila #lula Campanha suja chega ao fundo do poço - Mônica Bergamo resolveu ser o Collor da Mirian Cordeiro da hora


O debate que interessa — e que foi primordialmente feito pelos cristãos — nunca satanizou as mulheres que fizeram aborto. A questão é de natureza legal. A candidata Dilma Rousseff, do PT, defende a descriminação da prática e integrou um governo que atuou fortemente nessa direção. Ninguém saiu por aí tentando saber se A ou B fizeram aborto.

Há alguns dias, Elio Gaspari escreveu que estavam ressuscitando Mirian Cordeiro — ex-namorada de Lula e mãe de Lurian —, que deu um depoimento no horário eleitoral de Fernando Collor em 1989 afirmando que o petista a havia pressionado a abortar. Muitos atribuem a isso a derrota do petista, o que é bobagem. Mas o episódio ficou conhecido como símbolo da baixaria em campanha. Em 2010, a questão é bem outra: o governo Lula, especialmente o Ministério da Saúde e a Secretaria das Mulheres, é pró-aborto. A candidata oficial assim havia se posicionado. O debate é legítimo. Se ele beneficiou ou não Serra, aí são outros quinhentos. A pesquisa Datafolha diz que é beira a irrelevância.

Há dias circula na Internet petista a afirmação de uma ex-aluna de Monica Serra, Sheila Canevacci Ribeiro, segundo quem Mônica Serra teria confessado ter feito um aborto quando no exílio, nos EUA. Mônica Bergamo, colunista da Folha, acreditem!, decidiu fazer disso uma “reportagem”, publicada no jornal de hoje. A campanha suja, que teve início com a formação daquele bunker em Brasília para produzir um dossiê contra José Serra, chega ao fundo do poço.

Sheila votou no PSOL e optaria por Dilma no segundo turno — não vai votar porque em viagem. Para caracterizar a Mirian Cordeiro da hora como alguém de credibilidade, até um tanto atucanada, escreve Bergamo: “Sheila é filha da socióloga Majô Ribeiro, que foi aluna de mestrado na USP de Eva Blay, suplente de Fernando Henrique Cardoso no Senado em 1993. Majô foi pesquisadora do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero da USP, fundado pela primeira-dama Ruth Cardoso (1930-2008). Militante feminista, Majô foi candidata derrotada a vereadora e a vice-prefeita em Osasco pelo PSDB.”

O truque consiste em caracterizar Sheila, eleitora do PSOL e de Dilma, como alguém do, digamos, campo da vítima, que passa, assim, a ser um tanto culpada pelo mal que a atinge. Bergamo diz que a assessoria de Mônica Serra não se manifestou. Estranho. A questão me parece grave o bastante para ser assim. Vamos aguardar as próximas horas.

É o fundo do poço!
Elio Gaspari, que andava em busca da Mirian Cordeiro da hora, já a encontrou. Chama-se Sheila. E quem lhe dá voz é uma colega sua, do jornal. Nunca se soube se Lula pediu àquela senhora que fizesse ou não o aborto. O fato é que Lurian estava vivinha da Silva, e absurdo era o seu depoimento. Como absurda é a “denúncia” da tal Sheila — afinal, ainda que fosse verdade, tratar-se-ia do rompimento de uma relação de confiança, em assunto privado.

Reitero: ainda que fosse verdade, e duvido que seja, qual é a diferença entre a execrada Mírian Cordeiro e a tal Sheila? Nenhuma! Há uma diferença nesse caso: em 1989, Collor não contou com o “jornalismo” para ajudá-lo. Desta feita, os adversários de Serra contaram com Mônica Bergamo.

É uma norma nova?
Estamos agora diante uma norma? Tudo o que “A” disser sobre a vida de “B,” desde que “B ” seja uma pessoa pública, deve ir para os jornais, e “B” que se encarregue de dizer que é mentira? A coisa é tão absurda que ficamos assim: se Mônica Serra desmentir, será a palavra da dona do útero contra a da não-dona. Em quem acreditar? Pergunto: se Mônica Bergamo tivesse conseguido falar com Mônica Serra e se esta tivesse negado ter feito o aborto, a matéria não teria sido publicada? Vocês sabem a resposta. Teria, sim!

O poder destruidor da vítima
Acima, escrevi um texto sobre o poder destruidor que têm as supostas vítimas e o vitimismo. Em que ele consiste? Fulano inventa que está sendo alvo de uma grande conspiração, que está sendo severamente agredido por este e aquele e, então, consegue a licença (a)moral para praticar as coisas mais sórdidas.

Parte da imprensa considera que o debate sobre o aborto ilegítimo — debate que, insisto, começou a ser travado na sociedade, especialmente nas igrejas. Dilma Rousseff colocou-se como “vítima”. Nessa condição, pôde, então, iniciar a série de ataques aos tucanos, especialmente com as mentiras sobre as privatizações. Essa mesma parcela da imprensa é solidária a ela; acredita que, se Dilma pode ser cobrada sobre a defesa que fez da descriminação do aborto, então tudo é permitido. Na suposição de que o outro delinqüiu primeiro, então se parte para a delinqüência.

O golpe é baixo. É o fundo do poço. O fato de Serra ter encostado em Dilma nas pesquisas deflagrou, agora sim, a verdadeira guerra suja: aquela travada em certa imprensa. Ela não conhece limites. E algo me diz que ainda não vimos tudo.

A questão merece uma resposta política e legal. Com efeito, não via nada assim desde Mirian Cordeiro. Mas ela, ao menos, estava no horário político do PRN.

Por Reinaldo Azevedo


Campanha de Serra contesta reportagem sobre aborto de Monica Serra

Foto: Agência Na Lata Zoom Campanha de Serra nega que a mulher do candidato, Monica, tenha feito um aborto

Campanha de Serra nega que a mulher do candidato, Monica, tenha feito um aborto

Da Redação

brasil@eband.com.br

A campanha do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, divulgou uma nota oficial na noite deste sábado negando que a mulher do candidato, Monica Serra, tenha feito um aborto.

Reportagem do jornal "Folha de S. Paulo", da edição de hoje, traz o depoimento de ex-alunas de Monica dizendo que ela, quando lecionava na Unicamp, em 1992, conversou com as estudantes sobre um aborto que teria feito enquanto estava no exílio com o marido.

"Monica Serra nunca fez um aborto. Essa acusação falsa, que já circulava antes na internet, repete o padrão Miriam Cordeiro de que o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva foi vítima na eleição de 1989. E dá continuidade ao jogo sujo que tem caracterizado a presente campanha desde que um núcleo do PT, montado para fazer dossiês contra o candidato tucano à Presidência, foi descoberto em Brasília", diz a nota.








๑۩۞۩๑๑۩۞۩๑๑۩۞۩๑๑۩۞۩๑๑۩۞۩๑๑۩۞۩๑๑۩۞۩๑๑۩۞۩๑๑۩۞۩๑๑۩۞۩๑


LAST

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Nenhum comentário: