Ao substituir sua ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, a poucos dias da sucessão presidencial de 3 de outubro, o governo adotou uma operação de alto risco.
Havia duas opções sobre a mesa:
1) não demitir e apostar no voto cristalizado pró-Dilma: a ideia geral por trás dessa tática era a de que a massa de eleitores que hoje declara votos na candidata do PT (51%) não se deixaria contaminar pelo noticiário a respeito de Erenice e as suspeitas de lobby na Casa Civil.
Argumento a favor: só a mídia está falando disso e o assunto não chegará com clareza à maioria do eleitorado.
Argumento contra: não se sabe o que vem por aí. Erenice parece não ter também controle total sobre seus parentes. É um risco mantê-la no cargo e estourar algo mais grave na véspera da eleição.
2) demitir e tentar estancar o caso: como está muito obscuro o tipo de atividade dos familiares de Erenice, é melhor trocar a ministra de uma vez e retirar o caso do noticiário.
Argumento a favor: com a demissão, haverá uma repercussão inicial ruim, mas o assunto tende a diminuir sua visibilidade na mídia em 5 ou 10 dias.
Argumento contra: a repercussão será péssima. A ministra demitida, sob suspeita de graves irregularidades, era braço-direito de Dilma durante vários anos no governo. A escolha de Erenice para ficar na Casa Civil, em abril, teve participação da hoje candidata a presidente pelo PT. As acusações não tendem a diminuir só porque a ministra está fora da cadeira.
Na Folha desde 1987, foi repórter, editor de Economia, correspondente em Nova York (1988), Tóquio (1990) e Washington (1990-91). Na Sucursal de Brasília da Folha desde 1996, assina a coluna "Brasília", na página 2 do jornal, às segundas, quartas e sábados. Mantém uma página de política no UOL desde o ano 2000 ? com informações estatísticas e analíticas sobre eleições , pesquisas de opinião e partidos políticos. Em 2007/08 recebeu uma fellowship da Fundação Nieman, na universidade Harvard (Cambridge, MA, nos Estados Unidos).
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