Filho da ministra teria agido em favor de empresas em contratos com União.
Governo anunciou demissão de ministra nesta quinta-feira (16).
O porta-voz da Presidência da República, Marcelo Baumbach, anunciou oficialmente nesta quinta-feira (16) a demissão de Erenice Guerra da Casa Civil após suspeita de prática de tráfico de influência por parte de Israel Guerra, filho da ministra, sucessora da ex-ministra e candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.
Veja no vídeo ao lado reportagem do Jornal Nacional sobre o caso
A crise envolvendo a ministra começou no sábado (11) com a divulgação de reportagem da revista “Veja". Segundo a reportagem, em troca de uma "taxa de sucesso" sobre licitações vencidas e R$ 25 mil mensais, Israel Guerra teria ajudado a empresa MTA Linhas Aéreas, que presta serviços para os Correios, a obter a renovação de uma licença de voo na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Com a licença, a empresa conseguiu firmar com os Correios contratos de transporte de carga que totalizam R$ 59,8 milhões, com dispensa de licitação e permissão para carga compartilhada.
Ministra, filho e servidores
A revista “Veja” diz que Erenice atuou para viabilizar o trabalho do filho e que a ministra teria afirmado que o pagamento pelos serviços se destinava a "compromissos políticos".
saindo do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)
em julho (Foto: Andre Dusek/Agência Estado)
Ainda de acordo com a "Veja", Israel Guerra teve ajuda de dois funcionários da Casa Civil: o assessor jurídico Vinícius de Oliveira Castro, exonerado na segunda-feira (13), e Stevan Knezevic, servidor da Anac cedido à Presidência desde setembro de 2009.
Israel e Vinícius exerceram cargos comissionados na Anac. O filho de Erenice foi gerente da Superintendência de Serviços Aéreos de julho de 2006 a agosto de 2007. Vinícius Castro foi gerente geral de outorgas da mesma superintendência de maio de 2006 a junho de 2009.
Empresário
A reportagem de “Veja” se baseia, sobretudo, em declarações do empresário do setor de transporte aéreo Fabio Baracat, ligado à MTA.
Em nota divulgada após a publicação da reportagem, contudo, o empresário negou a suspeita de tráfico de influência.
Disse não ter tratado de “negócios pessoais ou comerciais” com a ministra Erenice. Afirmou que Israel “atuava na organização da documentação da empresa [MTA] para participar de licitações”, mas que o pagamento não era garantido. Disse ter se afastado da MTA há três meses, após desistir de comprá-la.
Empresas
A reportagem de Veja diz que os serviços entre Baracat e Israel Guerra foram fechados por meio das empresas Via Net, pelo lado de Baracat, e Capital, por Israel.
Baracat, contudo, negou relação com a Via Net – disse apenas “conhecer a empresa e pessoas ligadas a ela, assim como diversos outros empresários do setor”. A empresa também negou vínculo com Baracat e disse que não mantém contratos com os Correios.
A Capital Assessoria e Consultoria, segundo a revista, tem como donos a mãe de Vinicius Castro, Sonia Castro, e Saulo Guerra, outro filho de Erenice. Pelo registro na Junta Comercial, a empresa tem sede na casa em Sobradinho (DF) em que hoje vive Israel Guerra.
comenta as suspeitas na Casa Civil em debate
neste domingo (12) (Foto: Reprodução)
Reação do governo e de Dilma
Durante debate no domingo (12), Dilma defendeu, caso se comprovem as suspeitas, a tomada de “providências mais drásticas possíveis”. “No caso da ministra Erenice, foi feita uma acusação, ela foi desmentida, e hoje o que se tem ainda é exatamente nada. Agora, eu quero deixar claro aqui: eu não concordo, não vou aceitar, que se julgue a minha pessoa baseado no que aconteceu com o filho de uma ex-assessora minha", disse.
Na segunda-feira (13), a ministra Erenice Guerra pediu à Comissão de Ética Pública da Presidência da República a abertura de investigação sobre sua conduta no caso. Acenou com a possibilidade de ela e do filho abrirem mão de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Na terça-feira, (14), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu sete ministros para, segundo a versão oficial, cobrar investigação e esclarecimentos sobre as denúncias. A Polícia Federal e a Controladoria Geral da União abriram investigações sobre a denúncia e Erenice Guerra divulgou outra nota, em que pede "investigação rigorosa" sobre o caso, se refere a José Serra como "candidato aético" e diz que a reportagem de "Veja" é a "mais desmentida e desmoralizada da história da imprensa brasileira".
Nova denúncia
Nesta quinta-feira (16), reportagem publicada pelo jornal "Folha de S.Paulo" traz nova denúncia contra Israel Guerra. Segundo a reportagem, a empresa EDRB do Brasil acusou Israel Guerra, filho da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, de cobrar dinheiro para obter liberação de empréstimo no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a instalação de uma central de energia solar no Nordeste.
Por conta das denúncias, a oposição pediu a saída da ministra do cargo. No início da tarde, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, leu, no Palácio do Planalto, a carta de demissão de Erenice Guerra.
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