(SP)
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
ENVIADO A ILHA COMPRIDA (SP)
Quando comprou uma casa de praia com vista para a orla da Ilha Comprida (litoral sul de São Paulo), há três anos, o servidor aposentado Armando Rocha não esperava que, em tão pouco tempo, o imóvel estivesse mais à beira-mar do que nunca.
De lá pra cá, a beira virou o fundo do mar: dezenas de casas de três quadras foram engolidas pela maré, que avançou mais de cem metros.
Construções ruíram do dia para a noite e árvores foram arrancadas da terra --hoje é difícil diferenciar as raízes do que foram as copas.
Paredes rachadas como se tivesse havido terremoto, laje no chão e restos de objetos pessoais, de panelas a escovas de dente fincadas na areia, são o sinal de uma evacuação de emergência.
"Parece que caiu uma bomba. Muitos vizinhos saíram fugidos de casa no meio da noite com a maré derrubando tudo. Estou assustado, minha família já está preparada para daqui a pouco sair daqui", diz o aposentado Décio dos Santos, dono de um terreno desde 1981.
"Isso aqui já foi uma avenida, passavam carros. Agora só resta pescar. Só saio daqui quando a minha cair também", diz Rocha, que pagou R$ 30 mil pela casa que ficava a três quadras da praia e agora é à beira-mar. Há um mês, o imóvel da frente caiu.
Professor doutor do Instituto de Oceanografia da USP, Afrânio Rubens de Mesquita diz que o nível do mar na costa brasileira sobe em razão das mudanças climáticas.
Ele vê dois motivos que podem ter contribuído para o avanço da maré na região: 1) a ilha começou a ser "comida" de um lado e os sedimentos são transportados e depositados no outro; 2) existe um afundamento da costa e isso faz o nível do mar subir em relação à praia.
A Prefeitura de Ilha Comprida diz já ter tentado de tudo para conter o avanço: sacos de areia, barreira de pedras, tudo em vão. "A força do mar é maior", diz o engenheiro Juraci Brito, diretor de obras da cidade, que ainda faz o levantamento das casas e lotes submersos.
Algumas das casas que ainda sobraram estão à venda --R$ 25 mil para uma de quatro quartos. Os donos fazem se
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