FELIPE CARUSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os pés arqueados de Gabriella Pallavicini Pascolato só ficavam confortáveis nos sapatos do estilista italiano Salvatore Ferragamo.
Cliente desde os 17 anos, na Itália, ela representava os sapatos dele na América do Sul quando veio ao Brasil com a família fugindo da guerra em 1945.
No ano seguinte, no entanto, o presidente Eurico Gaspar Dutra baixou uma medida que limitava a importação de artigos de luxo.
A norma, ao mesmo tempo, acabava com o incipiente negócio e abria um mercado: não havia produção de tecidos nobres no país.
Em 1948, Gabriella funda a Santaconstancia Tecelagem com apenas oito teares.
A empresa cresceu e ocupou um papel pioneiro na indústria. Gabriella chegou a ser chamada de rainha da moda num desfile da edição de 2003 da SP Fashion Week.
Nascida em Tortona, na Itália, casou-se com o advogado Michele Pascolato, que viria a ser ministro do ditador fascista Benito Mussolini.
Em 1945, a pé e com o filho, Alessandro, 2, no colo, atravessou as montanhas dos Alpes com a filha Costanza, 4, e a babá, para fugir da perseguição aos fascistas.
Após 40 dias num campo de refugiados, reencontrou o marido e partiu para o Brasil, estabelecendo-se em SP.
Suas histórias estão no livro "Gabriella Pascolato, Santa Constância e outras Histórias" de Sérgio Ribas.
Morreu no domingo, aos 93, em São Paulo, de causas naturais. Deixa dois filhos, quatro netos e seis bisnetos. A missa de sétimo dia será na sexta, às 11h, na Igreja Nossa Senhora do Sion, em SP.
A MODA PERDE GABRIELLA PASCOLATO
24 de ago de 2010Gabriella Pascolato, empresária italiana e mãe de Costanza, morreu no último dia 21 de agosto em São Paulo aos 93 anos de idade, mas as informações só foram divulgadas no fim da tarde de hoje. O enterro aconteceu no domingo e a missa de sétimo dia será realizada na sexta-feira, 27 de agosto, na Igreja Nossa Senhora do Sion no bairro onde morava, Higienópolis. Segundo a assessoria de sua empresa de tecelagem, a Santaconstancia, Gabriella estava internada há vinte dias.
Importante figura da história da moda brasileira, Gabriella Pascolato junto de seu marido, o advogado Michele Pascolato (falecido em 1986) fundou uma das tecelagens nacionais mais importantes do país. A ideia surgiu em 1947 quando Dior inventou o New Look e Gabriella ficou sabendo que um dos vestidos precisou de 40 metros de tecido para ser confeccionado. Daí então, ela concluiu de que no Brasil as mulheres não poderiam se vestir daquele jeito já que só havia tecido de algodão por aqui. Santaconstancia começou a fazer grande sucesso, que em 1954 a ocasião do suicídio do presidente Getúlio Vargas, a cadeira na qual ele foi encontrado morto, no Palácio do Catete, era da tecelagem da família Pascolato.
Nascida em Tortuna na Itália, ela desembarcou primeiramente no Rio de Janeiro fugindo da Segunda Guerra Mundial para em fevereiro de 1946 residir definitivamente na cidade de São Paulo com seus dois filhos Costanza e Alessandro. Chegou a conhecer a família de Mussolini, Coco Chanel, Emilio Pucci e foi muito amiga dos Matarazzo.
Cliente de Salvatore Ferragamo desde os 17 anos, Gabriella chegou a ser a representante oficial na América do Sul dos sapatos da grife italiana. Mas, em 1946 quando o então presidente Dutra baixou uma medida que controlava a importação dos produtos de luxo, o negócio tornou-se inviável.
Embora já havia alguns anos em que Gabriella não frequentava as semanas de moda mundiais, em 2003 a marca Zapping levou à passarela dez senhores e senhoras com mais de 60 anos e no fim do desfile, Renato Kherlakian, proprietário da marca, entrou com Gabriella. Os dois pararam em frente ao pit dos fotógrafos e no painel ao fundo era lido “God Save the Queen of Fashion” enquanto Kherlakian reverenciava Gabriella.
O LIVRO
A Editora Jaboticaba lançou Gabriella Pascolato – Santa Constância e outras histórias, livro que celebra os 90 anos da empresária italiana que como vários imigrantes que contribuíram pela construção do Brasil, fez história na moda brasileira. Sem nunca ter trabalhado antes (era obcecada pelo estudo de idiomas), abriu, em 1948, uma fábrica de tecidos finos, a Santa Constância, que sobreviveu às muitas crises do setor e está entre as mais importantes tecelagens do país.
Ao longo de um ano, em mais de 50 horas de entrevistas, Gabriella revelou algumas histórias fascinantes ao autor do livro, Sérgio Ribas. Em 256 páginas, estão os episódios de uma vida extraordinária acompanhados de uma “biografia fotográfica”, que tem desde Gabriella pequenininha, na Toscana, já cheia de estilo, passando por cenários cinematográficos em que viveu (Florença, Veneza, Roma), o nascimento dos filhos Costanza e Alessandro e a chegada ao Brasil atual, quando ela foi homenageada, na São Paulo Fashion Week, como a rainha da moda.
Nascida Pallavicini em 1917, em Tortona, região do Piemonte, norte da Itália, Gabriella foi a primeira filha de um casal à frente de seu tempo. Passou a infância em ambientes típicos de uma aristocracia rural poderosa e escolheu viver a adolescência, em regime de internato, numa das mais tradicionais escolas da Europa, o Poggio Imperiale, em Florença.
Em Veneza, conheceu e se apaixonou pelo advogado Michele Pascolato, um homem brilhante, de uma família de tradição política e prestígio intelectual que se envolveu circunstancialmente com o regime do ditador Benito Mussolini. Gabriella e Michele casaram-se e, em plena guerra, tiveram dois filhos, Costanza e Alessandro. Habituée dos circuitos diplomáticos europeus, Gabriella decidiu sair da Itália com a família e a babá das crianças, Blanche, tão logo a guerra acabou.
Numa São Paulo efervescente, em pleno desenvolvimento, em 1947, começou a erguer sua fábrica, onde trabalha até os dias de hoje, adaptando-se e inovando, sempre com um olhar para o futuro.
No livro, Gabriella revela com elegância, humor e força característicos de sua personalidade, alguns episódios marcantes de uma vida fabulosa. Fala de personagens interessantíssimos, como seus amigos, Ciccillo Matarazzo, Salvatore Ferragamo, Emilio Pucci, entre outros.
Conta, entre outras histórias, que Costanza Pascolato, sua filha que virou estrela na moda brasileira, pegou piolhos num campo de refugiados na Suíça, no pós-guerra, depois de passar parte da infância brincando com Juanito, que seria rei da Espanha, porque a família real espanhola estava refugiada em Roma por causa do Franquismo.
Retrata a Itália em um de seus momentos mais marcantes e contextualiza sua vida ao longo da história do Brasil da segunda metade do século XX. Uma vida intensa de desafios e conquistas que faz com que Dona Gabriella seja admirada e reverenciada por todos os profissionais de moda no mundo.
A SANTACONSTANCIA TECELAGEM
Em 1948 a Dna.Gabriella Pascolato,funda a Santaconstancia Tecelagem, que tornou-se sinônimo de qualidade, vanguarda e estilo, em tecidos planos e de malha, por sempre criar produtos e coleções arrojadas, no pulso da moda e da tecnologia
Sempre ousando, desenvolve tecidos de alta tecnologia e esse pioneirismo tornou-se características da empresa.
Anos 60 - Pioneira no uso de fios sintéticos e artificiais para fabricação de tecidos finos para moda feminina.
Anos 70 - Primeira a introduzir os jérseis leves, com a marca “Liganette” no Brasil
Inaugura em 1971, sua sede atual; projeto premiado na Bienal de Arquitetura de 1973.
Anos 80 - Empresa homologada Lycra® para a fabricação do “Cotton – Lycra®”, iniciando a revolução dos “leggings”, com a entrada da Costanza Pascolato no departamento de estilo.
Final dos Anos 80 - Desenvolve o “Supplex com Lycra®”, sendo o marco inicial dos chamados “tecidos inteligentes” para fitness e moda.
Anos 90 - Início da linha de tecidos tecnlógicos high-tech e funcionais para práticas esportivas.
Dos Anos 50 Até os dias Atuais – Apoio aos estilistas no Brasil e no exterior.
A Comunidade Moda, com esta matéria, homenageia um dos ícones da moda e da indústria nacional. Gariella deixa de herança Constanza que hoje se torna a herdeira do grade legado de elegância, cultura, etiqueta e desenvolvimento de moda. A Santa Constancia é uma das unicas tecelagens brasileiras que mantem um padrão de qualidade e desenvolvimento da indústria textil nacional.
A Constanza eu conheci numa situação maravilhosa no reveillon de 1996 (ela então casada com Nelsinho Motta) neste ano Nelsinho estava lançando o cd MOUNT MORIAH MASS CHOIR – que era um grupo que cantava em um culto de uma igreja no Harlem em Nova Iorque. Naquele domingo dia 01 de janeiro de 1996 a igreja estava lotada de brasileiros famosos para ver o badalado grupo. Eu tenho um video disso, quem sabe um dia eu coloque aqui. Bons tempos, boas lembranças. Comunidade Moda – Pesquisa de textos e imagens Comunidade Moda
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