A delinqüência disfarçada de jornalismo nunca foi tão longe. E jornais ditos “respeitáveis” abrigam variações do mais descarado banditismo. Leiam o que publicou o jornal Valor Econômico. Volto em seguida:
Mônica Serra, mulher do candidato à presidência José Serra (PSDB) entrou de salto alto na campanha corpo a corpo com a população. Foi com uma bota que ela começou seu trabalho em Curitiba, na sexta, em reunião com lideranças comunitárias, mas no segundo compromisso, depois de alguns minutos de caminhada em um bairro da periferia da capital paranaense, recebeu uma sandália sem salto que estava no carro. E não entendeu quando a troca de calçado foi alvo de fotógrafos que a acompanhavam.
A passagem de Mônica por Curitiba marca o novo estilo que ela quer adotar para tentar ganhar votos para o marido.Goiás e Minas também já foram visitados por Mônica recentemente, de maneira discreta. Em Curitiba, ela começou o dia em café da manhã com representantes de todos os bairros da cidade, ao lado de Fernanda Richa, mulher do candidato tucano ao governo, Beto Richa, e outras lideranças femininas que citaram diversas vezes a participação de Serra na chegada dos genéricos ao país. Ao pegar o microfone, disse estar emocionada. “Pensei: não vou conseguir falar”, contou, pouco antes de criticar o programa Bolsa Família. “As pessoas não querem mais trabalhar, não querem assinar carteira e estão ensinando isso para os filhos”, falou.
Comento
Bem, é mentira! Não foi assim. É desnecessário chamar a atenção para o joguinho vulgar de palavras com o negócio do “salto alto”, tentando caracterizar Mônica Serra como uma alienada, uma sem-noção. Poderia ser. Mas não é. Ao contrário: ela, com o marido, foi uma das pessoas perseguidas pela ditadura de Augusto Pinochet. E sabe bem o que é política.
Quanto à fala de Mônica, todos os jornalistas presentes sabem — exceção feita à repórter do Valor — que Mônica repetiu o que disse um rapaz chamado “Edson”, líder comunitário da Vila Parolim, uma comunidade pobre da capital paranaense, que falou antes dela. Foi ele quem afirmou que o Bolsa Família estava sendo usado de forma eleitoral; que, na atual toada, as pessoas continuariam na pobreza porque não iriam querer estudar e trabalhar. Ela falou depois dele.
Mônica, então, tomou a palavra: “Estou muito emocionada e muito impressionada com tudo que você falou, Edson”. Virou-se para a platéia: “Ele (Edson) disse que as pessoas não querem mais trabalhar e que isso está passando para os filhos”. Ela repetiu as palavras do rapaz para sustentar que o Bolsa Família tem de pensar também na qualificação da assistência, o que foi especificado, em seguida, por Fernanda Richa, mulher do Beto Richa, candidato do PSDB ao governo do Paraná: “O que nós pensamos do Bolsa Família todos vocês sabem. O programa começou conosco no governo do PSDB, do presidente Fernando Henrique. Nós achamos é que o combate à pobreza exige mais: exige apoio na educação, na Saúde, na moradia, como Serra vai fazer no Brasil, e o Beto Richa, aqui em Curitiba.”
Foi isso o que aconteceu, como sabem todos os que estavam lá — jornalistas inclusive. O mais fantástico: isso tudo aconteceu na sexta de manhã. Os demais jornais acompanharam tudo. O que vai acima foi publicado no Valor desta segunda…
Engano? Erro? Confusão? A tentativa de submeter uma mulher correta, discreta, sem qualquer sombra de deslumbramento, ao ridículo fala por si só. Quanto à mentira, dizer o quê? A delinqüência está em todos os sites ligados ao PT. Se setores do jornalismo dito sério não têm qualquer apreço pela verdade, por que o PT teria? O texto se trasformou naquilo é que é: campanha eleitoral petista.
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