Além dos familiares do escritor, também estiveram presentes inúmeros amigos, intelectuais e autoridades lusas
Homenagem. Segundo intelectuais presentes na cerimônia, o escritor português será sempre lembrado por sua riqueza literária e humana.
LISBOA - Os restos mortais de José Saramago foram cremados neste domingo, 20, em uma cerimônia emocionante no cemitério lisboeta de Alto de São João em que estiveram presentes os familiares do escritor e inúmeros amigos, intelectuais e autoridades lusas.
Durante a cerimônia de cremação, a esposa de Saramago, Pilar del Río, afirmou que tinha morrido "um homem bom, uma excelente pessoa e um escritor magnífico". Ela também acrescentou que, apesar do vazio que o escritor deixou, só devem chorar hoje "aqueles que não o conheceram".
Inúmeros intelectuais e políticos de Portugal e Espanha despediram-se de Saramago neste domingo durante o funeral realizado, um pouco mais cedo, no salão de honra da Prefeitura da capital lusa. Carregada de emoção e evocações ao Nobel, a cerimônia ressaltou sua riqueza literária e humana.
"Obrigado José Saramago" disse o prefeito de Lisboa, Antonio Costa, ao agradecer, no início do ato, a marca que deixa em seu país e no mundo um escritor ao qual definiu como um apaixonado de Lisboa.
Para a primeira vice-presidente do Governo espanhol, María Teresa Fernández de la Vega, que também falou durante o ato, as páginas de ilusões, sonhos e também compromissos escritas por Saramago fazem parte dos tesouros da cultura universal, que fica órfã de uma voz "muito humana e muito digna".
Enquanto centenas de pessoas acompanhavam a cerimônia por um telão instalado na fachada da Prefeitura, o ensaísta e professor Carlos Reis, o secretário do Partido Comunista Português, Jerónimo de Sousa, e a ministra da Cultura portuguesa, Gabriela Canavilhas, evocaram também ao "mestre e amigo Saramago".
Sua mulher, Pilar del Río, sua filha Violante, junto dos dois netos do escritor assistiram emocionados ao ato, que concluiu com a interpretação de uma peça de Bach ao violoncelo e ao que assistiu também, entre outras autoridades e personalidades, o primeiro-ministro português, José Sócrates.
O corpo de José Saramago, que morreu na sexta-feira, 18, aos 87 anos, após falência múltipla dos órgãos em decorrência de problemas pulmonares e de uma leucemia crônica, será cremado hoje, às 8 horas (horário de Brasília), em cerimônia civil no cemitério lisboeta de Alto de São João, segundo informou a fundação que leva o nome do escritor.
As cinzas serão depositadas em sua cidade natal, Azinhaga, no Alentejo, e na casa em que ele vivia em Tías, em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, desde 1993.