FÁBIO AMATO
DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que os críticos da política de fortalecimento do Estado adotada durante o seu governo fazem análises com mentalidade do exterior.
A declaração foi feita durante o lançamento do canal internacional da TV Brasil, emissora ligada ao governo federal, que passa a ter a sua programação transmitida para 49 países da África. Em ato falho, o presidente chamou o projeto de "minha televisão internacional".
"Eu reclamava muito com o Franklin [Martins, ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência], eu falava: rapaz, você deste tamanho e não me consegue fazer minha televisão internacional, eu preciso de uma televisão e eu estou saindo daqui a sete meses", disse Lula, ao se referir sobre as dificuldades para aprovar e estruturar o projeto.
Lula negou que tenha criado o canal para fazer autopromoção. E disse que quer provar que uma televisão pública tem condições de realizar o mesmo trabalho de qualidade de uma emissora privada.
"É possível fazer uma televisão pública de qualidade, republicana, que não seja chapa branca nem oposição a priori. Que tenha discernimento para fazer análise política correta, de contar os fatos como eles são, desagrade a quem desagradar ou agrade a quem agradar."
De acordo com o presidente, criou-se no Brasil uma mentalidade de que "tudo o que era público não prestava." Lula sugeriu que os críticos internos do fortalecimento da iniciativa estatal feito no governo petista são influenciados por analistas estrangeiros.
"De vez em quando eu fico imaginado que muita gente que faz análise sobre a situação política do Brasil fez curso de doutorado no exterior. É gente com a mentalidade do exterior tentando analisar um problema eminentemente nacional que é a classe política nacional, que são os problemas políticos nacionais", disse Lula.
Lula afirmou que não teme possíveis críticas quanto à expansão do canal. "Eu estou num momento da vida que quanto mais mal de mim eles falam melhor para mim. Porque, quando se mente demais, as pessoas descobrem que é mentira. Então, eu não queria uma televisão para falar bem do Lula, eu queria uma televisão para falar bem deste país, para divulgar as cosas boas do Brasil", disse.