domingo, 6 de setembro de 2009, 18:12 | Online
Em entrevista a veículos franceses, presidente diz que negociação para compra de jatos Rafale estão 'avançadas'
Andrei Netto, de O Estado de S.Paulo
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A declaração veio a público no dia em que o chefe de Estado da França, Nicolas Sarkozy, desembarca no Brasil para a visita que deve marcar a conclusão de um acordo histórico de venda de armas e de tecnologia no valor de € 8,6 bilhões.
Segundo Lula, as discussões entre os dois países estão "muito avançadas". O presidente não garantiu, no entanto, se o anúncio da venda acontecerá durante a visita.
As declarações foram feitas durante entrevista concedida à emissora TV5 Monde, à Radio France Internacional (RFI) e ao jornal Le Monde. Durante 45 minutos, a venda dos caças Rafale, fabricados pela Dassault, foram o assunto dominante.
"Nós montamos um Plano Estratégico de Defesa Nacional e em torno deste plano estamos elaborando uma política estratégica com a França, a fim de que possamos assinar contratos envolvendo submarinos, helicópteros e discutir também a questão dos aviões de caça", afirmou Lula.
Diante da insistência dos jornalistas sobre o resultado da licitação FX-2, do qual participam também os aviões Gripen NG, da sueca Saab, e F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing, o presidente disse que discutirá a decisão com o Ministério da Defesa e o comando da Força Aérea Brasileira (FAB).
"O Brasil passa por uma fase na qual terá de tomar uma decisão, e todo mundo sabe que uma das exigências que o Brasil faz é de ter acesso à tecnologia", explicou, dizendo que o país "sonha produzir" uma parte do avião.
Indagado se o anúncio do vencedor poderia ser feito durante a visita de 24 horas de Sarkozy a Brasília, Lula não confirmou, mas revelou o favoritismo. "Nossas discussões estão muito avançadas e eu acho que chegaremos a um bom entendimento com a França. Nós temos um relacionamento de confiança com o presidente Sarkozy", reiterou.
"Para nós, a compra dos caças tem um componente essencial, que é a transferência de tecnologia e a possibilidade de fabricar uma parte desses aviões no Brasil. Quem estiver com essa disposição estará mais próxima de fechar o contrato com o Brasil. E vocês sabem bem quem tem essa disposição mais forte", insinuou aos jornalistas.
Submarinos
Nesta segunda, Lula e Sarkozy assistirão juntos ao desfile de 7 de Setembro em Brasília. Em seguida, os dois chefes de Estado deverão assinar o acordo de compra, por parte do Brasil, de quatro submarinos convencionais Scorpène e de um casco de submarino nuclear, além da construção de um estaleiro e de uma base naval no Rio.
Pelos contratos da Marinha, o Ministério da Defesa pagará € 6,7 bilhões. Além deles, será homologada a produção e compra de 51 helicópteros pesados Cougar EC-725 Helibras, filial da Eurocopter, ao custo de € 1,9 bilhão.
Apesar da amplitude dos acordos militares, Lula ressaltou que deseja a ampliação do comércio e da Parceria Estratégica entre os dois países também na área civil. "É inexplicável que o Brasil e a França tenham uma balança comercial de apenas US$ 8 bilhões", afirmou.
Outros pontos da entrevista
Embora os acordos militares entre os dois países tenham domindado a maior parte da entrevista, o presidente também falou sobre outros assuntos, como meio-ambiente e o suposto apoio do Brasil ao resultado das eleições no Irã.
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