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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Queda de Antonio Palocci; leia cronologia dos fatos







27 de março de 2006 • 20h17 • atualizado em 28 de março de 2006 às 08h13

Após várias denúncias no último mês, Antonio Palocci não resistiu ao cargo Foto: Divulgação
Após várias denúncias no último mês, Antonio Palocci não resistiu ao cargo
07 de dezembro de 2005
Foto: Divulgação


Confira passo a passo a crise que levou ao afastamento de Antonio Palocci do cargo de ministro da Fazenda:


  • Dólares de Cuba - O suposto repasse de dólares cubanos para a campanha eleitoral do presidente Luis Inácio Lula da Silva, em 2002, foi denunciado no ano passado pela revista Veja. O advogado Rogério Buratti, ex-secretário da administração municipal de Palocci, e Vladimir Poleto, ex-funcionário da prefeitura, afirmaram terem ouvido de outro ex-colaborador de Palocci, já falecido (Ralf Barquete), que Cuba remeteu uma alta soma em dólares para o PT.

    Poleto, que era assessor de Ralf Barquette, disse que nunca viu o dinheiro, mas que viajou de avião, no ano das eleições, levando três caixas com uísque de Brasília até Campinas (SP). As caixas conteriam US$ 1,4 milhão. Os três, juntos com outros assessores de Palocci em Ribeirão Preto, foram apelidados de integrantes da "República de Ribeirão".

    Casa do Lobby - O motorista Francisco das Chagas Costa, que prestou serviços para assessores da prefeitura de Ribeirão Preto durante a gestão de Antonio Palocci, afirmou em depoimento na CPI dos Bingos no dia 8 de março, que Palocci esteve na casa de Vladimir Poletto em Brasília. A afirmação contradisse o depoimento do ministro na CPI, que afirmou nunca ter estado na casa.

    "Todos me ligavam quando vinham para cá (Brasília). Eu vi o Palocci lá umas duas ou três vezes, sempre durante o dia", disse o motorista. Segundo Costa, a casa foi alugada por R$ 60 mil, pagos em dinheiro e servia para reuniões entre Poletto, Rogério Buratti, Ralf Barquette e outros assessores de Ribeirão Preto.

    Caseiro na CPI - O caseiro Francenildo dos Santos Costa, Nildo, confirmou em depoimento à CPI dos Bingos, no dia 16 de março, que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, fez várias visitas à mansão alugada por ex-assessores da prefeitura de Ribeirão Preto, no Lago Sul de Brasília. "Eu confirmo até morrer", disse ele ao ser questionado pela senadora Heloísa Helena (Psol-AL). Em depoimento à CPI dos Bingos, Palocci negou que tenha ido à casa.

    Francenildo também afirmou que Palocci era amigo de Vladimir Poletto, Rogério Buratti e Ralf Barquette, já falecido, freqüentadores assíduos da casa. Segundo ele, Poletto era o responsável pelo pagamento das despesas da casa, inclusive seu salário, que era recebido em dinheiro. O homem contou que Palocci era chamado pelos demais como "chefe".

    O presidente da CPI dos Bingos, Efraim Morais (PFL-PB), suspendeu o depoimento do caseiro Francenido Santos Costa após ser informado sobre a decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF) à liminar requerida pelo senador Tião Viana (PT-AC). Viana solicitou a suspensão do depoimento alegando ameaça de invasão de privacidade do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e que Francenildo Costa não tem qualquer relação com o fato para o qual a CPI foi criada.

    Quebra do Sigilo do caseiro - O blog da revista Época revelou, no dia 18 de março, que o caseiro Francenildo dos Santos Costa recebeu um total de R$ 38.860 em depósitos em sua conta corrente. Nildo afirmou que o dinheiro era oriundo de um depósito feito pelo empresário Eurípedes Soares da Silva, proprietário de uma empresa de transporte urbano em Teresina, no Piauí, que ele afirma ser seu pai.

    O repasse teria sido fruto de um acordo entre Francenildo e Eurípedes, que serviria como uma indenização em função de o empresário negar-lhe a paternidade.

    O advogado do caseiro, Wlício Chaveiro Nascimento, entregou uma denúncia formal ao Ministério Público do Distrito Federal pedindo a instauração de um inquérito para identificar os responsáveis pela quebra de sigilo bancário de seu cliente. A investigação sobre a impressão ilegal do extrato bancário vai para na Polícia Federal.

    Depoimento de Mattoso - O presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Jorge Mattoso, admitiu que entregou pessoalmente ao ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci a impressão ilegal do extrato bancário do caseiro Francenildo Costa Santos. Mattoso foi indiciado por violação de sigilo funcional.

    O presidente do CEF citou nominalmente o nome do ex-ministro por duas vezes durante o depoimento na Polícia Federal (PF), nesta segunda-feira.

    Pedido de afastamento - Palocci divulga uma nota anunciando seu afastamento. A nota dizia que Palocci encaminharia ao presidente Lula uma carta explicando suas razões. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou nesta segunda-feira a demissão do ministro da Fazenda e definiu o presidente do BNDES, Guido Mantega, como seu substituto.

  • Redação Terra



    Palocci poderia tentar a Prefeitura de São Paulo em 2012


    Palocci e Dirceu farão a campanha de Dilma

    Autor(es): ELIANE CANTANHÊDE
    Folha de S. Paulo - 28/07/2009

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva armou para a campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff o mesmo comando de sua própria campanha em 2002 -que foi atropelado por escândalos no governo: os nomes-chaves serão os dos ex-ministros Antonio Palocci (que ainda responde a processo no STF) e José Dirceu (que foi cassado na Câmara).

    Na composição ditada por Lula, Palocci atua "por cima", mantendo contatos com o empresariado e garantindo que a política econômica conservadora seja mantida se Dilma for eleita, enquanto Dirceu age "por baixo", tentando acomodar os interesses do PT com os partidos da base aliada e montando os palanques estaduais.
    Os dois já atuam nas tarefas delegadas por Lula, que julga Palocci "o guardião da política econômica" que o aproximou da elite econômica. Na campanha de Dilma, Palocci atua nos bastidores e tende a se manter discreto, mesmo após o desfecho, esperado para agosto, da ação que corre contra ele pela acusação de quebra do sigilo bancário de Francenildo Costa.
    O coordenador nominal da campanha deverá ser o presidente do PT à época da eleição, provavelmente o ex-senador José Eduardo Dutra (SE), ex-presidente da Petrobras.
    A Folha apurou que foi o próprio Lula quem afastou a possibilidade de Palocci ser nomeado ministro de Relações Institucionais, que faz a coordenação política do governo: "Ele [Palocci] vai chefiar a campanha", disse Lula a interlocutores em conversa sobre quem deverá ocupar o lugar do ministro José Múcio (PTB-PE), que está para ser nomeado para o Tribunal de Contas da União, órgão que o governo considera muito oposicionista.
    Essa vaga está sendo o centro do tabuleiro de Lula para dois jogos distintos: 1) equilibrar as forças políticas que apoiam o governo e que se tornam cada vez mais exigentes à medida que a eleição se aproxima; 2) trazer para o palco político novos personagens que estão ocupando o vácuo de velhos líderes atropelados por escândalos.
    Disputam a vaga de Múcio o PT, alegando que é o partido de Lula; o PMDB, por ter a maior bancada e as presidências da Câmara e do Senado; e o PTB, que só tem esse ministério.
    O PMDB já tem seis ministérios e ainda deverá abocanhar a vaga de vice na chapa de Dilma -que pode ficar com o presidente da Câmara, Michel Temer, ou com o ministro das Comunicações, Hélio Costa.
    Na disputa, até agora, vence o PT. E um PT específico: o ligado à ex-ministra do Turismo Marta Suplicy. O nome mais forte para o cargo é o do líder da bancada petista na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), em ascensão na bancada petista.
    O PTB, nesse caso, voltaria a ocupar o Turismo, que perdera para Marta. A questão é o nome, pois o candidato natural em qualquer hipótese oferecida ao partido é o do vice-líder do governo no Senado, Gim Argello, outra estrela em ascensão: além de considerado bom articulador no Parlamento, ele é um dos consultores de Dilma.
    Já o PMDB pressiona para comandar a articulação política, mas na verdade para negociar a participação de um dos seus nas reuniões de coordenação presididas por Lula. O nome da preferência do partido na Câmara é o ministro da Integração, Geddel Vieira Lima.





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