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domingo, 21 de setembro de 2008

Futuro da GM depende do sucesso do Chevrolet Volt


Empresa aposta em carro elétrico para liderar o mercado mundial.
Sucesso nos países emergentes será o segundo pilar da estratégia.

Priscila Dal Poggetto Do G1, em São Caetano do Sul (SP)


Chevrolet Volt é apresentado em Detroit, nos Estados Unidos (Foto: Rebeca Cook/Reuters)

"Vamos reinventar o automóvel." Assim, o CEO (chief executive officer) da General Motors, Rick Wagoner, apresenta ao mundo a nova versão do Chevrolet Volt, carro elétrico que será produzido apenas no primeiro trimestre de 2011. Na verdade, é o Volt que reinventará a GM. O carro marca a comemoração de 100 anos da empresa, por ser a grande aposta de sobrevivência em um mercado cada vez mais exigente.

A empresa se vê em um momento decisivo: os tradicionais mercados Estados Unidos e Europa enfrentam, talvez, a pior crise da história. Os consecutivos 77 anos de liderança em vendas mundiais são ameaçados pela japonesa Toyota. E o automóvel virou o vilão da questão ambiental. Ou seja, ou a GM muda ou os próximos 100 anos não serão prósperos.

"O Chevrolet Volt simboliza o que a GM quer para hoje: tecnologia associada a design e o comprometimento com o futuro, para enfrentar os desafios com o meio-ambiente", ressaltou Rick Wagoner em uma videoconferência para jornalistas do mundo todo.

Foto: Rebeca Cook/Reuters

Chevrolet Volt será comercializado a partir de 2011 (Foto: Rebeca Cook/Reuters)



A tendência é confirmada pelo presidente e COO (Chief Operating Officer) da GM, o segundo nome da companhia, Fritz Henderson que, como Wagoner, tem o grande "abacaxi" de enfrentar a gigante Toyota com um mercado a menos – a GM não atua no Japão. Ou seja, a tal reinvenção do automóvel significa conquistar o novo perfil do consumidor norte-americano e europeu, agora de olho nos veículos compactos e crossovers, e expandir nos emergentes, antes que qualquer outra companhia. O que vai muito além de superar uma crise econômica.

Tecnologia elétrica

No ritmo de "salve-se quem puder" nasce o Volt, o primeiro carro totalmente elétrico produzido em grande escala. O compacto, com espaço para quatro pessoas, terá potência de 124 kw/h, ou seja, compatível ao motor do Chevrolet Captiva de seis cilindros.

A autonomia da bateria é de 65 km e, caso haja a necessidade de um percurso maior, automaticamente é acionado um motor de combustão interna, que pode ser abastecido com E85 (mistura de 15% de etanol e 85% gasolina), ou por célula de combustível, que utiliza hidrogênio.

Painel do Chevrolet Volt (Foto: Divulgação)

A diferença para qualquer modelo híbrido é que ele possui apenas um motor principal, o elétrico, e o motor de combustão interna é menor, somente para auxílio. No caso dos carros híbridos, eles possuem duas fontes de propulsão simultâneas, sendo que o motor de combustão interna é a fonte principal de energia.

De acordo com o diretor de engenharia da General Motors do Brasil, Pedro Manuchakian, pesquisa feita nos Estados Unidos mostrou que 78% dos consumidores utilizam o carro por menos de 64 km por dia. "Ou seja, com o Volt, a pessoa passará a semana inteira usando energia elétrica para abastecer o carro", observa.

Sobre os gastos com eletricidade, Manuchakian garante que abastecer o Volt é muito mais econômico que muitos aparelhos usados no dia-a-dia, como ar-condicionado central e aquecedores. "Para quem tem geladeira e freezer é só desligar um, para que o consumo do Volt seja compensado", ilustra.

Parte traseira do Chevrolet Volt (Foto: Divulgação)

O grande desafio dos engenheiros é aprimorar a tecnologia dos carros elétricos de forma que o veículo possa ter uma autonomia maior com uma carga de bateria e um menor tempo de carregamento nas fontes de energia elétrica.

Exposição no Salão de SP

A combinação carro compacto com matriz energética independente do petróleo será a solução da GM para os Estados Unidos e países da Europa. A equação brasileira é similar, mas o foco é outro. De acordo com o presidente da GM do Brasil e Mercosul, Jaime Ardila, não há previsões de o Volt chegar ao Brasil. O modelo estará apenas em caráter de exposição no Salão do Automóvel de São Paulo, a partir de 30 de outubro.

Primeiramente, porque o país tem como energia renovável o etanol. Outro motivo é a inviabilidade de custo. "O Volt tem de US$ 3 mil a US$ 4 mil de custo a mais", observa. Apesar dos impasses, Ardila acredita que se for formada demanda para ter escala suficiente que barateie os custos, o carro chegará ao mercado brasileiro.

O tom da afirmação de Ardila tem peso muito maior do que aparenta. Se o Volt reinventará a GM, os países emergentes como Brasil, China, Índia e Rússia são fundamentais para a venda dos novos produtos da empresa. "Nos próximos 10 anos o líder será aquele que conseguir o sistema mais avançado de propulsão acessível aos consumidores e que vão conseguir o melhor crescimento nos mercados emergentes", avalia Ardila.

Ainda na análise do executivo, O Brasil ganhará mais força dentre os emergentes por causa da queda da credibilidade da Rússia, que afastou os investidores em função do conflito com a Geórgia. "A confiança na economia russa foi muito afetada", diz.

Sobre a crise mundial, Jaime Ardila acredita que os Estados Unidos irão se recuperar de forma mais rápida que a Europa. "Na Europa a recessão pode ser ainda mais forte que a dos EUA, porque a economia norte-americana é muito mais flexível", afirma.

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