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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Suíça faz lobby por melhor eliminação de lixo eletrônico


Greenpeace protesta contra o transporte de lixo tóxico no navio Probo Koala em Abidjan, 2006.
Legenda da foto: Greenpeace protesta contra o transporte de lixo tóxico no navio Probo Koala em Abidjan, 2006. (Keystone)

O governo suíço planeja aproveitar uma conferência internacional sobre o lixo para fazer lobby por meios mais eficientes de remoção de dejetos eletrônicos.

O crescimento do comércio internacional tem como conseqüências maiores quantidades de resíduos potenciais. A sua incorreta remoção pode ter um forte impacto sobre a saúde humana e o meio-ambiente.

Os delegados suíços pretendem compartilhar sua própria experiência do tratamento de antigos aparelhos eletrônicos durante a 9ª Conferência das Partes na Convenção da Basiléia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos, que abre hoje (23 de junho) em Bali, Indonésia.

Os esforços das autoridades helvéticas de assegurar o tratamento correto do chamado "e-waste" são apoiados pelo grupo ecológico Greenpeace, que apelas para os participantes do encontro internacional para criar novas leis que cubram a eliminação de eletrodomésticos como telefones celulares ou computadores.

Nos últimos anos, a Suíça encorajou o setor privado para organizar a remoção ecológica e reciclagem do numero crescente de telefones celulares que vão parar no lixo.

Em Bali, a delegação suíça fará pressão sobre os participantes da conferencia para criarem semelhantes parcerias para tratar dos velhos computadores.

"Falamos principalmente da questão dos telefones celulares, mas é possível expandir o debate e dizer que o lixo eletrônico, em geral, é um problema quando a produção aumenta", declara Thomas Kolly, chefe da divisão internacional do Ministério do Meio-Ambiente. "No final, todos esses aparelhos acabam sendo jogados fora".

Sucata

A questão do lixo eletrônico será um dos cavalos de batalha da "Basel Action Network" (Ban), ONG americana que participa da também da conferência.

Como denuncia a ONG no seu site, cada vez mais antigos aparelhos eletrônicos são vendidos e exportados pelas nações mais ricas para uma suposta reutilização nos países em desenvolvimento. Porém a realidade é que muitas vezes os estoques não são mais reutilizáveis ou passíveis de conserto e terminam como sucata eletrônica, sendo depositado em grandes lixões ou mesmo queimado, ações que provocam grandes danos ao meio-ambiente e à saúde humana.

Para combater o problema, Ban reivindica a introdução global de testes obrigatórios e monitoramento antes qualquer exportação de lixo eletrônico.

Martin Besieux, do Greenpeace International, concorda. O grupo ecológico exige medidas adicionais para tratar da questão do lixo eletrônico. Eles exortam os delegados internacionais em Bali a apoiar a criação de uma legislação internacional que exija dos produtores assumir os custos da reciclagem ecológica dos seus produtos, custos estes que poderiam ser incorporados nos preços.

O Greenpeace elaborou uma lista das empresas que responderam positivamente à idéia ou já estão implementando-as na sua própria cadeia de produção. Como forma de pressionar a opinião pública, o grupo ecológico depositou 500 computadores usados na frente da sede geral da multinacional Philips na Holanda, uma semana antes do início da conferência em Bali.

"Talvez estejamos em um momento, onde a industria de eletrônicos poderia mostrar para outras setores da economia a melhor forma de eliminar o lixo e ser ecológico", afirma Besieux à swissinfo.

Evitar acidentes

Em Bali, cerca de 170 países irão debater o tema da conferência, cujo principal objetivo é estender a atual proibição de exportação de lixo para países em desenvolvimento que não tenham a infra-estrutura necessária ou o conhecimento para realizar um tratamento que não seja danoso ao meio ambiente ou à saúde pública.

A Suíça é uma das principais defensores da Convenção da Basiléia e colabora estreitamente com a secretaria internacional da organização baseada em Genebra, cujo chefe também é um suíço.

Kolly declara que houve um desenvolvimento positivo desde que a convenção foi aceita pelos países signatários. Ela foi ratificada por sessenta países, embora os Estados Unidos, Canadá e Austrália ainda não tenham assinado. "Certamente já houve bastante progresso. Foi a primeira vez que o tráfego de lixo foi realmente tratado e regulado por um tratado internacional". Porém o chefe da divisão internacional do Ministério do Meio-Ambiente ressalta a necessidade de uma ação global para impedir que o problema ganhe dimensões incontroláveis.

Elas impediriam graves acidentes ambientais como o ocorrido em 2006, quando o navio cargueiro Probo Koala, jogou sua carga de lama proveniente de aterros sanitários químicos originários da Europa nas ruas e terrenos de Abidjan, na Costa do Marfim. Resultado: sete pessoas morreram e mais de 40 mil tiveram de ser tratadas por náuseas, problemas respiratórios e hemorragias nasais. "Temos de fazer todo o possível para impedir esse tipo de acidente. A convenção é um instrumento que pode ser útil nesse sentido", reforça Kolly. "Se você olha a quantidade de lixo que está se empilhando atualmente, sabe que precisamos agir o mais rápido possível".

swissinfo, Jessica Dacey



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