Em frente aos 101 lugares do antigo auditório, transformado em sala de cinema, Roberto Santos gargalha, acomodado numa cadeira e na desarrumação do bar Soberano, reduto dos autores da Boca do Lixo.
A foto do diretor paulista é um entre muitos registros dele espalhados pela Biblioteca Municipal do Ipiranga, a partir de hoje rebatizada com o nome de Roberto Santos (1928-1987) e voltada à sétima arte.
Entre os 800 livros sobre cinema disponíveis para consulta, está o volume em que Glauber Rocha classifica "O Grande Momento" (1958), de Santos, como "um filme novo para o Brasil de então, carregado de neo-realismo, mas corajoso".
Erro paulista
O elogio a Santos é dos raros que Glauber (1939-81) distribui em sua "Revisão Crítica do Cinema Brasileiro" (Cosac Naify), no qual avalia que "os cineastas paulistas erram e errarão sempre, pelo sentido de grandiosidade que marca esta própria civilização".
Além de volumes de ensaios (como o de Glauber) sobre o cinema brasileiro e o estrangeiro, críticas e biografias de cineastas, a biblioteca dispõe de um acervo de revistas cinematográficas e 500 títulos em DVD. Há oito conjuntos de aparelhos de TV e DVD, onde os filmes podem ser assistidos. Retiradas não são autorizadas.
A organização do acervo e as mostras de filmes que ocorrerão na sala de cinema (em cooperação com o Cineclube Ipiranga) não se voltam ao cinéfilo, segundo o curador e programador Celio Franceschet. "Vamos enfatizar o cinema popular, mas sem abrir mão da qualidade, porque nosso foco é a formação de público", diz ele.
Documento de identidade e comprovante de residência (na Grande SP) são os requisitos para a matrícula como usuário da biblioteca, que funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h, e aos sábados, das 9h às 16h.
Biblioteca Temática de Cinema Roberto Santos
O quê: abertura do cinema, com curtas de Roberto Santos e debate com o biógrafo Inimá Simões
Quando: hoje (14), às 17h
Onde: r. Cisplatina, 505, Ipiranga, tel. 0/xx/11/2273-2390
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