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sexta-feira, 27 de junho de 2008

Coréia do Norte destrói torre de usina nuclear


Plantão | Publicada em 27/06/2008 às 12h07m

Reuters/Brasil Online

Por Jon Herskovitz

SEUL (Reuters) - A Coréia do Norte derrubou na sexta-feira a torre de refrigeração de um reator usado para produzir plutônio, realizando esse gesto simbólico um dia depois de ter, como parte de um acordo internacional, entregue um relatório detalhado sobre seu programa atômico.

Respondendo a essa rara manobra de abertura vinda dos norte-coreanos, os EUA começaram a adotar medidas para retirar a Coréia do Norte de sua lista de supostos patrocinadores do terrorismo e para divulgar uma declaração levantando as sanções impostas por meio da Lei sobre o Comércio com Inimigos.

Especialistas, no entanto, afirmam que ainda há dúvidas sobre a presença de armas nucleares no território norte-coreano e sobre a proliferação de armas a partir dali. E as potências mundiais ainda precisariam verificar os dados da declaração, responsável por detalhar o montante de plutônio produzido por esse país.

Imagens de vídeo mostraram a torre de cerca de 20 metros de altura sendo derrubada por meio de uma explosão ocorrida em sua base. Ao final, restou da construção, um monte de destroços e ferro retorcido.

Em sua primeira manifestação desde que entregou o relatório, a Coréia do Norte recebeu com satisfação as manobras dos norte-americanos para tirá-la da lista negra do terrorismo e convocou os EUA a suspenderem todas as políticas hostis direcionadas contra o país asiático.

"Somente então o processo de desnuclearização poderá avançar sem percalços, seguindo seu curso", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Coréia do Norte segundo a agência de notícias oficial KCNA.

"Aquele era um reator ativo. Aquele era um reator que estava fabricando plutônio, que fabricou plutônio suficiente para equipar vários dispositivos, entre os quais a bomba que testaram em 2006. Por isso, era tão importante que a Coréia do Norte fosse tirada do negócio do plutônio", afirmou a secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice.

Lee Chung-min, professor de relações internacionais na Universidade Yonsei, em Seul, afirmou: "A questão-chave aqui é, claro, a verificação e o tipo de regime de inspeção que os norte-coreanos vão permitir".

"Uma vez que comecemos a tratar dos detalhes das inspeções, eles tentarão, basicamente, estender o processo pelo máximo de tempo possível, sem abrir mão de suas armas nucleares."

O presidente dos EUA, George W. Bush, recebeu com um otimismo reservado, na quinta-feira, o relatório vindo da Coréia do Norte, mas advertiu que o país asiático, que testou um artefato nuclear em outubro de 2006, enfrentaria "consequências" se não divulgasse informações sobre seus programas atômicos e não continuasse a desmontá-los.

Uma vez tirada da lista de países acusados de terrorismo, a Coréia do Norte teria mais acesso a recursos financeiros vindos de fora.

Devido ao pequeno tamanho da economia norte-coreana, qualquer expansão do volume de investimentos e de negócios poderia ter grandes efeitos, disseram especialistas, acrescentando que o acréscimo no faturamento chegaria às mãos da liderança da Coréia do Norte e seria usado para fortalecer ainda mais o controle exercido por ela.

(Reportagem adicional de Jack Kim em Seul, Susan Cornwell em Kyoto e Matt Spetalnick e Jeremy Pelofsky em Washington)

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