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Yahoo! Notícias – A investigação sobre as escutas ilegais levou à demissão do segundo policial de alto escalão em menos de 24 horas, quando o comissário adjunto da polícia de Londres John Yates renunciou nesta segunda-feira.
Yates, também o principal oficial de contraterrorismo da Polícia Metropolitana de Londres, anunciou sua renúncia em um comunicado no dia em que seu chefe, o comissário Paul Stephenson, anunciou sua demissão por conta do escândalo. Yates decidiu em 2009 não reabrir investigações anteriores em supostos grampos de telefones por jornalistas no “News of the World”, alegando que não havia motivos para isso. Stephenson, por sua vez, era acusado de ter ligação direta com um ex-editor do tablóide, suspeito de pagar propinas a policiais em troca de informações.
Na terça-feira (19), parlamentares britânicos esperam explicações de James Murdoch – filho do magnata Rupert Murdoch, controlador do grupo proprietário do “News of the World” – em sessão. Outros envolvidos no caso já passaram pela sabatina ou caíram de seus cargos. Rebekah Brooks renunciou ao cargo de diretora-executiva do grupo News International, na sexta-feira.
Em 2002, ela era editora-chefe do “News of the Word”, quando um investigador do tablóide gravou mensagens deixadas no telefone da adolescente desaparecida Milly Dowler, que foi encontrada assassinada. Brooks foi detida no domingo (17) após doze horas de interrogatório, mas foi liberada sob fiança.
No dia 14, o ex-editor-executivo do tablóide Neil Wallis foi detido e levado para interrogatório em Londres, sob suspeita de conspirar para as interceptações telefônicas. Um pouco antes, no dia 8 de julho, o jornalista Andy Coulson – ex-editor-chefe do “News of the World” e ex-chefe de comunicações do primeiro-ministro David Cameron, também foi detido. Coulson, após acusações de corrupção e interceptações telefônicas, pediu demissão do cargo de confiança de Cameron em janeiro deste ano. Um repórter e um detetive chegaram a ser presos por grampear assessores do príncipe William.
Império ruído
Os esquemas do “News of the World” gerou mais do que o fechamento da publicação. O escândalo manchou o império de Rupert Murdoch, que se viu obrigado a desistir de adquirir a totalidade das ações da operadora de TV por assinatura BSkyB, da qual seu grupo detém 39%.
Não bastasse, a empresa ainda enfrenta uma série de investigações criminais, processos civis e investigações governamentais. A crise não para por aí. A cotação da News Corp. – que teve faturamento de US$ 32,8 bilhões no ano fiscal encerrado em 2010 – teve quedas nas últimas semanas.
Vítimas
Cerca de três mil pessoas – entre celebridades, esportistas, políticos e pessoas comuns – tiveram suas ligações grampeadas. Entre eles, se encontravam o vice-primeiro ministro John Prescott, os atores Jude Law, Sienna Miller e Gwyneth Paltrow, o atual ministro de Finanças, Goerge Osborne, o então primeiro-ministro Gordon Brown, além de familiares de vítimas dos atentados terroristas de 7 de julho de 2005, no metrô de Londres, soldados feridos e familiares de mortos nas geurras do Afeganistão e Iraque. Até o primo do brasileiro Jean Charles, morto por policiais no mêtro de Londres, teria sido vítima das escutas ilegais. O tablóide – que vendia aproximadamente 2,7 milhões de exemplares – buscava histórias inéditas.
A atriz Sienna Miller processou o jornal e recebeu uma indenização de 100 mil libras (R$ 248 mil). Muitos familiares de mortos no Afeganistão também entraram na Justiça contra o grupo. O coronel Richard Kemp, ex-comandante das forças britânicas no Afeganistão disse que as acusações o deixaram “absolutamente sem palavras e com raiva”.
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