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sábado, 9 de outubro de 2010

#dilma : O funk-funk filosófico-liberticida de Marilena Chaui




Um ato de apoio à candidatura da petista Dilma Rousseff ocorrido ontem na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo São Francisco, dá conta da democracia e da imprensa que os petistas querem para o Brasil.

Liderada pelos professores Marilena Chaui (filosofia) e Dalmo Dallari (direito), a manifestação foi escancaradamente ilegal. A Lei Eleitoral veda expressamente, sem qualquer ambigüidade, o uso de prédios públicos para fins eleitorais ou partidários. Então se recorre à trapaça: a chamada Sala dos Estudantes foi requisitada para a suposta “reunião de um grupo de estudo”. Não obstante, Chaui, Dallari e outros professores da faculdade se revezaram na defesa da candidatura Dilma, nos ataques ao tucano José Serra e, principalmente, à imprensa, aquela que Franklin Martins quer controlar. Que retrato melhor se pode obter do petismo senão uma manifestação ilegal de professores de direito numa faculdade de direito?

Marxilena Chaui, a Tati Quebra-Barraco do marxismo, da filosofia e da fusão do pensamento de Spinoza com o pragmatismo de Delúbio Soares, mandou ver no seu funk-funk filosófico-liberticida. Num país academicamente sério, esta senhora teria desaparecido junto com a desconstrução que José Guilherme Merquior fez do “seu” livro “Cultura e Democracia”, que ele demonstrou pertencer, em grande parte, a Claude Lefort. Mas ela seguiu impávida, escrevendo artigos semanais para os jornais, em especial para a Folha, que abria e ainda abre espaço para esses “inteliquituais”.

Segundo um site da patota, “Marilena Chaui defendeu que lideranças de esquerda e do PT deixem de atender jornalistas da imprensa convencional, em uma espécie de boicote a pedidos de entrevista. ‘Para defender a liberdade de expressão, é preciso não falar com a mídia’, propõe Marilena Chaui. Ela acredita que a mídia dá espaço para figuras do partido e de movimentos sociais apenas para ‘parecer plural’, mas promovendo um ‘controle de opinião’ sobre o que é publicado.”

Não se animem, leitores! Isso não vai acontecer. Esquerdistas não podem ver um microfone ou um gravador. Falam pelos cotovelos. Um dos alvos do ataque da turma foi o suprapartidário Manifesto em Defesa da Democracia, com quase 80 mil assinaturas, lançado, diga-se, em frente à faculdade, não dentro dela — os petistas não permitiram! Na “democracia deles”, um ato suprapartidário não pode ter lugar dentro da faculdade; já uma patusca que faz a defesa oblíqua da censura e de uma candidata à Presidência pode!

Marilena foi além — porque ela sempre vai. Segundo disse, a eleição não pode se transformar num “plebiscito sobre o aborto”. Plebiscito? O tucano José Serra é contra a legalização. Então quem é a favor? Só pode ser a sua adversária, aliada de Marilena: Dilma Rousseff. Marxilena sempre é muito divertida.

No tal site de esquerda de onde extraio aquela magnífica fala de Marilena, escreve um sujeitinho: “Recentemente, Reinaldo Azevedo, colunista da Veja, assumiu a posição para a imprensa como partido de oposição no país.” Ai, ai… “Assumiu a posição para a imprensa!!!” Eu não sei qual analfabetismo deles é mais saliente: o moral, o profissional ou o literal.

O autor alude a uma afirmação minha, feita durante debate no Clube Militar. Contestando, então, a bobagem de Lula segundo a qual a imprensa era um partido, ironizei — e minha fala está gravada: “Se bem que, em certo sentido, ele tem razão; a oposição no governo Lula foi tão mixuruca, que coube à imprensa a tarefa de defender os Artigos 5º e 220 da Constituição”. E afirmei que, dadas as muitas vezes em que o governo Lula os transgredia ou tentava transgredi-los, a deesa que a imprensa fazia da Constituição não deixava de ser uma espécie de oposição. Ou seja: eu estava contestando Lula, ironizando Lula e combatendo os arreganhos autoritários de Lula. Como é que um esquerdistazinho, um discípulo da professora do funk-funk liberticida registra isso? “Reinaldo Azevedo afirmou que a imprensa é um partido”. “Eles” querem mudar a imprensa para começar a trabalhar com o modelo de precisão que exibem em suas reportagens. A besta ao quadrado sabe muito bem o que foi que eu falei. Mas ele não tem compromisso com o fato, e sim com a sua “tarefa”.

À Folha, o professor de direito penal da USP Sérgio Salomão Shecaira afirmou que se tratou de um “ato pró-Dilma, não algo antiimprensa”. E emendou: “Atacamos bastante o PSDB, como resposta ao ‘Manifesto em Defesa da Democracia’, lido em frente à faculdade há algumas semanas”. Shecaira, como se nota, confessa a clara transgressão à Lei Eleitoral. Basta agora o PSDB acionar os meios legais competentes. A confissão está aí.

Já dei algumas chineladas lógicas nesse Shecaira — uma delas está aqui Este senhor é autor de uma tese estupenda. Em 2007, ele andou enroscando com a política de segurança de São Paulo. Afirmava esse Colosso de Rhodes da lógica que era um absurdo o estado ser aquele que mais prende bandidos se é um dos que têm os menores índices de homicídio do país. Ao doutor em direito penal, com currículo para 400 talheres, não ocorreu que onde ele via contradição havia relação de causa e efeito. Shecaira é daqueles que se negam a reconhecer que haver mais bandidos na cadeia implica menos bandidos matando na rua. Ele ainda tentou espernear afirmando que a redução dos homicídios em São Paulo se devia ao Estatuto do Desarmamento, à diminuição do desemprego etc. Só não explicou por que, então, efeito semelhante não se registrou em outros estados. No Nordeste, houve aumento do número de homicídios.

Assim são muitos dos nossos “acadêmicos”: com a ética de Marilena, o amor pelo estado de direito de Dalmo Dallari e a lógica cristalina de Shecaira. E todos lá, desrespeitando a lei e violando o estado de direito numa faculdade de direito — em nome, claro, dos desígnios mais sublimes do povo, que eles conhecem, no máximo, de ouvir falar!

Por Reinaldo Azevedo






Os saraus de Marta

"Anfitriã de resultados" Marta e as mulheres convidadas para ouvir planos de Dilma

Alan Rodrigues

"Anfitriã de resultados" Marta e as mulheres convidadas para ouvir planos de Dilma

O ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, ao final de seu mandato (1981- 1989), comparou a política a um show biz: "Você tem uma estreia fantástica, desliza por algum tempo e acaba num inferno." Ou seja, para não cair no cadafalso, o político precisa se reinventar a todo instante. A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy não foge a esse script. Desde 1983, quando se filiou ao PT, passando por sua chegada à Prefeitura de São Paulo, 17 anos depois, Marta vive num verdadeiro tobogã (ver gráfico à pág. 38). Nos últimos tempos, entre altas e baixas, a ex-prefeita decidiu apostar nos saraus gastronômicos para se manter de pé na política. Sem mandato e sem o poder, ela voltou ao noticiário no sábado 6, quando reuniu em torno da mesa 17 mulheres das mais diversas áreas de atuação para que conhecessem a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT a presidente da República.

Diversidade Dilma (à esq.), Ana Maria Braga, Luciana Gimenez e Marta

Do eclético grupo, que degustou um cuscuz de camarão, faziam parte desde intelectuais, como a filósofa Marilena Chauí e as dramaturgas Leilah Assumpção e Marta Góes, a apresentadoras de televisão - Adriane Galisteu, Ana Maria Braga e Luciana Gimenez - passando pela ex-atleta Hortência. Na roda, que também contou com a empresária Viviane Senna e a jornalista Mônica Waldvogel, falou-se de saúde, educação e, claro, do Bolsa Família. "Teve também muito papo que é conversa de mulher, filho, marido, tudo", disse Luciana Vilas-Boas, diretora da Editora Record. Apesar da aparente fragilidade dos debates, a avaliação do PT é que o encontro foi um sucesso, principalmente para Dilma, que, a princípio, tinha muito medo de se expor a uma plateia de maioria não petista.

Se para costurar entendimentos Marta não é dos melhores quadros políticos, como "anfitriã de resultados" tem-se mostrado hábil. Em fevereiro, a ex-prefeita apagou um incêndio na base do partido que ensaiou uma resistência ao nome de Dilma. Marta foi ágil. Organizou às pressas um sarau em sua casa em homenagem a Dilma. Entre porções de canapés e alguns drinques, ao pé de sua lareira, a ex-prefeita colocou lado a lado todas as correntes partidárias. "No final da noite, os contrários até tocaram piano a quatro mãos", lembra um dos presentes, referindo-se àqueles que eram resistentes a Dilma.

A ideia de organizar os eventos partiu da própria Marta. No início da década de 1980, quando era casada com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o casal era famoso pelas festas na mansão da rua Grécia, no elegante bairro paulistano dos Jardins. Foi em uma delas, inclusive, que surgiu um dos apelidos do presidente: "Lula pé de valsa". Agora, Marta retoma esse costume com maiores pretensões, pois não é mais apenas sexóloga e esposa de um político. Se na parte logística dos saraus Marta conta com bufês de grife e seu staff particular, na parte política o auxílio principal é do presidente do PT paulista, Edinho Silva. Os dois discutem a oportunidade para promover os encontros, datas e, principalmente, a lista dos convidados.

PT ou não Eleonora Mendes Caldeira e Marilena Chauí (à dir.) prestigiaram evento

Desde a derrota nas eleições municipais do ano passado, a ex-prefeita mergulhou num verdadeiro ostracismo político. "Ela já esteve na UTI, respirou por aparelhos e agora já está recebendo visitas. Ela não está morta", adverte um deputado federal. De fato, ela está longe de naufragar, mas passa por uma experiência dura. No auge da campanha de 2008, quando chegou a ter 39% das intenções de voto contra Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab, Marta era considerada pelos petistas mais eufóricoscomo a sucessora de Lula - já que o presidente ensaiava querer uma mulher para sucedê-lo.

O resultado eleitoral foi um desastre. Marta foi atropelada no segundo turno das eleições por Kassab. Desde então, retornar à cena política tem sido um desafio. O plano traçado era reconquistar o poder reivindicando o retorno ao cargo de ministra do Turismo, o qual exerceu entre 2007 e 2008. Não deu certo.

Sua aspiração ganhou veto do próprio presidente da República. Lula não tinha vagas na Esplanada dos Ministérios para acomodar todos os seus aliados que ficaram sem mandato.

Mesmo que tivesse, a passagem de Marta pela pasta ficou marcada por uma frase infeliz durante a crise aérea de 2007. Em meio a aeroportos lotados, a então ministra disse que a solução para o caos iria demorar e aconselhou os passageiros amontoados: "Relaxa e goza."

Bombeira Em fevereiro, sarau de Marta recebeu Palocci e outras lideranças, apagou incêndio no PT e ajudou candidatura da ministra Dilma

Astuto na diplomacia partidária, Lula logo encontrou uma solução para petistas sem mandato, como Marta. Emprestou importância a um cargo de embaixadora da campanha de Dilma em São Paulo. Algo quase tão relevante quanto a Embaixada do Gabão. Fez o mesmo com os ex-prefeitos Fernando Pimentel, em Minas Gerais, e João Paulo, em Pernambuco. Lula acreditou em Marta mesmo ciente de que ela está longe de ser uma articuladora política mediana. Na verdade, para nove em cada dez petistas de alto coturno, a ex-ministra mais atrapalha do que ajuda na hora de fechar acordos.

Mas, para surpresa de todos, Marta passou a apostar no sucesso do Gabão. Desde que se tornou "embaixadora", vem ganhando fôlego. Solteira, rica e quase sem compromissos, ela tem canalizado esforços rodando o Estado em caravanas petistas, ampliando seu poder interno no partido. "Ela veio para dentro do PT, como nunca tinha feito na sua vida", diz um dirigente partidário. O fato é que a ex-prefeita está diante de uma encruzilhada política que poderá selar seu destino para voltar aos palcos da política com maestria ou cair definitivamente num inferno, em 2010. Dentre as possibilidades, no PT, há quem diga que Marta quer ser a alternativa à candidatura a governador do ex-ministro Antônio Palocci, caso ele não seja absolvido pelo Supremo Tribunal Federal da acusação de quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Essa é uma posição oposta aos desejos da ex-ministra. Entre os mais próximos, Marta tem dito que a proposta de uma disputa a um cargo majoritário está longe de ser verdade.

"Ela não quer nem ouvir falar nisso", garante um dirigente do PT. Segundo ele, Marta sabe muito bem que uma nova derrota nas eleições poderá lhe custar muito mais caro que derrapadas eleitorais anteriores. Um passo em falso neste momento poderá sepultar de vez sua carreira política. Nos bastidores, comenta-se que o próprio presidente da República teria dito a Marta que ele já liquidou, no ano passado, a fatura da dívida política do apoio a sua reeleição. "Daqui para a frente você caminha com suas próprias pernas. Fiz o que pude", teria dito Lula.

Esse é o dilema de Marta: a ex-prefeita sabe muito bem do páreo duríssimo que terá de enfrentar caso entre na corrida ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo. Na atual conjuntura política, nem mesmo o maior dos aloprados acreditaria em triunfo petista. O cenário é simples: com Geraldo Alckmin no páreo, com o apoio de Serra e 19 partidos, os tucanos são quase imbatíveis. "O mais importante para o PT é criar um ambiente de mobilização entre os militantes, os nomes serão colocados num segundo momento", diz Edinho Silva.

Não é bem assim. Os nomes já estão colocados. O PT mudou e, agora, os concorrentes não são mais escolhidos pelo voto, mas pelo "dedo de Lula".

Caso este não aponte o candidato, outros nomes já estão postos e com o risco de se ter prévias. É o caso da candidatura do ex-presidente da Câmara dos Deputados Arlindo Chinaglia e do prefeito de Osasco, Emídio de Souza.

Existe um racha aí. Internamente - leiase Marta e Mercadante - o nome de Chinaglia é vetado para a disputa por uma simples questão: a eleição de 2010 será o laboratório para 2012. Diante disso e de olho na vaga de Kassab, Marta e Mercadante não querem anabolizar a campanha de um possível concorrente. Mesmo derrotado Chinaglia, que é um parlamentar da capital, poderia sair das urnas com mais de 20% dos votos, o que não é de todo ruim.

Hoje, a certeza entre os petistas é que Marta sairá candidata a deputada federal. Nessa hipótese, calcula-se que ela chegaria a Brasília com um caminhão de votos que lhe credenciaria para retomar grandes espaços políticos - por exemplo, um bom ministério. A dificuldade é atravessar os 16 meses até a eleição com alguma notoriedade política. Por enquanto, a estratégia principal tem sido os saraus.



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