Após analisar gastos das empresas, GDF garante: bilhetes de ônibus não terão reajuste. Enquanto isso, patrões honram compromisso com os rodoviários e possibilidade de greve é afastada Daniel Ferreira/CB/D.A Press | | Com o pagamento dos 40% do salário e os R$ 112 da cesta básica, rodoviários trabalharam normalmente, ontem, e usuários de transporte coletivo não enfrentaram problemas nas paradas | | O Governo do Distrito Federal anunciou ontem que não haverá reajuste de passagem. A decisão foi tomada depois de auditoria realizada nas planilhas de custos do transporte coletivo do Distrito Federal. Os formulários foram cedidos pelos próprios empresários de ônibus. A análise, que durou 29 dias, foi feita por auditores e especialistas do GDF com apoio de técnicos da Secretaria de Transporte de São Paulo. Os detalhes do trabalho serão apresentados pelo governador Rogério Rosso na segunda-feira. O aumento era dado como certo pelos empresários. Eles alegam operar com deficit de 28%, uma vez que não há reajuste de tarifa há quatro anos e meio. O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do DF (Setransp-DF) disse que não irá se pronunciar enquanto não tiver mais informações sobre a conclusão da auditoria.
Apesar do anúncio, não há iminência de greve dos rodoviários, pelo menos por enquanto. Ontem, com três dias de atraso, os empresários da Viplan, da Planeta e da Riacho Grande depositaram na conta dos 8 mil rodoviários os 40% do adiantamento do salário e os R$ 112 da cesta básica, que deveriam ser pagos no último dia 20. Com isso, os motoristas e cobradores afastam a possibilidade de greve. A assembleia marcada para amanhã foi cancelada.
De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do DF (Setransp-DF), os patrões conseguiram honrar os compromissos trabalhistas com empréstimos nos bancos, uma vez que eles declaram estar no vermelho. No entanto, já deixaram a entender que não terão dinheiro para pagar o restante (60%) do salário dos trabalhadores, no próximo dia 5. “Ficaremos no aguardo dos novos fatos. Por enquanto, a possibilidade de greve está descartada”, afirmou o presidente do Sindicato dos Rodoviários, João Osório.
Trégua O atraso de parte do salário dos rodoviários resultou em protestos de uma parcela da categoria. Durante três dias consecutivos, os empregados realizaram paralisações relâmpago nos horários de pico, o que prejudicou muito a população — os grupos Viplan e Planeta são responsáveis por cerca de 65% do sistema de transporte público do DF.
Ontem, antes de saber do depósito, os rodoviários já haviam decidido dar uma trégua ao movimento e aguardar o desenrolar dos fatos. Os primeiros ônibus saíram da garagem pontualmente às 4h30. E a normalidade continuou durante o dia. Assim, o usuário do transporte coletivo não enfrentou problemas ontem. “Hoje (ontem) eu consegui chegar na escola onde trabalho no Gama, mas na quarta-feira faltei por causa da greve. Cada dia é de um jeito, a gente fica à mercê do sistema”, desabafa o auxiliar de ensino José Coleta de Medeiros, 57 anos, morador de Samambaia Norte. A doméstica Rosa Pacheco, 30 anos, também não teve dificuldade para usar o transporte coletivo. “Quando tem greve é difícil. É preciso ir atrás de transporte pirata. Mas eu acho justa a causa deles. Trabalhar sem receber não dá”, argumentou a moradora do Paranoá.
1 - Reajuste de 42,5% Os empresários alegam que há quatro anos e meio o valor da passagem de ônibus não é corrigido. O presidente do Setransp-DF, Wagner Canhedo Filho, já declarou que seria preciso um reajuste de 42,5% para cobrir o deficit (28%) e o reajuste de 9% concedido aos trabalhadores em junho. O custo médio da passagem no DF é de R$ 2,50. O sistema de transporte coletivo recolhe mensalmente R$ 60 milhões. Eu acho... “Essa situação é absurda. O GDF tirou as vans das ruas e os 45 mil usuários das lotações passaram a andar de ônibus. Para onde foi esse dinheiro? Só nós sabemos o quanto entra todos os dias nas viagens que fazemos. A população tem que saber que quem está no vermelho somos nós, os rodoviários, com contas atrasadas para pagar.”
João Rodrigues da Silva, 43 anos, motorista e morador de São Sebastião R$ 4 milhões para recarga Mariana Moreira Carlos Moura/CB/D.A Press | | O movimento nos postos da Fácil tem sido intenso nos últimos dias e deve aumentar com o retorno às aulas | | Para garantir a continuidade da recarga de cartões, a Empresa de Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) repassou mais R$ 4 milhões à empresa administradora do benefício, a Fácil. O dinheiro é parte do crédito suplementar aprovado pela Câmara Legislativa do DF e liberado pelo governador Rogério Rosso para abastecer o sistema. Os postos de funcionamento — localizados no Setor Comercial Sul, em Sobradinho, Taguatinga e no Gama — estarão abertos hoje, das 8h às 17h, e terão funcionamento ampliado na próxima semana. Entre segunda e sexta-feira, o reabastecimento de cartões poderá ser feito das 8h às 18h. O posto localizado no Conic, destinado à retirada de cartões e questões administrativas, também fará a recarga, mas apenas durante o dia de hoje.
O movimento nas agências de atendimento tem sido intenso e, como as aulas da rede pública serão retomadas nesta segunda-feira, a procura pelo serviço deve aumentar ainda mais. Até a última quinta-feira, 31.093 alunos haviam feito a recarga, mas 132 mil ainda estavam sem créditos atualizados no cartão do benefício. Somente ontem, foram 7.125 cartões recarregados, o que representa um valor de R$ 562.470,00. O GDF decidiu liberar o dinheiro em parcelas variáveis, de acordo com a necessidade da empresa. Desde a liberação dos R$ 20 milhões, o DFTrans já havia repassado R$ 3 milhões para a Fácil, no início desta semana. O governo ainda conta com R$ 13 milhões em caixa para investir na gratuidade de passagens dos estudantes.
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