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Como é? Ahmadinejad quer uma nova ordem mundial e acredita que o Conselho de Segurança da ONU já não reflete mais a realidade do pós-guerra? Esperem! Eu já li/ouvi esse discurso. Já sei: é de Luiz Inácio Lula da Silva. Sem tirar nem pôr. Vertidas numa e noutra línguas, até as palavras seriam as mesmas, não fossem os mesmos os dons do pensamento.
As coisas começam a ficar mais claras — ou melhor: começam a se revelar o que sempre foram: o Brasil se uniu ao Irã para defender uma “nova ordem mundial”. Nessa perspectiva, é difícil saber quem está usando quem para o quê. Ou melhor: é fácil. Trata-se de uma relação que a biologia define como mutualismo: é boa para os dois, como aqueles passarinhos que comem os vermes incrustados no couro de bois e búfalos. A coisa é boa para os dois lados. Os bichos se livram dos parasitas, e as aves enchem a pança.
Lula está tentando lavar a reputação de Ahmadinejad, dando-lhe, na prática, tempo para decidir que rumo dar a seu programa nuclear. E o Irã decide fazer parte da arena global no vácuo do discurso lulista, tentando caracterizar não uma rebeldia — ou um comportamento delinqüente —, mas um novo olhar.
A Lula, interessa que Ahmadinejad proclame aos quatro cantos que o brasileiro, sim, é que sabe negociar. Ao iraniano, interessa o endosso do brasileiro a seu programa nuclear “pacífico”. Até porque, dado o acordo, o Irã continua livre para fazer o que bem entende.