Segundo governo, objetivo é evitar que motoristas se assustem com trepidação na estrutura de 1.755 metros sobre a Represa Billings
O tráfego sobre a maior ponte do Trecho Sul do Rodoanel - a que tem 1.755 metros de extensão e 16 de largura sobre a Represa Billings, na divisa entre São Bernardo do Campo e São Paulo - será fechado sempre que forem detectadas rajadas de vento transversal superiores a 50 km/h.
Com ventanias menos fortes, entre 19 km/h e 26 km/h, haverá operação comboio ou redução de velocidade de trânsito. A decisão é da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), empresa ligada ao governo do Estado, que administra a estrada.
Segundo o engenheiro civil e consultor Anivaldo dos Anjos Filho, não há riscos à segurança, mas o objetivo é evitar incômodos, já que a ventania é capaz de balançar - sem danificar - a ponte. "Não tem problema de tombar um carro, mas causa certo desconforto ao motorista."
A ponte sobre a Billings é sustentada por 42 pilares de concreto cravados no solo debaixo da água. Construídos a cada 110 metros, medem de 20 a 50 metros de comprimento e têm 8 de diâmetro. A medição caberá à Polícia Militar Rodoviária e será feita com um anemômetro - aparelho que monitora direção e velocidade dos ventos. Sempre que necessário, painéis ao longo da rodovia mostrarão avisos do tipo: "Caso o sistema registre velocidade do vento acima do normal, por medida de segurança, a Polícia Rodoviária intensifica o monitoramento de tráfego na ponte, com a redução da velocidade nas proximidades, até que as condições voltem à normalidade".
Rio-Niterói. Com 13 quilômetros de extensão, a Ponte Rio-Niterói sofreu até 2003 com interrupções no trecho sobre a Baía de Guanabara quando os ventos atingiam 60 km/h. Mas há sete anos foi instalado no local um sistema de caixões metálicos chamado de Atenuadores Dinâmicos Sincronizados (ADS). Desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e composto por 32 conjuntos de molas e contrapesos em aço de 120 mil quilos, consegue reduzir a frequência de oscilação da estrutura. A partir daí, os bloqueios não foram mais necessários.
E por que um sistema do tipo não foi usado no Rodoanel? Procurada ontem no fim da tarde, a Dersa não explicou.
Nathan Leventhal, conselheiro do Instituto de Engenharia, diz que projetos como o Rodoanel sempre devem levar em conta o vento. "Existem dispositivos capazes de evitar a oscilação das pistas", diz.
Ponte do Rodoanel sobre a Billings fica entre as maiores da América Latina
A ponte, que passará sobre a represa Billings, faz parte das obras do Trecho Sul do Rodoanel, terá quase dois quilômetros de extensão e 14 metros de altura. Para a travessia do braço principal da represa estão sendo construídas duas pontes, denominadas pista externa e pista interna, com três faixas de rolamento cada e 32 pilares.
Para não causar impacto sobre o meio ambiente, os engenheiros estão utilizando métodos diferenciados para fixar os pilares de sustentação. As estacas que fazem parte da estrutura são cravadas no solo com um martelo hidráulico para evitar a escavação. Esse método evita que o lodo (contaminado com metais pesados como chumbo, bário e cromo, provenientes do rio Pinheiros e depositados na base da represa) polua ainda mais as águas da Billings. As estacas têm um diâmetro de 80 centímetros e uma altura entre 30 e 50 metros, dependendo da profundidade da represa.
A escolha do traçado foi o mais adequado possível para a construção de estrada e respeitando a Mata Atlântica. A ponte é um elemento de transposição da represa Billings e será uma obra de arte grandiosa, valorizando o Rodoanel, diz William Leite, engenheiro responsável pelo lote 3 da obra, localizado em São Bernardo.
Esta semana o secretário estadual dos Transportes, Mauro Arce, disse ao REPÓRTER que pela extensão e a complexidade da obra, ela deve ser um dos últimos detalhes a serem construídos do trecho Sul do Rodoanel.São quase dois quilômetros de extensão, é muita coisa, disseram que podiam entregar antes, mas a segunda etapa da ponte não fica pronta antes de novembro, avaliou. O prazo para a entrega do trecho Sul é março de 2010.
Para o deputado estadual, Orlando Morando (PSDB) que esteve esta semana com Arce, são indiscutíveis os benefícios que o Rodoanel trará para toda a região metropolitana.Estamos próximos ao Porto de Santos, é inadimissível que todo o transporte de carga passe por dentro das cidades. O Rodoanel é a maior obra pública em andamento no país, em termos de investimentos ela supera até a transposição do Rio São Francisco. Por isso, como membro da Comissão de Transportes da Assembléia, tenho cobrado a responsabilidade com a obra. Existe também a possibilidade muito grande da obra ser adiantada, avaliou.
O trecho Sul do Rodoanel terá 61,4 quilômetros de extensão, passando pelos municípios de Embu, Itapecerica da Serra, São Paulo, São Bernardo, Santo André, Ribeirão Pires e Mauá. Interligará as rodovias Anchieta, Imigrantes que, somadas as interligadas pelo trecho Oeste (Régis Bittencourt, Raposo Tavares, Castello Branco, Bandeirantes, Anhanguera), perfazem um total de 7 das 10 rodovias que chegam a São Paulo.
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