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domingo, 7 de março de 2010

Tesoureiro do PT tem quebra de sigilo pedida









MP ‘aperta’ tesoureiro do PT

Pedida quebra de sigilo de Vaccari, acusado de desvio de dinheiro da cooperativa para caixa 2 de campanha

O Ministério Público Estadual requereu à Justiça a quebra do sigilo bancário e fiscal do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, ex-presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). Segundo o promotor José Carlos Blat, que investiga suposto desvio de recursos da Bancoop, Vaccari é responsável por “gestão fraudulenta” da entidade e teria integrado suposta quadrilha para enriquecimento ilícito, prática de apropriação indébita de valores de cooperados, estelionato, lavagem de dinheiro e caixa dois de campanhas do PT.

Por meio de seu advogado, Pedro Dallari, a Bancoop negou irregularidades. Dallari disse ver “interesse eleitoral” na divulgação do caso às vésperas de possível instalação de uma CPI da Bancoop, requerida pelo PSDB na Assembleia Legislativa. O comando do PT suspeita que está diante de uma tentativa de atingir a ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do partido à sucessão do presidente Lula em outubro.

“Os dirigentes da Bancoop sangraram os cofres da cooperativa em benefício próprio e também para fomentar campanhas políticas do PT”, afirma o promotor. Ele apurou que, entre 2005 e 2006, a Bancoop repassou 11 cheques no valor global de R$ 1,5 milhão para a Caso, empresa de segurança de Freud Godoy, protagonista da venda de um dossiê com informações falsas contra tucanos. “Uma cooperativa quase à bancarrota, que não consegue cumprir seus compromissos financeiros e pede dinheiro emprestado até para fundos, mas em contrapartida paga fortuna à uma firma de segurança reforça as evidências de fraude.”

‘Organização criminosa’

Blat entregou à Procuradoria Regional Eleitoral cópias de extratos bancários relativos à devassa financeira na cooperativa. O promotor diz que a Bancoop é “organização criminosa”. Ele pediu o bloqueio de contas da Bancoop e acesso também aos dados de Ana Maria Érnica e Tomás Edson Botelho Fraga, ex-diretores da cooperativa. Quer, ainda, que a Polícia tome depoimento de Vaccari para, depois, oferecer denúncia criminal contra o grupo. “Foram milhares de movimentações financeiras fraudulentas.”

O rastreamento das contas de Vaccari é relativo ao período em que ele exerceu as funções de diretor administrativo financeiro da Bancoop, entre 2003 e 2004, e se estende ao tempo em que presidiu a cooperativa, de novembro de 2004 até fevereiro de 2010.

“Os membros que figuraram e figuram na direção, contrariando os interesses dos cooperados e da própria cooperativa, figuram como sócios cotistas de empresas que prestam serviços como empreiteiras e fornecem matéria prima para empreendimentos imobiliários, com proveito econômico próprio, com efetiva finalidade lucrativa”, informa o promotor.

Blat anota que “a triangulação fraudulenta entre a Bancoop e as empresas que pertenciam a dirigentes da cooperativa” pode ser detectada na doação de campanha para o Comitê Financeiro do PT feita pela Germany Construtora e Incorporadora no valor de R$ 60 mil, segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral.

Segundo o promotor, a doação da Germany para o PT “tem apenas aparência lícita, pois, na verdade foi uma forma fraudulenta de burlar a legislação eleitoral que os dirigentes da Bancoop, que pertencem a referido partido político, encontraram para beneficiar candidatos”.

Blat sustenta que a Bancoop, a partir de 2001 até 2008, recebeu recursos dos cooperados, fundos de pensão e empréstimos captados do Sindicato dos Bancários. “Muitos cooperados sequer tiveram suas unidades entregues pelo evidente desvio de recursos para abastecer caixa dois de dirigentes da Bancoop e para fomentar campanhas eleitorais do PT.”

“Vislumbra-se que a cooperativa emitia cheques valendo-se do expediente de saques na boca do caixa sem indicar o destinatário e tampouco constando a identificação dos portadores dos aludidos cheques em valores que superam a cifra de R$ 18 milhões”, conclui o promotor.

Entenda o caso

A Cooperativa Habitacional do Sindicato dos Bancários (Bancoop) foi criada em 1996 pelo então presidente do sindicato, Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT, para construção de moradias

Em 2006, JT relata que o Ministério Público Estadual denunciou irregularidades na Bancoop

Em 2007, jornal noticia que foi aberto inquérito criminal para
apurar denúncia de fraudes,
superfaturamento de obras, apropriação indébita, desvio de verba e formação de quadrilha

Em março de 2008, a Procuradoria Regional Eleitoral recebeu cópia de documentos que indicariam o uso da Bancoop para alimentar caixa 2 eleitoral do PT

Em junho de 2008, Hélio Malheiro, irmão de Luís Eduardo Saeger Malheiro, ex-presidente da Bancoop - morto em 2004 -, afirmou ao MP que recursos desviados da cooperativa teriam financiado caixa 2 para a campanha do presidente Lula em 2002. À época, o MP acusou a Bancoop de ser uma “organização criminosa”







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