10 de março de 2010 • 17h12 • atualizado às 17h16
O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), integrante da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, protocolou nesta quarta-feira no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória da presidência da República, carta em repúdio à postura do Brasil e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da situação dos presos políticos em Cuba. O presidente, que visitou Fidel e Raúl Castro há duas semanas, tem sido condenado pela comunidade internacional por não fazer críticas ao regime político na ilha e à prisão de 75 presos de consciência.
Lula desembarcou em Havana, capital cubana, horas depois da morte do preso Orlando Zapata Tamayo, que protestava há mais de 80 dias com uma greve de fome contra a suposta arbitrariedade de sua prisão. Na ocasião, o presidente chegou a ironizar o pedido dos opositores do regime dos Castro.
"É alguém que morreu porque decidiu fazer uma greve de fome que vocês sabem que eu sou contra. Se as pessoas (que pediam por ajuda) procurassem a embaixada brasileira, se tentassem entrar em contato comigo, eu jamais deixaria de atendê-lo. O que não posso é chegar em um país me deparar com um artigo de pessoas que dizem que falaram comigo quando não falaram. Não é o jeito correto de pedir solidariedade", disse Lula em Cuba.
Ao formalizar a entrega de sua própria carta e do documento dos dissidentes cubanos que Lula disse não ter recebido, o deputado Raul Jungmann justificou sua atitude como um gesto "para que não tenha um preso de consciência que tenha de fazer greve de fome e até morrer para ter seus direitos respeitados, direitos que são universais".
Nesta terça, o presidente Lula voltou a comentar o assunto e chegou a comparar os presos políticos a "bandidos de São Paulo". "Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos. A greve de fome não pode ser um pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imaginem se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade", disse em entrevista à agência Associated Press.
"O presidente nivelou homens como Miguel Arraes, Luiz Carlos Prestes, ele próprio e a ministra Dilma, que foram presos políticos, a sequestradores, assassinos, estupradores que estão presos nas unidades prisionais no Brasil. Nada uma coisa tem a ver com outra. Quem defende direitos humanos denuncia a situação das cadeias no Brasil, mas denuncia também a situação dos presos políticos em Cuba", afirmou o deputado. "O presidente não pode dizer que desconhece mais que existem presos de consciência em Cuba em condições subumanas", concluiu o parlamentar.
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