Diego Salmen
O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, negou nesta terça-feira, 23, ter feito lobby para o empresário Nelson dos Santos. Segundo reportagem publicada hoje pela Folha de S. Paulo, Santos pode receber até R$ 200 milhões da Eletronet após ter comprado 49% da participação acionária da empresa por apenas R$ 1 em 2005.
A aquisição acionária foi realizada por Santos em 2005, por meio de uma companhia "offshore" sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal localizado no Caribe. Entre 2007 e 2009, de acordo com a Folha, Dirceu recebeu pelo menos R$ 620 mil da Eletronet, umas das principais beneficárias da reativação da Telebrás prometida pelo governo federal.
Para implementar o Plano Nacional de Banda Larga, o governo pretende usar a rede de fibra ótica da Eletronet, que conta com mais de 16 mil quilômetros de extensão.
Em seu blog, Dirceu reconhece ter prestados serviços de consultoria à Nelson dos Santos, mas rechaça a suspeita de que tenha intercedido pelo empresário junto ao governo federal na disputa envolvendo os ativos da Eletronet.
"Uma disputa, repito, judicial, sobre a qual nem eu, nem qualquer cidadão tem condições de interferir", afirma. O ex-ministro ainda critica o jornal paulista por ter publicado reportagem "sob encomenda" para "levantar suspeitas" sobre sua participação na luta pelo controle do ativo da empresa.
"(a Folha) Me acusa de estar por trás da criação da Telebrás e, pior, favorecendo uma empresa privada para a qual dei consultoria legal e registrada em contrato. Saí do governo há quase cinco anos", rebate. "Não tenho impedimento para dar consultorias e não há nada que me ligue a qualquer intervenção ou ação do Executivo federal".
José Dirceu teria sido contratado por parceira da nova Telebrás
O ex-ministro José Dirceu teria recebido mais de R$ 600 mil do grupo Star Overseas Ventures, dono de uma das empresas que fornecerão a estrutura de fibras óticas da nova Telebrás, segundo o jornal Folha de S.Paulo. Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a estatal Telebrás, responsável pela telefonia pública no Brasil, será reativada para um grande projeto de banda larga no País. Nesse projeto, as redes de transmissão da Eletronet serão utilizadas, segundo afirmou o ministro do Planejamento Paulo Bernardo na última sexta.
De acordo com a reportagem, o dinheiro foi pago a Dirceu pelo empresário Nelson dos Santos, dono do grupo Star Overseas, que contratou o ex-ministro entre 2007 e 2009. Nelson teria comprado a empresa Eletronet, falida em 2003, por apenas R$ 1 em 2005. A empresa teria uma rede de 16 mil km em cabos de fibra ótica, mas as dívidas alcançavam R$ 800 milhões. A contratação de José Dirceu por Santos teria ocorrido logo antes das decisões de reativar a Eletronet, com o governo bancando o resgate da rede sem a necessidade da contrapartida do empresário, segundo o jornal. Nelson dos Santos negou à reportagem relação entre a contratação de Dirceu e um possível lobby quanto à participação da Eletronet na nova Telebrás.
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