Sexta-Feira, 25 de Setembro de 2009 | Versão Impressa
Cate Hankins: chefe do Departamento Científico da Unaids; pesquisadora demonstra entusiasmo com o resultado, mas avisa que será difícil aumentar a capacidade da vacina
Jamil Chade, GENEBRA
Essa é a avaliação de Cate Hankins, a chefe do Departamento Científico da Unaids, agência das Nações Unidas (ONU) que trabalhou no projeto por quase duas décadas. Em entrevista ao Estado, a especialista não esconde seu entusiasmo.
Qual é a importância dessa descoberta?
Podemos dizer com toda confiança de que se trata da melhor notícia desde o início da doença, há 25 anos. Estamos muito entusiasmados. É uma grande notícia. Curiosamente, a realidade é que o avanço em comparação a outras doenças é apenas modesto. Mas, no combate à aids, é um enorme passo.
De que forma a Unaids atuou no projeto?
Começamos a apoiar esse projeto em 1991, com uma cooperação com o governo da Tailândia. Vários testes foram realizados ao longo dos anos e estabelecemos os protocolos dos exames. Mas tivemos péssimos resultados em muitos deles. Agora, temos um resultado positivo.
Qual é a garantia de que a vacina funcione no Brasil ou na América Latina?
Nenhuma. A vacina foi produzida para a população tailandesa. É verdade que uma das vacinas é feita com o subtipo B do HIV, que também é o predominante na América Latina e no Brasil. Isso é um aspecto que pode dar alguma esperança. Mas isso não significa que a fórmula funcionará na região. Tudo isso teria de ser testado em outras regiões.
E o que deve ocorrer a partir de agora?
Temos de trabalhar muito ainda para aumentar a capacidade de imunização dessa vacina. Esse será o grande desafio.
Quanto tempo levará?
Não temos a menor ideia. Podemos precisar de anos ainda para termos uma vacina que possa chegar ao mercado. Mas provamos, finalmente, que podemos seguir o caminho também da criação de uma proteção imunológica, que era algo que muitas pessoas ainda duvidavam.
Como a comunidade científica e agências especializadas precisarão atuar a partir de agora?
O trabalho não terminou. Nós estamos ainda no começo do processo. Não podemos nos esquecer de que não existe ainda uma proteção contra a aids.Por isso, nós ainda precisamos continuar com todos os programas de prevenção, distribuição de preservativos, acesso a remédios e todos os projetos que existiam antes. Não podemos baixar a guarda por causa dessa notícia. Pode ser muito perigoso reduzir a atenção nesse caso.
Quem é: Cate Hankins
Chefe do Departamento
Científico da Unaids, agência da ONU para o combate à doença
Formou-se em Medicina pela Universidade de Calgary (Canadá) e em Medicina Comunitária pela Escola de Higiene e Medicina Tropical
de Londres
Palácio do Congresso Nacional - Praça dos Três Poderes
Brasília - DF - CEP 70160-900 - CNPJ 00.530.352/0001-59
Fale com o Ministério
disque saúde 0800 61 1997
Ministério da Saúde - Esplanada dos Ministérios - Bloco G - Brasilia / DF
CEP: 70058-900 Sphere: Related Content